O deputado federal protocolou pedido junto à Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar os institutos de pesquisas eleitorais. O pedido é justificado por “erros” absurdos cometidos por diversos institutos em quase todos os estados do País
COLUNA CÉSAR SANTOS/JORNAL DE FATO
O deputado federal General Eliéser Girão (PSL/RN) protocolou pedido junto à Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar os institutos de pesquisas eleitorais. O pedido é justificado por “erros” absurdos cometidos por diversos institutos em quase todos os estados. O parlamentar desconfia que as pesquisas foram manipuladas para influenciar o eleitor, principalmente em cidades onde a disputa foi acirrada.
Em conversa com o titular da coluna, Girão afirmou que as pesquisas são contratadas por partidos e candidatos, o que as tornam suspeitas, e que mesmo assim recebem autorização da própria Justiça Eleitoral para publicação. A Justiça é leniente com esse tipo de erro, na opinião do deputado, por isso, ele decidiu provocar a PGR para investigar os institutos de pesquisas.
Outros parlamentares, de outros estados, também indignados com os erros graves das pesquisas eleitorais, vão protocolar pedidos de investigação junto à PGR.
De fato, as pesquisas eleitorais protagonizaram o capítulo mais deprimente, e igualmente suspeito, das eleições municipais deste ano. Alguns casos merecem, sim, serem investigados.
No segundo turno das eleições, pelo menos em três capitais as pesquisas eleitorais apresentaram números bem diferentes do resultado final, inclusive, distantes da margem de erro.
O Ibope desceu a ladeira em Recife/PE. No sábado, 28, que antecedeu às eleições de domingo, 29, o instituto apontou que os candidatos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) estavam rigorosamente empatados com 50%, cada. Abertas as urnas, Campos venceu com 56,27% contra 43,73% de Marília. A diferença foi de quase três vezes mais a margem de erros, que era de 3 pontos para mais ou para menos.
Em Porto Alegre/RS, na mesma noite de sábado, o Ibope revelou que a candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) estava com 51% de intenção de votos contra 49% de Sebastião Melo (MDB). As urnas deram vitória a Melo com 54,58% contra 45,42% de Manuela. Diferença 11 pontos, quase quatro vezes mais a margem de erro.
Pior foi em Fortaleza/CE que, a menos de 24 horas do pleito, pesquisa Ibope revelou que Sarto (PDT) venceria folgado com 61% contra apenas 39% do adversário Capitão Wagner (Pros), diferença de 22 pontos. Abertas as urnas, Sarto foi eleito com 51,63% contra 48,31% de Wagner, diferença de apenas 3,32%.
Os institutos desconhecidos também aprontaram nas eleições. Em Mossoró, o Agora Sei divulgou pesquisa no dia anterior do pleito mostrando Allyson Bezerra (Solidariedade) com 13 pontos na frente de Rosalba Ciarlini (Progressistas), e um tal de Exatus liberou pesquisa com 17 pontos de vantagem para Allyson. As urnas mostram que o prefeito eleito venceu com uma diferença de apenas 4,25%.
Não se pode afirmar que as pesquisas eleitorais têm poder de decidir uma campanha, elegendo o seu cliente. Uma disputa eleitoral vai muito além disso. Agora, não há como rebater que partidos e candidatos usam as pesquisas na tentativa de influenciar o eleitor.
Por isso, é importante a iniciativa do deputado federal General Girão. E a Procuradoria Geral da República deve se sentir provocada. Esses institutos movimentam muito dinheiro durante as campanhas eleitorais e muitas vezes dinheiro não contabilizado. A desconfiança é que há algo de podre por trás da metodologia e dos números extraídos. Só uma investigação criteriosa alcançará o alvo.
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