A vereadora Sandra Rosado (PSDB) acionou a Comissão de Ética da Câmara de Mossoró contra o vereador Raério Araújo (PRB). É o primeiro caso levado à Comissão após ela ter sido reinstalada na Casa de Leis de Mossoró, em maio deste ano. Na sessão “Cafezinho com César Santos” desta semana, Sandra explica os motivos que a levaram a tomar essa decisão, afirmando, entre outros pontos, que tem sido agredida verbalmente por Raério desde o primeiro mês do seu mandato.
A ex-deputada também comenta o pedido de empréstimo da Prefeitura junto à Caixa Econômica e a polêmica envolvendo os vereadores da oposição, que entrarão na Justiça para inviabilizar a operação financeira. Sandra também defende que a Câmara de Mossoró reaja contra a criação do Proedi, no modelo em que foi formatado pelo governo Fátima, penalizando Municípios com a redução do repasse de ICMS.
Sandra ainda fala sobre o processo sucessório de 2020, reafirmando que o nome de sua filha e ex-deputada estadual Larissa Rosado seja inserido nas pesquisas de opinião. “Pesquisa sem nome de Larissa não é uma pesquisa verdadeira”, aponta a vereadora. Acompanhe.
O PSDB realizou um encontro recentemente, com a presença de algumas expressões de nível nacional e começou a definir o processo visando às eleições de 2020. Como o PSDB vai se posicionar em Mossoró, especificamente em relação à sucessão municipal?
Nós tivemos o encontro do PSDB Mulher, que foi exatamente no viés que o partido está apostando muito, que é na participação da mulher em toda a movimentação, disputa política, e a nossa presidente Yeda Crusius tem feito esse trabalho, apontando muito para as mudanças que poderão acontecer exatamente através das mulheres. O PSDB em Mossoró, nós apoiamos a prefeita Rosalba Ciarlini, e temos conversado bastante com as nossas lideranças estaduais, até mesmo com lideranças nacionais. O PSDB deseja participar da luta, da disputa, e nós temos encaminhado isso, logicamente que nós defendemos e gostaríamos imensamente que isso acontecesse numa aliança que vem dando certo, numa aliança que foi construída com muito amadurecimento, muita boa vontade de todas as partes, pensando sempre no melhor para Mossoró, e essa aliança que foi construída dessa forma nós pretendemos que ela continue, logicamente com o PSDB ocupando um espaço que possa ser reconhecido pela sua representante, eu possa assim dizer com muita tranquilidade, maior em termos eleitorais, que é a ex-deputada Larissa Rosado, que tem feito também um trabalho muito importante com relação a essa continuidade dessa aliança e também da participação feminina na disputa e na administração mossoroense.
O PSDB vai oferecer o nome de Larissa para o tabuleiro da sucessão?
ESSA é uma discussão que nós vamos ter que ter, dentro de muita sinceridade, muita tranquilidade, despojando de toda e qualquer vaidade, mas eu não posso negar, não posso ser hipócrita para não reconhecer que o nome de Larissa é um nome que tem uma aprovação popular muito grande, e que tem se consolidado ao longo do tempo. Mesmo Larissa não tendo sido eleita em 2018, ela foi a mais votada de Mossoró, mais votada do que todos os candidatos, inclusive os deputados federais. Larissa é uma pessoa que tem uma conduta, lealdade muito grande ao povo, uma pessoa que construiu a sua vida política no diálogo com a população, no respeito às pessoas.
A SENHORA continua defendendo então que o nome de Larissa seja inserido nas pesquisas de opinião referentes ao pleito de 2020?
SEM dúvida alguma. Pesquisa sem nome de Larissa não é uma pesquisa verdadeira. Você não pode retirar nomes de pessoas com o percentual eleitoral que ela tem. Eu defendo muito a pesquisa científica, aquela que acontece dentro de um rigor, de uma estruturação, não a pesquisa lançada em qualquer hora, sem nenhum cunho científico.
EM ELEIÇÕES recentes, o seu grupo, com nome majoritário, teve a companhia do PT. O presidente estadual do PSDB, deputado Ezequiel, apoia o governo do PT. Esse contexto pode levar a um possível diálogo com o PT de Mossoró, apesar das relações terem se desgastado nas últimas eleições?
EU TENHO uma boa relação com a maior parte dos que formam o diretório de Mossoró, petistas tradicionais, tenho a melhor relação possível, até porque eu dei um apoio incondicional aos governos do PT, quando eu era deputada, sempre votei a favor de Lula, dos projetos de Dilma, sou eleitora de Lula, poderei votar mais uma vez nele. Eu não sou do PT, mas eu tenho uma consideração ao presidente que tirou milhões de brasileiros da miséria. Com relação à posição do deputado Ezequiel, presidente do nosso partido e a quem eu respeito bastante, eu quero chamar atenção de um fato: ele nos deu toda a liberdade de fazer uma opção, considerando a questão municipal, na última eleição para o Governo do Estado. Ele votou em Fátima, mas ele nos liberou, nós conversamos antes, e nós votamos em Carlos Eduardo, sem haver nenhum tipo de constrangimento. Respeito pessoalmente a governadora Fátima, mas eu via que naquele momento não era o nome dela que eu considerava melhor para o Rio Grande do Norte, eu achava que Carlos Eduardo tinha uma posição melhor, uma experiência administrativa maior, e isso está sendo demonstrado.
RECENTEMENTE, a Câmara Municipal viveu um momento tenso em relação à autorização para operação financeira por parte do Executivo. Seis vereadores de oposição decidiram levar a questão para a Justiça. Esse tipo de posição atinge a imagem da Casa Legislativa, como poder soberano, livre?
A OPOSIÇÃO tem direito de fazer o que acham, ou certo ou errado. Eu respeito, democraticamente, a posição deles todos. A Câmara, analisando todo um projeto que não tem nada de absurdo, aprova pela sua maioria, e maioria é maioria. Essa questão que eles colocam é muito frágil, existem colegas dentro dos seis, que dizem que não são contra o projeto em si, mas contra a forma como foi levado, mas a forma é a forma como se leva qualquer projeto, o Poder Executivo apresenta e o Poder Legislativo analisa. Esse projeto foi uma conquista que eu acho importantíssima para a cidade de Mossoró. A prefeita Rosalba teve o cuidado, nesse tempo desde a sua posse, de transformar Mossoró em um município apto a fazer empréstimo, a exemplo do que ela fez quando era governadora, e hoje a única obra que o governo Fátima tem em Mossoró é o Hospital da Mulher, oriundo de projeto de empréstimo apresentado por Rosalba. Hoje, mais do que nunca, os Municípios brasileiros estão extremamente penalizados. A oposição, que está combatendo, sendo contra as obras para Mossoró, as mais legítimas indicações feitas, até mesmo esses vereadores têm reivindicado algumas obras, apontado algumas coisas que eles sabem que o povo quer, e o povo aprova o empréstimo, não adianta um ou outro dizer que não aprova, porque vai chegar o calçamento, o saneamento básico, recuperação de escolas, creches, UBSs, muitos e muitos benefícios para a cidade de Mossoró.
HOUVE uma sessão bastante tensa recentemente, em que, posteriormente, a senhora acabou recorrendo à Comissão de Ética, em uma questão de decoro, acionando o vereador Raério Araújo. Essa posição que a senhora tomou mostra uma espécie de acirramento ou é algo pessoal em relação ao vereador Raério?
DESDE que eu assumi o meu mandato, que eu não sei se é por frustração, recalque, não sei o que é, que esse vereador vem tendo uma posição de radicalismo contra minha pessoa, e muitas vezes ele amplia a outras mulheres da Casa, eu não entendo muito bem, mas a psicologia há de explicar. Eu tenho sido agredida desde o primeiro mês do meu mandato por esse vereador, algumas vezes eu reagi, no momento em que ele envolveu não somente o meu nome, mas também de familiares meus, é de uma agressividade desequilibrada, mas eu faço de conta que aquilo é um desequilíbrio e eu não devo levar em consideração, mas ele chegou ao extremo quando eu tomava uma providência para uma pessoa que estava doente, e ele chegou a me agredir com palavras grosseiras, baixas, e não somente na hora que ele estava usando da palavra, mas também fora disso, aos gritos e berros. Eu resolvi, como ele atingiu a mim moralmente, a familiares meus, resolvi reagir, levei o seu nome para a Comissão de Ética e vou prosseguir com outras ações. Eu não aceito em hora nenhuma que, como mulher, eu seja agredida, eu não quero me tornar mais uma vítima de mulheres que são assassinadas pelo fato de serem mulheres, eu tenho uma história política, de seriedade, de honestidade, já tentaram me perseguir, não conseguiram, e eu vou levar adiante isso, porque na hora em que eu tenho lutado em defesa das mulheres, mostrando que não podemos aceitar a violência de determinados homens desequilibrados, e na hora que eu sou agredida, minha família é agredida, eu não posso deixar de tomar as minhas providências, inclusive de garantia de vida, porque eu não sei se num ato de desequilíbrio, como nós assistimos, isso chega a um extremo.
E O que a senhora espera da Comissão de Ética nesse caso?
FOI uma falta clara e evidente de decoro parlamentar, não sei se é pelo despreparo dele, mas o fato é que isso aconteceu. É um dever meu como vereadora, como mãe, avó, esposa e acima de tudo como uma mulher que defende as mulheres, eu tenho que dar o exemplo de não aceitar agressões. A Comissão de Ética estava com todos os seus membros presentes. Eu pedi gravação para servir de prova, mas era até desnecessário, porque todos os membros da Comissão estavam lá. Espero que a Comissão cumpra com o seu papel, e sei que são vereadores, na sua maioria, sérios, que vão tomar providências. Nós não podemos ter uma Casa, numa cidade que homenageia e reconhece o papel da mulher, em que uma vereadora é agredida violentamente, e a Casa vai ficar silenciosa? Não aceito, não acredito, e faço aqui uma declaração que acredito que a Comissão de Ética vai tomar as providências sim. Mossoró não pode ter essa história de um vereador ficar agredindo, praticamente todos os dias, tanto no plenário da Câmara como nas redes sociais. Eu quero uma reparação para isso.
O GOVERNO do Estado criou por decreto o Proedi, que é importante, porém repassou a conta para os Municípios. Segundo números de Mossoró, no primeiro mês de vigência do novo programa houve uma redução de R$ 780 mil em ICMS, isso evidentemente gera um impacto nas contas públicas. De que forma a Câmara Municipal, o mandato de vereador, pode se envolver nesse movimento em defesa das cidades potiguares?
EU CONSIDERO que a Câmara Municipal pode se envolver totalmente e diretamente. Têm alguns até que criticam quando eu digo que a Câmara pode reivindicar ao presidente da República, Governo do Estado e Município, e eles dizem que é porque eu penso que sou deputada. Não. Eu sou vereadora de Mossoró e exijo respeito ao mandato que o povo me deu, o povo me disse, e disse aos outros também que temos que defender a cidade. Eu já fiz o pedido para a Câmara ter uma posição com relação ao Proedi. Devemos chamar atenção também dos outros municípios, como eu fiz com a questão do sal. A Câmara de Mossoró tem essa responsabilidade e essa condição, de mostrar à população do Rio Grande do Norte que o município em que você vive está sendo penalizado por um desacerto do Governo do Estado. Não se pode subtrair de uma Prefeitura de Mossoró quase um milhão de reais. Isso faz falta, ocasiona atraso de pagamento de fornecedor, de servidor, um transtorno num momento em que os municípios brasileiros vivem em sacrifício, e o Governo do Estado querendo subtrair esse recurso para se sair bem nas suas finanças, que não têm conseguido resolver.
A SENHORA acredita que os dois deputados que foram eleitos com votos de Mossoró, que estão com mandato na Assembleia, estão fazendo a devida defesa de Mossoró?
EM MOMENTO algum eu considero isso. Eles têm procurado muito fazer politicagem, como se a eleição fosse depois de amanhã. Eu não tenho escutado nenhuma posição firme, forte, de contestação a essa postura do Governo do Estado. Nós inclusive vimos agora, recentemente, uma posição de uma deputada que ficou contra os servidores públicos. A deputada Isolda. Ela que antes queria ensinar na Câmara Municipal que todas as medidas de benefício ao servidor eram inconstitucionais quando eram apresentadas pela prefeita. Foi contra determinadas posições da prefeita que beneficiavam o servidor público. Eu acho muito frágil a defesa deles e a posição, porque no momento em que era para eles terem uma posição firme, eles se lembram da eleição do município, da possibilidade de um ou outro ter o apoio para ser o candidato único de oposição, essa lógica deles, que eu considero equivocada, está influenciando na posição em defesa de Mossoró. Mossoró está precisando de alguém que defenda a cidade de verdade.
A SENHORA acredita na união da oposição em Mossoró para o pleito de 2020?
NÃO, porque eu vejo um jogo muito de vaidade. Eles ficam disputando, um dizendo que é o melhor, o outro também. Inclusive, essa oposição já lançou candidatos. O PCdoB lançou Gutemberg Dias, que é um cidadão de bem, o PSOL lançou Telma Gurgel, então isso pode antever que não vai haver união, porque cada um se julga melhor do que o outro. Alguns até se lançam candidatos para ver se barganham cargos e obtêm naquela outra chapa o convite para compor a chapa, isso às vezes acontece, e é do jogo político, é legítimo. Eu não acredito na união da oposição, mas mesmo se houver a união, eu considero que a prefeita Rosalba Ciarlini é a favorita, não tenho dúvida nenhuma.
PARA concluirmos, qual avaliação a senhora faz desses quase três anos de mandato na Câmara Municipal? São mais de 700 proposições, quase 60 projetos de lei, números expressivos...
EU CONSIDERO que a minha responsabilidade com o meu mandato de vereadora é muito grande, pela experiência de vida que eu tenho, pelos lugares que eu já passei. Eu às vezes acompanho que determinados companheiros apresentam um número imenso de proposições, mas eu procuro muito fazer o que realmente tem um fundamento, o que contempla a população, e acho que o meu mandato é muito positivo para a cidade de Mossoró, eu tenho me dedicado muito a ele, procurado ouvir a população, e agora, mais do que nunca, eu digo que Deus me deu essa missão, de ficar bem juntinho do meu povo, e tenho procurado ser leal ao povo de Mossoró e acho que tem sido um mandato bem proveitoso para a cidade.
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