Edilson Damasceno/Da Redação
As vaias que o senador Garibaldi Filho (PMDB) levou em Mossoró na noite da última sexta-feira, 30, quando veio prestigiar o espetáculo “Chuva de Bala no país de Mossoró”, bem como outros projetos do Cidade Junina, são apenas um reflexo da posição política que ele segue: de apoio ao presidente Michel Temer (PMDB), que enfrenta sérias acusações de corrupção, de usar o cargo que ocupa em benefício próprio. Mas, Garibaldi não tem com o que se preocupar. Não agora. Apesar de que as vaias são indícios fortes de rejeição às suas atitudes no momento e que podem continuar com rejeição nas urnas no ano que vem, caso ele resolva ir para a reeleição ou disputar outro cargo eletivo.
Aliás, a base governista (do presidente Temer) está mesmo bichada. A começar pelo próprio presidente, que não consegue mais transmitir à nação outra preocupação que não seja a de querer, a todo custo, permanecer no cargo. E, se depender do que se projeta no Congresso Nacional, Temer deverá concluir o mandato. E não apenas isso: vai concretizar todas as reformas que tem defendido. Especificamente a Trabalhista e a Previdenciária. Embora que, para isso, tenha de sacrificar a própria base.
Veja só o que acontece no Rio Grande do Norte: aqui tem dois senadores que apoiam o governo Temer: José Agripino Maia, presidente nacional do Democratas, e Garibaldi Alves Filho. A exemplo deles, outros congressistas estão na claque de suporte ao presidente: Walter Alves (PMDB), Felipe Maia (DEM), Rogério Marinho (PSDB), Fábio Faria (PSD) e Beto Rosado (PP). Três não estariam no rol dos apoiadores de Temer. São eles: Antônio Jácome (PMN), Rafael Mota (PSB) e Zenaide Maia (PR). Do Senado, apenas a senadora Fátima Bezerra, por razões políticas bem evidentes, não segue a claque governista. Ela é do PT.
Em mais um vídeo, o presidente Michel Temer usa o artifício da reforma trabalhista para tentar aumentar sua popularidade. Se é que seria possível. E afirmou que o país não vai parar. E talvez não pare. Mas o que tende a sofrer um break é justamente onde Temer mais precisa de apoio: na Câmara Federal e no Senado. Daí, ser perfeitamente compreensível o fato de o senador peemedebista Garibaldi Filho ter sido vaiado na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. Logo ele, o campeão de votos nas eleições de 2014.
Aliado à negatividade que vem de Michel Temer, o PMDB – partido de Temer e de Garibaldi – sofre pelas tabelas no Rio Grande do Norte. A prisão do ex-ministro, ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves quebrou o elo que existia entre a legenda e boa parte do eleitorado, visto que hoje não tem mais a história dos antigos bacuraus. Os tempos são outros, até porque se não fossem, ninguém acreditaria ou imaginaria que, um dia, o filho do ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves seria preso. E foi. E justamente por algo que o PMDB tanto combatia: corrupção.
Daí se cogitar a possibilidade de que o PMDB, por tudo o que enfrenta no cenário nacional e estadual, está prestes a sucumbir e que não teria como ir às ruas defender algum nome justamente em razão das acusações que pairam sobre seus principais líderes. E, por tabela, atinge quem não é do partido. É o caso do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), que planeja disputar o Governo do Estado. Mas já foi do PMDB e é primo de Henrique Eduardo Alves.
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