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Postado às 10h00 | 06 Jul 2019 | Redação Relator tira da LDO devolução das sobras orçamentárias dos Poderes

Deputado José Dias, relator do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2020 diz, em entrevista ao JORNAL DE FATO, que a questão da devolução de sobras orçamentárias já foi judicializada. O relatório será votado na Comissão de Finanças na segunda

Crédito da foto: Arquivo Deputado José Dias é o relator da LDO 2020

Por Maricélio Almeida/JORNAL DE FATO

Nesta segunda-feira, 8, a Comissão de Finanças e Fiscalização (CFF) da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) se reunirá extraordinariamente para votar o relatório do deputado José Dias (PSDB) ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2020 do Poder Executivo estadual. Em conversa com o JORNAL DE FATO, o parlamentar confirmou a retirada do trecho no qual constava que as sobras financeiras de um ano dos Poderes fossem "abatidas" nos repasses dos anos seguintes.

A determinação estava no parágrafo 7° do artigo 64: “Os superávits financeiros dos Poderes e órgãos autônomos, apurados ao final do exercício, depois de atendidas todas as despesas e subtraídos os saldos financeiros destinados ao pagamento das obrigações transferidas para o exercício seguinte, serão registrados nas contas ‘recursos diferidos por destinação’ e ficarão disponíveis para dedução dos repasses dos duodécimos no exercício seguinte, até sua completa amortização”.

Segundo José Dias, essa é uma questão que já foi, inclusive, judicializada. “A devolução das sobras é uma questão judicializada. Quando Robinson tentou, não conseguiu, então não vejo por que a ‘rainha da Inglaterra Elizabeth I’ conseguirá”, afirmou o relator, comparando a governadora Fátima Bezerra à rainha cuja biografia é marcada pela centralização do poder e pouco apreço ao parlamento.

Ainda segundo José Dias, as sobras orçamentárias de poderes como Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça e Ministério Público são, na verdade, “lenda urbana”. “Isso é lenda urbana, não existe esse saldo. Para começo de conversa, os funcionários da Assembleia que são aposentados ainda não receberam o 13° (pago antecipadamente no mês de junho), não está havendo mais esse saldo, realmente houve saldos no passado, mas existe mais”, enfatizou.

O deputado também justificou que, muitas vezes, a divulgação de informações sobre as sobras do duodécimo é feita de maneira incorreta. “Os saldos do Tribunal de Justiça são de naturezas diversas, têm os saldos orçamentários daquela conta que sai dos cofres do Estado, da arrecadação dos impostos, e tem algo que é um grande problema que um dia acredito que se resolva, tanto no TJRN quanto no MP, que é participação nas custas judiciais nos processos, isso dá um valor razoável, e esse valor estava contabilizado no saldo, e esse valor foi gasto. Esses fundos não são da conta única do Estado”, acrescentou.

José Dias também defendeu que os repasses dos duodécimos têm caído ano a ano. “Nos últimos anos, os orçamentos tanto do Tribunal quanto da AL, um pouco do Ministério Público, estão tendo uma redução, que não é grande, mas uma redução qualquer faz que a situação dos órgãos comece a periclitar; não se pode pensar em resolver um problema destruindo a função do Poder, até porque isso é crime constitucional”, comentou.

Por fim, o deputado revelou que um dos pontos do seu relatório prevê que, a partir do próximo ano, os Poderes que recebem os repasses do Governo do Estado passem a arcar com eventuais aumentos que sejam concedidos aos servidores, no que diz respeito à Previdência e apenas ao valor do reajuste. “Nos aceitamos, está no meu voto, que qualquer aumento que a Assembleia queira dar, TJRN, e os órgãos independentes, como Tribunal de Contas, MPRN, Defensoria Pública, se quiser dar aumento, terão de assumir a previdência relativa ao aumento. É algo que tem que ser progressivo”, concluiu.

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