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Postado às 10h15 | 28 Jan 2020 | Redação Governadora Fátima admite rever pontos da proposta de reforma da Previdência

Fátima Bezerra afirma que vai fazer mudança na proposta original da reforma da Previdência, porém, sem abrir mão de taxar aposentados e pensionistas que hoje são isentos de contribuição. A proposta será encaminhada à Assembleia no início de fevereiro

Crédito da foto: Rerodução Fátima Bezerra admite recuo na proposta inicial do Governo

Maricélio Almeida/JORNAL DE FATO

A pressão dos servidores públicos contra a proposta de reforma da Previdência estadual começa a surtir efeitos. Após as categorias anunciar greve geral de 48 horas nos dias 3 e 4 de fevereiro, além de outras mobilizações, a governadora Fátima Bezerra (PT) já admite rever pontos polêmicos do texto, cuja versão final deve ser apresentada ao Fórum dos Servidores nesta quinta-feira (30), poucos dias antes do envio da matéria para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN).

Em entrevista à rádio Agora FM de Natal, reproduzida pelo portal Agora RN, Fátima Bezerra confirmou que promoverá mudanças na proposta. A chefe do Executivo estadual destacou, por exemplo, que o Governo vai ampliar a taxa de isenção da alíquota previdenciária. Na versão inicial do texto que altera as regras da Previdência do Rio Grande do Norte, havia a previsão de taxação de 11% sobre os salários de aposentados e pensionistas que ganham entre um salário mínimo e R$ 5.839,45. Hoje, esses servidores são isentos do pagamento da alíquota. A sugestão do Governo de taxar essa categoria gerou forte reação na sociedade.

“Temos colocado a proposta de uma alíquota variando de 11% a 18%, de forma progressiva. O Governo Federal está trabalhando até 22%. Nós já tínhamos tomado a posição de que quem ganha até um salário mínimo não pagaria contribuição à Previdência, mas já determinei à equipe econômica que reinicie os estudos, porque nós vamos ampliar essa isenção. Estamos fazendo isso por uma questão de justiça. Eu não vou tratar os desiguais de forma igual”, declarou a governadora durante a entrevista rádio Agora FM.

Fátima Bezerra também já admite rever pontos como a idade mínima e tempo de contribuição. Na proposta inicial, a idade mínima de aposentadoria para as mulheres passaria de 55 anos para 62 anos. Já o tempo de contribuição passaria de 35 anos para 25 anos. Para os homens, a idade mínima sairia de 60 anos para 65 anos, com a permanência de 35 anos como tempo de contribuição. “Com relação às medidas atuariais, como idade mínima, tempo de contribuição e pensões, a proposta do Governo Federal ficou muito dura. Estamos abertos ao diálogo. Já colocamos isso para o fórum. Vamos diminuir, flexibilizar”, relatou a governadora.

A chefe do Executivo voltou a afirmar que a reforma é uma obrigação imposta pelo Governo Federal, posição essa confrontada por sindicatos como a Associação dos Docentes da Universidade do Estado do RN (ADUERN). “Embora o Governo afirme que a reforma tem que ser feita agora, após amplos estudos e diversas consultas, estamos convencidos que não existe dispositivo legal que obrigue, no atual momento, o Estado do RN a modificar seu regime previdenciário. A obrigação para Estados e Municípios pode ocorrer com a aprovação da chamada PEC paralela (PEC 133-2019) que foi aprovada no Senado e tramita na Câmara dos Deputados, mas que ainda não foi aprovada em definitivo. Assim sendo modificar o regime previdenciário causando sérios prejuízos aos servidores públicos é uma opção do governo, não uma obrigação”, informou Patrícia Barra, presidente da Aduern.

Fátima Bezerra disse que se o Estado não fizer a reforma da Previdência agora, sofrerá restrições da União. “Os Estados são obrigados a tomar essas medidas no âmbito estadual. Até o dia 31 de julho, se o Estado não fizer a reforma da Previdência, ele será penalizado. Por exemplo, ele não receberá o CRP, que é o Certificado de Regularização Previdenciária. As consequências são: o Estado não pode fazer convênio nem operação de crédito. Ou seja: o Estado fica completamente ingovernável. Segundo: nós temos um déficit da ordem de R$ 130 milhões por mês, que dá um déficit em torno de R$ 1,5 bilhão por ano. Portanto: há de se ter medidas para diminuir esse déficit. Não tem como continuar com uma situação dessa. Somos obrigados a fazer e enviaremos em fevereiro para a Assembleia Legislativa. Mas, vamos fazer uma reforma diferenciada da do Governo Federal”, justificou a governadora.

Reajuste do piso do magistério deve ser escalonado, diz Fátima

Ainda na entrevista à Agora FM de Natal, a governadora Fátima Bezerra anunciou que o pagamento do reajuste do piso salarial do magistério, no percentual de 12,84%, deve ser escalonado. A chefe do Executivo informou que o Estado não tem condições de arcar de uma só vez com o impacto financeiro causado pelo reajuste. “Todos sabemos a situação, do ponto de vista fiscal e financeiro, em que se encontra o Rio Grande do Norte. Neste mês mesmo tivemos uma pancada: uma redução de R$ 60 milhões no Fundo de Participação dos Estados. Mas quero reafirmar que o piso salarial do magistério será cumprido. A forma como vai ser cumprido é que vai ser objeto de discussão entre governo e sindicato. É provável que haja um escalonamento porque não há condições de pagar de forma integral, assim como foi feito nos anos anteriores”, disse.

Por fim, Fátima também falou sobre o calendário de pagamento do funcionalismo público para 2020 e reafirmou que a parte restante do salário de novembro de 2018 será paga até 15 de fevereiro. “Terminamos o ano de 2019 pagando os salários dos servidores religiosamente dentro do mês. E iniciamos este ano honrando o nosso compromisso e anunciando o calendário de pagamento dos servidores públicos do Rio Grande do Norte, algo que não acontecia há muito tempo. Está lá garantido que o servidor vai receber, de janeiro a dezembro, na mesma política de antecipação do ano passado. Além disso, o 13° salário, os servidores vão colocar no bolso”, enfatizou, acrescentando:

“Nós já pagamos uma parte de 2017, que a gente tinha herdado, e vamos quitar, até o dia 15 de fevereiro, a folha de novembro de 2018. Está dependendo de um empréstimo, mas está caminhando bem e eu quero dar uma palavra de tranquilidade aos servidores. Estamos totalmente empenhados em cumprir mais esse compromisso e vamos seguir lutando em busca de novas receitas extraordinárias”, concluiu Fátima Bezerra.

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