Operação Furna da Onça prende 10 deputados estaduais. De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina aos parlamentares a fim de que patrocinassem interesses de grupo criminoso
Do G1 - Rio
O esquema de compra e venda de votos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) movimentou ao menos R$ 54 milhões, segundo informou o superintendente da Polícia Federal, Ricardo Saadi. A declaração foi dada em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), após a deflagração da Operação Furna da Onça, que investiga o que o Ministério Público Federal chama de "mensalinho" da Alerj. Os valores chegavam a R$ 900 mil.
A investida cumpriu, até as 11h, 20 de 22 mandados de prisão - mas três já estavam presos há um ano, quando da Operação Cadeia Velha. Dos demais 17, dez são deputados estaduais, cinco deles reeleitos.
Também foi alvo da operação o secretário estadual de Governo, Affonso Monnerat, apontado como o canal entre Alerj e Palácio Guanabara - o governador, Luiz Fernando Pezão, não é investigado.
Estão foragidos o presidente do Detran, Leonardo Jacob, e seu antecessor, Vinícius Farah, em cujas gestões, segundo a força-tarefa, lotearam-se cargos como parte das vantagens indevidas.
Houve ainda 47 mandados de busca e apreensão - um foi na Alerj, no prédio anexo; outro no Palácio Guanabara, sede do governo estadual.
O nome da operação é referência a uma sala ao lado do plenário da Alerj onde deputados se reúnem para discussões reservadas antes de votações.
Alvos:
PODER EXECUTIVO
Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo, preso nesta quinta;
Leonardo Jacob, presidente do Detran, foragido;
Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal, foragido (defesa diz que ele vai se apresentar).
PODER LEGISLATIVO
André Correa (DEM), deputado estadual reeleito e ex-secretário estadual de Meio Ambiente, preso nesta quinta;
Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito e presidente da escola de samba, preso nesta quinta;
Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito, preso nesta quinta;
Edson Albertassi (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;
Jorge Picciani (MDB), deputado afastado - já em prisão domiciliar;
Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;
Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito, preso nesta quinta;
Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;
Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;
Paulo Melo (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;
ASSESSORES E AUXILIARES
Alcione Chaffin Andrade Fabri, chefe de gabinete e operadora financeira de Marcos Abrahão - presa nesta quinta;
Daniel Marcos Barbiratto de Almeida, enteado e operador financeiro de Luiz Martins - preso nesta quinta;
Jennifer Souza da Silva, empregada do Grupo Facility/Prol, vinculada a Paulo Melo - preso nesta quinta;
Jorge Luis de Oliveira Fernandes, assessor e operador financeiro de Coronel Jairo - preso nesta quinta;
José Antonio Wermelinger Machado, ex-chefe de gabinete e principal operador financeiro de André Corrêa - preso nesta quinta;
Leonardo Mendonça Andrade, assessor e operador financeiro de Marcos Abrahão - preso nesta quinta;
Magno Cezar Motta, assessor e operador financeiro de Paulo Melo - preso nesta quinta;
Shirlei Aparecida Martins Silva, ex-chefe de gabinete de Edson Albertassi e subsecretária dos Programas Sociais da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social - preso nesta quinta.
Carla Adriana Pereira, assessora de registros do Detran – presa nesta quinta.
SOBREPREÇO
De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj. Loteamento de cargos no Detran era outra forma de "agrado".
A força-tarefa afirma que o esquema continuou mesmo após as operações do ano passado, quando Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos.
“Estima-se que o valor desviado e pago em propina seja de, pelo menos, R$ 54,5 milhões, dos quais uma parte foi financiada pelo sobrepreço de alguns contratos”, afirmou Ricardo Saadi, superintendente da Polícia Federal.
Procurador-regional da República, Carlos Aguiar explicou que cargos públicos foram dados como moeda de troca, e citou “propinolândia” na Alerj.
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