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Postado às 11h33 | 11 Dez 2016 | Cesar Santos Silveira Júnior, de 68 mil votos para o caos polí­tico-administrativo

Prefeito entra para a história de pior gestor de Mossoró

Crédito da foto: Arquivo/Jornal de Fato Silveira desceu ao menor degrau da popularidade e perdeu a parceria polí­tica com o governador Rob

Edilson Damasceno - Da Redação Jornal de Fato

A expressão fim de governo traz o sentido de que algo não está bom ou que, realmente, a coisa está no fim. Em Mossoró, por incrível que pareça, o fim não é agora e foi iniciado algum tempo passado. Especificamente ainda em 2013, quando houve a cassação da então prefeita eleita e a Justiça Eleitoral determinou que novas eleições fossem realizadas. A partir daquele momento, a frase que inicia este conteudo se fez presente de maneira surpreendente, a ponto de gerar expectativa negativa na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte e a provocar instabilidade política e administrativa. Isso até maio de 2014, quando, efetivamente, novo pleito foi realizado e o eleito foi o prefeito interino, o então presidente da Câmara Municipal, Silveira Júnior (PSD), com curiosos 68.915 votos.

O que se vê agora, passado esse tempo – de maio de 2015 até agora -, é que se vendeu “gato por lebre”, seja pelo fator político ou por questões econômicas. É bem verdade que a crise financeira que assola os Municípios brasileiros está sendo responsável pelo fim da carreira política de muitos gestores. Mas também é verdade que, com a incapacidade administrativa de muitos, algumas cidades estão em um verdadeiro caos.

Em Mossoró, apesar das promessas de que a coisa seria diferente, o prefeito Silveira Júnior não conseguiu emplacar um ritmo próprio de governo. Aliás, não teve nenhuma marca específica. E a que existiu foi bem negativa, por sinal. Exemplo dessa afirmação está no anúncio feito pelo prefeito de que iria construir o Complexo Turístico de Santa Luzia. Desde 2015 que tal ideia existe. Foi afirmado que em 2016, em janeiro, as obras já teriam começado. O ano está chegando ao fim, assim como a administração de Silveira, e nenhum tijolo foi assentado.

Antes disso, outros fatores proporcionaram o declínio administrativo: o uso da logomarca da Prefeitura de Mossoró em caixões destinados às famílias de baixa renda e a distribuição de kit de limpeza no Dia das Mães. Outros percalços, contudo, foram fundamentais para a queda da aceitação popular da atual gestão.

O prefeito Silveira Júnior saiu do patamar de quase 70 mil votos, obtidos nas eleições suplementares de 2014, para o ostracismo popular em 2016. Ele até tentou emplacar candidatura à reeleição, mas o resultado de meses passados não garantiu a sequência de seu projeto e ele acabou desistindo da disputa. As pesquisas que foram divulgadas mostravam que Silveira ficaria na quarta colocação. E não deu outra: Silveira não resistiu à pressão que vinha das ruas e desistiu, pondo fim a uma ascensão meteórica que chegou a ser apontada como o surgimento de uma nova liderança política em Mossoró. Não vingou. Definitivamente, 2016 será o ano que Silveira Júnior deverá esquecer.

PSD deixa de ser referência

A derrocada do prefeito Silveira Júnior não foi solitária. Ele, presidente local do PSD, acabou levando consigo o partido. Evidentemente que a legenda terá representatividade na Câmara Municipal, com a eleição de três vereadores em outubro passado: Maria das Malhas, Emílio de Dr. Ferreira e Tony Cabelos. Evidentemente que partidos aliados de Silveira elegeram, igualmente, seus representantes ao Legislativo. Mas o que voga, na análise política, é o partido em si. E o PSD, apesar de aumentar sua bancada, perdeu. Sim, porque o prefeito não se reelegeu e o presidente da Câmara Municipal, Jório Nogueira, foi rejeitado pelas urnas.

Em um estado governado pelo PSD, no caso Robinson Faria, eleito em 2014, o partido perder na segunda maior cidade a sua representação no Executivo é fator para se vislumbrar a possibilidade de que a legenda deverá repensar o seu futuro, ainda mais quando o presidente da Câmara Municipal também tem insucesso nas urnas.

A partir de janeiro é que se poderá vislumbrar algum futuro para o PSD mossoroense. Não se sabe se Silveira continuará no comando da legenda ou se Jório Nogueira permanecerá. O que se sabe é que a sigla deverá passar por um processo de introspecção. Até porque precisará, principalmente o governador Robinson Faria, rever alguns conceitos políticos. É que em 2018, como sempre ocorre em pleitos estaduais, Mossoró deverá ter papel considerável. E é aí que entra o PSD: se continuar do jeito que está, pouco acrescentará.

Além disso, Robinson Faria precisará dar uma oxigenada para voltar a ficar em alta junto ao eleitorado mossoroense. Na campanha deste ano, o governador não esteve por estas bandas e se especulou que ele iria, a partir do ano que vem, repensar o leque de aliança na segunda maior cidade potiguar. Até porque não faz sentido Robinson seguir com Silveira, tampouco com Jório Nogueira.

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