COLUNA CÉSAR SANTOS - JORNAL DE FATO
A força-tarefa da Lava Jato acordou São Paulo e o Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (6), com mais uma operação para desmantelar quadrilha que estava desviando recursos da saúde pública.
A operação prendeu Alexandre Baldy, secretário estadual de Transportes Metropolitanos do governo de João Doria (PSDB), por suspeita de fraudes na Saúde. Outras duas pessoas foram presas, entre elas um pesquisador da Fiocruz, Guilherme Franco Netto.
Segundo a Polícia Federal, R$ 90 mil apreendidos em endereço de Baldy.
As prisões são parte da Operação Dardanários, contra desvios na Saúde no Rio de Janeiro e em São Paulo, envolvendo órgãos federais. A Polícia Federal afirma que identificou "conluio entre empresários e agentes públicos, que tinham por finalidade contratações dirigidas".
É mais uma operação da força-tarefa da Lava Jato para reprimir o crime contra o dinheiro da saúde pública. As operações se espalham por todo o País e visam pegar gestores públicos que estão desviando o dinheiro que seria para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
No Nordeste, o consórcio formado por nove governadores está sendo investigado. Trata-se do caso da compra de 300 respiradores por quase R$ 49 milhões que não foram entregues, nem o dinheiro devolvido. Alguns membros do esquema fraudulento já foram presos.
O caso subiu para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) onde os governadores têm foro. O inquérito, que tem como relator o ministro OG Fernandes, deve acelerar a partir deste mês de agosto, com o fim do recesso do judiciário, encerrado na segunda-feira, 3.
A governadora Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, está envolvida no caso, uma vez que pagou antecipadamente R$ 5 milhões por 30 respiradores. O estado não recebeu os aparelhos, nem o dinheiro foi devolvido.
A empresária Cristiana Prestes, dona da HampCare Pharma, empresa que ganhou o contrato realizado sem concorrência, disse em depoimento à polícia que dos quase R$ 49 milhões recebidos, R$ 12 milhões foram distribuídos por “intermediários” do Consórcio Nordeste; R$ 25 milhões foram entregues a outra empresa, Biogeoenergy, que ficaria responsável pelo serviço; e R$ 10 milhões ficaram com a própria empresária.
O mais grave nesse caso, nebuloso, é que os prejuízos à saúde da população não serão consertados. Os R$ 5 milhões que Fátima Bezerra mandou para o consórcio fizeram falta no momento em que o RN necessitava da implantação e abertura urgente de leitos de UTI para salvar pacientes da Covid-19. Sem os respiradores, os leitos não foram instalados naquele momento. A demora pode ter abreviado dezenas de vidas. E até hoje o sistema de saúde pública não se mostra capaz de atender a demanda do novo coronavírus.
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