Por César Santos – JORNAL DE FATO
O ex-candidato a prefeito Gutemberg Dias (PC do B) admite retirar a pré-candidatura à Prefeitura de Mossoró em 2020 e focar em projeto à Câmara de Vereadores. É algo mais palpável, no entendimento dele. Gutemberg é um dos seis nomes da oposição no tabuleiro da sucessão da prefeita Rosalba Ciarlini (PP), o que evidencia a dificuldade de unificação de partidos e políticos oposicionista, o que desagrada ao pré-candidato do PC do B.
Gutemberg mostra-se desanimado com a divisão da oposição. Ele defende a discussão de um projeto em comum para ser representado por uma chapa de consenso, mas não acredita que isso possa acontecer. Daí, o seu desânimo para seguir em frente com projeto majoritário.
Os interesses individuais dos vários segmentos de oposição se sobrepõem a um projeto unificado. O PT lançou a pré-candidatura da deputada estadual Isolda Dantas, inclusive, com a presença da governadora Fátima Bezerra. “Prepare o tênis que vamos andar nas ruas de Mossoró, juntamente com a nossa militância”, discursou a governadora, na solenidade de posse do novo diretório municipal do PT. Isolda respondeu com um “sim”.
Fátima Bezerra deixou claro que o PT não abrirá mão de candidatura própria, logo, se distancia de outros partidos que têm o mesmo projeto. É o caso do Solidariedade, com a pré-candidatura do deputado estadual Allyson Bezerra à Prefeitura de Mossoró. Recentemente, em encontro do partido na cidade, Allyson discurso como candidato, inclusive, levando a sua militância que animou o local com bandeiras e apitaço.
Outro partido de oposição que não abre de candidatura próprio é o PSL, do ex-candidato a deputado estadual Dr. Daniel Sampaio. Ele participou de encontros com todos os partidos de oposição, mas afirmou que não há qualquer possibilidade de dividir palanque com o PT. Dr. Daniel, que representa o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Mossoró, garante que será candidato com uma proposta nova.
O Psol, que situa-se mais próximo do PT, por questões ideológicas, tem projeto próprio à sucessão municipal. A ex-vereadora e professor da Uern Telma Gurgel teve o nome lançado como pré-candidata a prefeita. A ideia do Psol é lançar chapa majoritária para fortalecer a chapa proporcional, uma vez que o vez projeta eleger representantes à Câmara Municipal.
Por fim, a oposição tem ainda o ex-candidato a vice-prefeito e a deputada estadual Jorge do Rosário, presidente local do PL (antigo PR). Ele representa um grupo político-empresarial, que disputou a Prefeitura em 2016 com a candidatura de Tião da Prest (PL), derrotado nas urnas. Jorge não diz que é pré-candidato, mas também não nega que deseja disputar à sucessão municipal, de preferência, com apoio dos partidos de oposição.
Diante de interesses conflitantes e de pré-candidaturas que se apresentam irreversíveis, Gutemberg Dias se mostra pessimista quanto a um projeto vitorioso de oposição. “Essa divisão beneficia a prefeita Rosalba Ciarlini, que caminha para mais uma eleição”, avalia.
Gutemberg teve maior votação de um candidato de esquerda em 2016
Nas eleições de 2016, Gutemberg Dias surpreendeu com a maior votação de um candidato de esquerda à Prefeitura de Mossoró. Ele recebeu 11.152 votos, 8,45% dos votos válidos. Gutemberg teve como vice a estudante de direito Rayane Andrade, indicada pelo PT (foto acima).
“O PT só aceitou indicar um nome para a nossa chapa porque não tem outra saída”, recorda Gutemberg, ao ressaltar que o PT não é de oferecer apoio, mas, sim, de receber.
A última vez que o PT teve candidatura própria à Prefeitura de Mossoró foi nas eleições de 2004, com a chapa puro sangue: Crispiniano Neto, atual presidente da Fundação José Augusto, e a professora Ady Canário. A chapa recebeu apenas 4.099 votos (3,47%). Depois daí, o PT foi coadjuvante na disputa majoritária, indicando o vice da ex-deputada Larissa Rosado nas eleições de 2008 (Tércio Pereira) e 2012 (Josivan Barbosa), e de Silveira Junior no pleito suplementar de 2014 (Luiz Carlos Martins).
Nas eleições de 2016, a vitoriosa foi Rosalba Ciarlini, que se elegeu para o quarto mandato de prefeita de Mossoró, recebendo 67.476 votos (51,12%). Na segunda posição ficou Tião da Prest, com 51.990 votos (39,39%). Ainda foi votado o professor Josué Moreira, do PSDC, com 1.370 votos (1,04%).
O então prefeito Silveira Júnior tentou renovar o mandato, chegando a registrar candidatura e fazer 30 dias de campanha, mas não resistiu à impopularidade. Ele retirou a candidatura para apoiar, nos bastidores e com estrutura, a postulação de Tião da Prest, sem sucesso.
Tags: