Deputado federal afirma em entrevista ao "Cafezinho com César Santos" que o seu partido está trabalhando para disputar a Prefeitura de Mossoró com candidatura própria. O parlamentar também comenta sobre a relação de amizade com a prefeita Rosalba
Por Maricelio Almeida/JORNAL DE FATO
O general da Brigada da Reserva do Exército Brasileiro Eliéser Girão Monteiro Filho foi um dos 54 deputados federais eleitos pelo Partido Social Liberal (PSL) em 2018. Apesar de não ser um desconhecido no estado, para muitos sua votação foi surpreendente: 81.640 votos, sendo 7.052 em Mossoró. Natural de Fortaleza (CE), o general começou a ganhar espaço no cenário potiguar em 2014, quando assumiu, a poucos meses do início da Copa do Mundo, que teria jogos realizados em Natal, o lugar do secretário estadual de Segurança Pública, delegado da Polícia Federal Aldair da Rocha.
A parceria com a então governadora Rosalba Ciarlini se repetiu em 2016, quando Eliéser Girão foi convidado para a titularidade da Secretaria de Segurança Pública de Mossoró, função que ocupou até abril de 2018, quando pediu exoneração para disputar um mandato na Câmara Federal. Saiu vitorioso das eleições, apesar de nunca ter disputado um cargo público.
Na última sexta-feira (25), o deputado Girão cumpriu agenda em Mossoró. Na capital do Oeste, o parlamentar marcou presença no Encontro Regional do PSL e, rapidamente, conversou com a reportagem do JORNAL DE FATO. Entre os assuntos abordados, a grave crise que o seu partido atravessa, a não adesão do Governo do Estado ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares e, claro, eleições 2020. Eliéser Girão garantiu que o desejo do PSL é lançar candidatura própria em Mossoró, mas não descartou eventuais alianças e composições. Acompanhe.
DEPUTADO, fale um pouco sobre sua agenda em Mossoró e região neste fim de semana.
UMA agenda extensa. Começamos com uma reunião com o pessoal da Associação Comercial, Federação do Comércio do Rio Grande do Norte, depois fomos visitar o Hospital Maternidade Almeida Castro, que está desenvolvendo junto com a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) um projeto bacana, bastante interessante para nós. Um mandato legislativo a gente faz com legislação, com política e também visitando e inspecionando as instalações. Então, foi uma agenda muito proveitosa. Fomos para Assú, Areia Branca, visitamos o Porto Ilha e depois Natal. Esse é um mandato legislativo que tem procurado dar satisfação ao povo do Rio Grande do Norte.
UMA agenda com espaço também para discussões políticas, como o Encontro Regional do PSL...
COM certeza. Nós precisamos buscar a identidade política, uniformizar o pensamento em torno dessa identidade política que estamos construindo aqui no estado, e com certeza absoluta a região de Mossoró, Oeste e Alto Oeste são muito importantes.
O PSL trabalha para ter candidatura própria em 2020 em Mossoró?
POR enquanto, a sigla é PSL e vamos trabalhar para ter candidatura aqui em Mossoró.
É POSSÍVEL a unificação da oposição na cidade, na visão do senhor?
NA VIDA, a gente tem que construir ideias, em função de pessoas que tenham as mesmas ideias que nós, então acredito que a gente tem construído alguma coisa boa, o resultado das eleições aqui em Mossoró retrata isso, os nossos votos obtidos aqui, e eu acredito que a gente tem sim uma capacidade de fazer uma composição muito forte aqui.
INCLUSIVE, com o Partido dos Trabalhadores?
NÃO digo para você que uniões poderão acontecer, nem que sim, nem que não. Eu só acredito que existem muitas diferenças entre o PSL e o PT, entre a nossa maneira de pensar, não a minha maneira de pensar, mas a maneira de pensar de um grupo de pessoas que acredita num país mais liberal, conservador, e não é isso que a gente tem do lado do PT.
O SENHOR integrou a equipe da ex-governadora Rosalba Ciarlini, foi secretário estadual de Segurança Pública, e em 2017 assumiu a titularidade da Secretaria Municipal de Segurança Pública. Hoje, qual a relação do deputado Girão com a prefeita Rosalba Ciarlini?
EU TRABALHEI com ela, a convite dela, acho que fiz um bom trabalho, esse trabalho foi reconhecido nas urnas. Nós temos uma amizade, as famílias são amigas, e o que se pode dizer do futuro em relação à política, a gente tem que esperar esse futuro. Nenhum acordo que venha a ser feito será feito em função de interesses que não sejam interesses em prol do estado do Rio Grande do Norte.
ENTÃO, não está descartada uma discussão quanto a uma possibilidade de união com o grupo da prefeita...
NA POLÍTICA, a matemática não é bem como vocês querem que seja. A imprensa quer que a gente tenha um raciocínio matemático. Não é assim. Na política, a gente trabalha em função de ideias, de projetos, então por enquanto não descarto nenhum tipo de contato com nenhum partido aqui, exceto com aqueles que a gente sabe que ideologicamente estão muito diferentes de nós.
COMO, por exemplo?
EU já falei.
O PT?
JÁ falei.
DEPUTADO, o partido do senhor vive um momento de crise em âmbito nacional. Mudança conturbada na liderança da legenda na Câmara dos Deputados, troca de acusações. O senhor chegou a afirmar que é preciso fazer uma “limpeza” no partido. Qual a avaliação que o senhor faz desse contexto atual vivenciado pela legenda que abriga, ainda, o presidente Jair Bolsonaro?
O QUE acontece é que o PSL elegeu 54 deputados federais com pensamentos que esse 54, e eu sou um deles, achávamos que todos pensavam de maneira igual, alguns demonstraram que o pensamento é um pouco diferente, então esses que demonstraram o pensamento um pouco diferente estão se achando realmente “fora da casinha”. No PSL nacional, estamos nos conhecendo, a sigla hoje como eu tenho falado é PSL, pode ser que essa sigla continue como sendo uma sigla que nos represente, se prevalecer a maioria de uma velha política, que nós combatemos durante a campanha, não podemos aceitar que estejamos em um partido que tenha um dono, então eu reajo a isso daí e vou reagir sempre. Enquanto eu estiver na política, eu vou dizer que eu não aceito que existam partidos que tenham donos, temos que ter um colegiado que decida os destinos de uma sigla partidária. O que acontece hoje no PSL é que a gente identificou, lamentavelmente, que tem uma situação de querer ter um dono.
EM MEIO a essa crise, o senhor assume uma das vice-lideranças do PSL na Câmara. Como o senhor recebeu essa nova missão?
É NATURAL isso daí na Câmara. Não assusta e nem nos deixa com o peito muito estufado não, estamos fazendo um trabalho de articulação política.
QUAL a avaliação do senhor em relação à não adesão do Governo do Estado ao Programa de Escolas Cívico-Militares?
UMA postura lamentável. Lamento a falta de sensibilidade do Governo do Estado. O estado do Ceará, que é um estado que tem um governo de oposição a Bolsonaro, aderiu. Outros estados aqui já têm exemplos de escolas que funcionam no modelo cívico-militar, então eu lamentei muito isso (a não adesão do RN). Graças a Deus, nós tivemos mais de 30 municípios do Rio Grande do Norte que nos procuraram, alguns que até não atendem à prescrição de ter pelo menos 500 alunos, pedindo para aderir à escola cívico-militar, é algo que nos deixa felizes, porque existem gestores municipais que querem uma melhor qualidade na escola.
NA OPINIÃO do senhor, o Governo Federal demorou em dar uma resposta sobre as manchas de óleo que estão chegando ao litoral nordestino?
O MAR é imenso. Há dificuldade em identificar. No começo, achavam que fossem talvez dois, 100 barris que tivessem caído no mar, porque não existia nenhuma característica de mancha na superfície. Então, para não alarmar, o Governo procurou identificar, o Ministério do Meio Ambiente procurou identificar e pediu ajuda das Forças Armadas, começaram a fazer investigações, e mais praias começaram a ser atingidas. Então, foi montado um gabinete de crise e foi tentado buscar uma avaliação. Isso está em avaliação, há uma investigação em curso, a Marinha assumiu um papel de investigação muito forte e eu espero que a gente consiga ter respostas em relação ao autor. Para mim, isso é um ato de terrorismo, que não tem perdão. Quem tiver feito isso e for pego, tem que ser penalizado com o maior rigor do direito internacional.
UMA última pergunta. Qual avaliação o senhor faz desses primeiros nove meses de mandato na Câmara Federal?
A MINHA avaliação? Pergunte à população..
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