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Postado às 14h15 | 24 Mai 2020 | Redação Daniel Sampaio: “Temos um governo de esquerda tomando decisões de forma irresponsável”

Presidente estadual do PSL e pré-candidato a prefeito de Mossoró, Daniel Sampaio afirma que a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte não suportaria um governo do PT. Doutor Daniel Sampaio é o entrevistado da série "Cafezinho com César Santos"

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Daniel Sampaio é o presidente estadual do PSL

Por Maricelio Almeida - Repórter do JORNAL DE FATO

O presidente estadual do PSL no Rio Grande do Norte, médico Daniel Sampaio, é o entrevistado dessa semana da seção “Cafezinho com César Santos”. Na conversa que você acompanha na íntegra a seguir, o médico, que é também pré-candidato a prefeito de Mossoró, faz duras críticas ao governo Fátima Bezerra (PT), afirma que o seu partido trabalha para garantir que siglas de esquerda, como o próprio PT, não cheguem ao comando dos principais municípios do estado, e traz revelações sobre o processo de união das oposições em Mossoró, processo esse implodido, segundo ele, pelo deputado estadual Allyson Bezerra (Solidariedade).

O entrevistado da semana ainda fala sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e avalia a gestão da prefeita Rosalba Ciarlini (PP). Destaca também que o PSL é contra ao adiamento das eleições municipais de 2020 e a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos e vereadores, e comenta as afirmações que colocam o partido que dirige nos processos de sucessão na Ufersa e no IFRN

O PSL é contra ou a favor do cancelamento das eleições e prorrogação de mandato de atuais prefeitos e vereadores?

O PSL é contra o adiamento das eleições e a prorrogação dos mandatos atuais. Nenhum prazo foi mudado, nem de filiação, nem domicílio eleitoral, as convenções estão mantidas. Eu acho que é uma questão democrática a gente ter eleições. Muitas pessoas estão insatisfeitas em seus municípios e procuram mudança, os ajustes são necessários, então que se mantenham os prazos. Se a eleição for adiada que seja realizada ainda este ano, no máximo em dezembro, essa é a posição do PSL.

 

Como o PSL está se preparando para as eleições municipais? Lançará nominata completa para a disputa por vagas na Câmara de Mossoró?

O PSL está assim com a nominata completa, inclusive nós temos mais pré-candidatos do que o número possível. Estamos fazendo um filtro com os pré-candidatos que realmente têm mais chance, mais possibilidade de serem eleitos. A expectativa é que a gente faça dois ou três vereadores, porque somos o partido que tem o maior o horário de televisão e rádio, temos 13% do tempo total. Nós temos o segundo maior fundo partidário, isso nós vamos trazer para as eleições municipais, a estrutura do PSL, que é o maior partido de direita do Brasil. Estamos sim muito fortes, com chance de fazer dois ou três vereadores para a Câmara de Mossoró.

 

E a disputa majoritária, como o projeto do PSL para os maiores colégios eleitorais como Natal e Mossoró?

 O PSL vai lançar candidatura majoritária em Natal, onde nós já temos um pré-candidato, que é o doutor Sérgio Leocádio, que foi delegado durante muitos anos, é um empresário, dono da empresa que faz a segurança do Carnatal, que fez segurança da Copa do Mundo. Em Mossoró, eu, doutor Daniel, sou pré-candidato. Nós vamos vir realmente com uma proposta de mudança, não estamos satisfeitos com a situação atual dos municípios. Queremos contribuir, trazer nossa experiência como profissionais liberais, como empresários que é essa a visão do PSL, privilegiar o empreendedorismo, trazer empregos, tanto para Natal como Mossoró, que hoje tem um índice de desemprego altíssimo, e combater a corrupção. Estamos vendo os níveis de corrupção, as denúncias umas atrás da outras, e um dos pilares do PSL é combater a corrupção. E é contra isso que nós vamos lutar.

 

O senhor costuma afirmar que o objetivo do PSL é também evitar que partidos de esquerda cheguem ao poder...

Somos um partido de direita conservadora cristã, não vamos aceitar que partidos de esquerda como PT, Solidariedade, PSOL, PCdoB, que estão juntos, a gente está vendo alinhamento desses partidos, inclusive um elogiando o outro, não vamos permitir que os partidos de esquerda venham a ter a possibilidade de terminar de destruir as nossas cidades, como estamos vendo em nível estadual. Um governo de esquerda tomando decisões sem nenhum tipo de critério, de forma amadora, irresponsável, não cumprindo o que prometeu nas eleições, ainda não cumpriu a questão dos pagamentos, da folha salarial, não está trazendo nenhum tipo de investimento, o Estado cada vez mais pobre, as empresas fugindo do Rio Grande do Norte, e é uma situação que piorou agora com essa pandemia, onde se insiste na questão de fazer lockdown em todo canto. Isso é um absurdo. A gente tem que pensar na quarentena, mas tem que pensar em fazer isso de forma vertical, e que as pessoas que realmente têm risco que elas estejam em quarentena, mas não pode parar tudo, não pode fechar o comércio e é isso que os partidos de esquerda querem: quebrar o comércio, fazer com que o desemprego aumente, porque aí nós teremos como única chance trabalhar para o Estado. Isso é péssimo para qualquer situação democrática.

 

O PSL tem interesse nas eleições para reitor da Ufersa, conforme noticiado por setores da imprensa?

O PSL não está se posicionando em relação a nenhum tipo de instituição de ensino sobre a questão de indicação ou de apoio a alguma candidatura, seja na Ufersa, seja no IFRN, como foi divulgado na imprensa, porque o professor Josué (Moreira, reitor pró tempore do IFRN) é meu amigo pessoal, é membro do PSL, inclusive antes de ser indicado a reitor ele era nosso pré-candidato a vereador em Mossoró, era secretário-geral do PSL Mossoró, e não foi indicado pelo PSL, mas foi indicado pela sua capacidade. Ele, que é um representante da direita conservadora, e professor há muitos anos, tenho certeza que vai contribuir sim para acabar com essa doutrinação ideológica, a gente via na imprensa objetos sendo vendidos com nome de candidato, de políticos que já exerceram até a função de presidente, dentro do IFRN. Isso tem que acabar. O IFRN não pode ser uma instituição usada para doutrinação ideológica, o que vinha sendo feito por partidos de esquerda, em especial o PT. A nomeação do professor Josué foi uma nomeação técnica, ele tem capacidade sim para ser reitor, para trazer a instituição de volta ao que deveria ser sempre, uma instituição de ensino e não de doutrinação ideológica. A mesma situação se aplica à Ufersa. Claro que nós temos amigos na Ufersa, mas não estamos indicando, nem apoiando nenhuma candidatura para a reitoria da Ufersa, que isso fique bem claro.

 

A deputada líder do PSL, Joice Hasselmann, apresentou um pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro. Como o senhor avalia esse pedido?

Essa foi uma questão pessoal. Uma decisão dela. O PSL apoia, na verdade, a maioria das decisões do Governo. Quando uma decisão é positiva, ela é apoiada. Mas o PSL é um partido de direita e diferente dos partidos de esquerda, onde, por exemplo, um governante fazia qualquer tipo de absurdo e todo mundo apoiava de forma cega, sem usar de nenhum tipo de avaliação crítica, nós do PSL não concordamos com o que não for uma pauta positiva. Essas mudanças constantes do ministro da Saúde em plena pandemia, por exemplo, o PSL não concordou, você não pode mudar o piloto no meio do voo, isso não traz nada positivo. Essa vai ser a nossa postura, concordando com o que seja construtivo para o Brasil, mas tendo sim a visão crítica de o que estiver errado nós vamos criticar, nós vamos combater, diferente dos partidos de esquerda, partidos esses partidos que querem ter representantes tanto em Natal como em Mossoró. O PSL vai fazer o contraponto para não permitir que os partidos de esquerda venham a assumir as prefeituras já em situação muito difícil, e que pode piorar ainda mais, pode aumentar ainda mais o desemprego, a falta de medicamento, a falta de segurança, enfim, os investimentos em infraestrutura. Os governos de esquerda vêm demonstrando não só no Brasil, mas no mundo todo que em nenhum lugar funcionou bem.

 

Então o senhor tem críticas quanto a alguns pontos da condução do Governo Federal na crise provocada pelo coronavírus?

Não existe uma concordância total com a forma como o Governo Federal vem conduzindo essa pandemia. Algumas medidas foram positivas, mas houve mudanças constantes de ministro da Saúde em plena pandemia. Ambos os ministros que saíram eram médicos, tinham critério técnico para decidir e o que o Governo Federal demonstrou foi que o critério político foi mais importante do que o critério médico. Isso nós não concordamos, inclusive isso foi divulgado nas redes sociais do PSL. Se o ministro da Saúde está se saindo bem, está se destacando em relação aos cuidados durante essa pandemia, seria uma vitória para o governo e aparentemente, quando o ministro se destacou, houve uma antipatia em relação à maneira como ele estava enfrentando a pandemia, seguindo a maioria das orientações da Organização Mundial de Saúde. Esperamos que essas situações sejam revistas e que a gente use, já que é um problema de saúde, critérios médicos com a orientação da Organização Mundial de Saúde.

 

Enquanto médico, o senhor é a favor das medidas de distanciamento social?

Concordo com as medidas de distanciamento social, e muito provavelmente medidas de prevenção como uso de máscaras vão permanecer por mais algum tempo. A solução para questão do coronavírus virá com o surgimento de uma vacina, aí sim nós teremos mais segurança, mas é um processo, que demora. Não sei se esse ano a vacina vai sair, mas milhares de pessoas já estão curadas, e pelos estudos que estão sendo mostrados, quem já se curou não é atingido novamente pelo vírus, e nem transmite. Então isso vai fazer com que o índice de transmissão caia bastante. Houve um pico agora por conta das aglomerações, até feitas para receber aquele dinheiro, da medida emergencial, muitas pessoas perderam emprego e realmente necessitavam receber essa quantia, mas a expectativa daqui para frente é que teremos um comportamento de descida e cada vez o número de óbitos, a expectativa é que vai diminuir, como é em toda questão de desse tipo de vírus respiratório. Nós convivemos com vários tipos de gripe. Existe a vacinação anual, então não é para um desespero total, como está acontecendo atualmente, as pessoas aterrorizadas, inclusive aumentando o índice de caso de ansiedade e depressão. Nós sempre convivemos com vários tipos de vírus respiratório, o ser humano se adapta muito bem e nós vamos sair dessa situação.

 

Voltando a falar sobre política partidária, como está o processo de criança do Aliança pelo Brasil?

Eu não participei do processo de formação do Aliança pelo Brasil, eu não concordei com várias pessoas que participaram desse processo, por exemplo, no Ceará, a gente tem o “Baixinho”, que representa a rede hoteleira, que inclusive participou ativamente da campanha do PT no estado do Ceará, então são incongruências na criação do partido. Parece que o partido já está sendo criado com pessoas que têm envolvimento em corrupção. No estado do Pernambuco foi da mesma maneira, pessoas que já foram presas, já foram expulsas até da polícia, hoje são líderes do Aliança pelo Brasil. No Rio Grande do Norte, a gente não concorda com o entendimento das pessoas que estão à frente do Aliança pelo Brasil, e eu não fiz parte desse processo de coleta de assinatura, nem dos movimentos de criação do Aliança pelo Brasil. Eu estive na cerimônia de anúncio do partido, fui convidado, estive lá com o presidente Jair Bolsonaro, o que eu vi foi que muitas pessoas que têm envolvimento em corrupção agora parece que querem tirar uma carta branca, querem recriar sua história política somente por estar dentro desse futuro partido. Não vou fazer parte também, porque não me interessa está participando de uma de uma um partido que já se iniciou de forma errada.

 

Qual a avaliação que o senhor faz do governo Fátima Bezerra?

A avaliação já esperada de um partido comunista. Em nenhum lugar do mundo um partido comunista conseguiu administrar bem. O comunismo é responsável por mais de 100 milhões de mortes em todo mundo por fome, tragédias sociais e não é no Rio Grande do Norte que o PT vai dar certo. Não é em Mossoró que o PT vai dar certo. Eles tão querendo empurrar uma candidata, a deputada estadual Isolda Dantas, e nós vamos conviver com essa possibilidade, mas vamos também lutar para que isso não aconteça. Mossoró não aguenta um governo comunista, não aguenta um governo do PT. Infelizmente eu tentei criar um grupo, um grupo que iria trazer uma proposta nova, de criação de emprego, atração de investimentos para Mossoró, de combater a corrupção, reorganizar os serviços públicos. Eu já fui gestor de saúde. Já fui coordenador de saúde mental no município de Açu, participei da direção do Hospital São Camilo e não é difícil coordenar as secretarias, compra de medicamentos, pagamento em dia de funcionários. O governo do PT vem, infelizmente, fracassando em nível estadual. Não vamos aceitar que o governo do PT venha para Mossoró.

 

E o que aconteceu com esse grupo?

O Governo do PT infelizmente destruiu esse grupo que eu acabei de falar. Era um grupo onde tinha a presença do deputado Allyson Bezerra, de Jorge do Rosário, Tião Couto, mas esse grupo se desfez principalmente por uma insistência do deputado Allyson de trazer a deputada Isolda para esse grupo, a deputada do PT. Essa proximidade do Solidariedade, do deputado Allyson com o PT de Isolda destruiu esse grupo, inclusive eu fui excluído do grupo que eu criei, posteriormente foi adicionado o PCdoB, o Partido Comunista do Brasil, e houve um natural afastamento da minha parte, dessas pessoas que se alinharam a partidos de esquerda, e como sou presidente estadual do PSL, sou representante da direita conservadora e sou pré-candidato a prefeito de Mossoró, não poderia estar aliado a esse grupo que se formou, com a presença do  PCdoB, o Solidariedade, o PT. Eu não acredito que o povo de Mossoró vai querer que a desgraça que aconteceu no Brasil, a desgraça que está se repetindo no Estado, ela venha acontecer no nosso município, partidos de esquerda se aliando para tentar chegar à Prefeitura de Mossoró, vai ser uma tragédia e não acredito que a população de Mossoró vai querer fragilizar ainda mais o nosso município.

 

E como o senhor avalia a gestão da prefeita Rosalba Ciarlini?

A prefeita Rosalba Ciarlini vem numa tentativa de reorganizar sua carreira política. O governo dela conta com algumas falhas, com algumas situações positivas também, e nós hoje temos uma situação sim bastante definida. Não vamos nos aliar aos partidos de esquerda. Essa é a posição do PSL, inclusive está no nosso estatuto. A possibilidade do grupo que criamos, de se realinhar é impossível, principalmente por conta do direcionamento deputado Allyson Bezerra, que contra a minha vontade, esse grupo foi criado por mim, as reuniões eram feitas na minha casa, mas Allyson insistiu em trazer Isolda do PT para esse grupo e trazer também Gutemberg Dias, do Partido Comunista. Eu não aceitei.

 

Para finalizar, o Fórum de Oportunidades do Semiárido, ainda vai ocorrer?

É um evento que nós estamos organizando, vai ser realizado com todo o setor produtivo. Será agora em novembro e nós vamos mostrar Mossoró para o mundo. Já temos alguns desdobramentos em relação a isso. Fiz recepção da comitiva do Vietnã e da China, os investidores já estão se aproximando de Mossoró. Já tem proposta de compra. Vamos triplicar se Deus quiser a nossa produção de frutas, que isso vai se reverter no aumento do emprego.

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