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Postado às 09h00 | 28 Dez 2020 | Redação Prefeita Rosalba Ciarlini: 'Uma coisa eu posso afirmar: a casa está arrumada'

Em entrevista a um grupo de jornalista, Rosalba lembra que recebeu a Prefeitura de Mossoró quebrada e que agora está entregando com a casa em ordem. A prefeita também anuncia que deixar em casa mais de R$ 180 milhões para obras com projetos prontos

Crédito da foto: Pacífico Medeiros/PMM Prefeita Rosalba Ciarlini concedeu entrevista a um grupo de jornalistas

Em um cenário cuidadosamente preparado no Salão dos Grandes Atos, Rosalba Ciarlini foi sabatinada por quatro jornalistas da cidade. O encontro em formato circular permitiu uma visualização ampla dos participantes e um debate franco, aberto. Rosalba Ciarlini fez um panorama geral do seu governo, mencionou as principais dificuldades encontradas e elencou a gestão 2017-2020 como a mais desafiadora de sua trajetória. O Cafezinho com César Santos, o último de 2020, é especial com a participação dos jornalistas Carlos Adams, Iuska Freire e Valéria Bulcão.

Carlos Adams – A senhora está há quatro gestões, 88, 2002, 2006 e 2017. Qual dessas foi a mais marcante?

Na realidade, eu posso dizer que todas foram marcantes. Cada uma no seu tempo, na história de Mossoró. Mas essa agora foi, talvez, a mais difícil. Na realidade, nós pegamos uma situação como eu nunca tinha visto em Mossoró. Tivemos um trabalho imenso para reconstruir, para reestruturar, para colocar a cidade em condições de ter credibilidade e de conseguir recursos para avançar. Então, eu digo que valeu muito a experiência, valeu muito o conhecimento administrativo. Porque se não fosse assim, dificilmente chegaríamos à condição que temos hoje, podendo dizer que a casa está arrumada, dívidas foram pagas, salários em dia e que muitas obras estão começando e outras estão sendo entregues. Eu vou deixar dinheiro em caixa. Em torno de R$ 183 milhões em caixa, já programados, algumas já licitadas, de obras e ações estruturantes.

 

Iuska Freire – A senhora falou sobre a sua gestão, que foi um grande desafio. A minha pergunta não tem como ser outra. A senhora como médica, como mulher, em seu último ano de gestão, como lidou com essa pandemia, dessa dimensão?

Foi surpreendente para todos nós. Não se imaginava momentos tão difíceis, tão dramáticos. Além da questão da pandemia em si, o número de casos, tinha todo um desconhecimento. No decorrer do tempo é que fomos conhecendo mais. Dos sintomas, do trabalho preventivo, dos cuidados básicos, enfim. Como médica, tinha esse lado que me angustiava muito. Porque era salvar vidas. Como gestora, tive que fazer uma reformulação do que tínhamos planejado para a área de saúde, para avançar mais em determinados atendimentos e dar prioridade máxima ao combate à Covid. E hoje digo com toda sinceridade, Mossoró serviu de exemplo, de modelo para muitas outras cidades. Na primeira hora nós conseguimos fazer o hospital de campanha, de forma simples, mas foi feito. Nós tivemos a condição de ter uma UPA específica, de fazer testagem. Nós já estamos com mais de 50 mil pessoas testadas.De fazer os tratamentos, os cuidados preventivos, as barreiras sanitárias.

 

César Santos - O fechamento do comércio foi a decisão mais delicada?

Foi uma medidas bastante antipáticas para a população, mas necessária para evitar que a pandemia tomasse proporções ainda maiores. Porque temos até outra característica, estamos no centro de uma região, somos uma cidade-polo e vizinho ao Ceará, onde os casos aumentaram rapidamente. Fortaleza, que é uma cidade turística, começou e aqui foi quase como uma continuidade. Teve tudo isso, mas nós conseguimos criar as nossas barreiras. Hoje, continuamos tendo o controle da situação. O Município oferta medicação precoce, já cuida para que os casos de internação não cresçam. Os números de internamentos têm se mantido estáveis, embora, tenha outra característica, um terço da população do Rio Grande do Norte procura Mossoró. Com isso, estamos cuidando dessas pessoas de outras cidades e cuidando dos mossoroenses.

 

Valéria Bulcão – Prefeita, gostaria de falar sobre a parceria com a Diocese de Santa Luzia.

Sempre tivemos grande atenção. A gente sabe a importância da religiosidade. As pessoas têm na religião algo muito forte na sua vida, no seu dia a dia. Aqui, venho destacar o respeito a todas as religiões, todas as igrejas, todos os credos. Isso foi algo que tive todo o respeito, embora todos saibam que sou católica e tenho uma devoção especial por Santa Luzia. E vejo também, além da religiosidade, da fé, que isso movimenta a cidade, que promove o turismo religioso, que é um fator muito importante para o desenvolvimento. O mês de dezembro é um momento de uma festa que já é tradição, que marca muito, e que a Prefeitura sempre esteve ao lado. E deve continuar dando todo o apoio. E como Santa Luzia é a nossa padroeira, tem da gente toda a atenção.

César Santos – A senhora assumiu a Prefeitura de Mossoró, em janeiro de 2017, em uma das situações mais adversas da história. Eram mais de R$ 150 milhões em dívidas, três meses de salários atrasados, PMAQ atrasado, diárias operacionais atrasadas. O reajuste do servidor, aprovado no ano anterior, ficou pra gestão seguinte aplicar aqueles 6,3%. E aí a senhora optou, em um primeiro momento, a meu ver, em recuperar a saúde fiscal e financeira do Município, para depois ir buscar recursos para realizar obras. Esse ano a senhora colocou a sua gestão para julgamento dos mossoroenses. E os mossoroenses disseram não na hora desse julgamento. Fica, no entendimento, que o cidadão eleitor não entendeu a gestão municipal?

Olhe, César, eu entendo que quem está com a rua que não é calçada, que está precisando de mais uma unidade de saúde no seu bairro, mais uma escola pro seu filho, essa pessoa quer que a solução venha de imediato. Mas você não faz milagre. Você tem que ter os meios pra fazer. E se Mossoró não tinha recursos, muito pelo contrário, só tinha dívidas, se tinha salários atrasados, como eu poderia fazer crescer qualquer unidade, se aqueles que estavam trabalhando não estavam com os salários em dia? Eram três meses de salários atrasados dos efetivos, e os terceirizados chegavam, em muitos casos, há 11 meses. Isso sem contar os encargos sociais, o que fazia com que a nossa cidade ficasse no CAUC. Mossoró estava nessa situação. Eu ia a Brasília apresentar projetos, pedir emendas e não conseguia. Porque era muito claro: uma cidade que está inadimplente não recebe recursos de convênios. Tinha que fazer o equilíbrio fiscal, pagar as dívidas, para que a cidade pudesse ficar “ficha limpa” e a partir daí conseguir os recursos. Tinha outros débitos que ex-gestores não cumpriram. Estávamos inadimplentes no Ministério da Saúde, Educação, Infraestrutura, porque eles tinham recebido o recurso, mas não tinham prestado conta. Isso atrasou muito as ações que temos agora.

 

César Santos – E qual foi o caminho que a senhora seguiu?

Quando organizamos, feito o dever de casa, colocado tudo em dia, saído do CAUC, imediatamente conseguimos o FINISA no valor de R$ 144 milhões. Inclusive, provamos que a Prefeitura tinha capacidade para muito mais. A nossa capacidade de financiamento chega a quase meio bilhão de reais. Mas, por responsabilidade, por entender que estávamos saindo de uma crise, nós tínhamos que receber aquilo que fosse possível no momento, e que fosse possível também honrar todos os pagamentos. A partir dali, as emendas do deputado Beto começaram a ser liberadas. O deputado Beto colocou para Mossoró, nesse período, mais de R$ 60 milhões em emendas, agora que elas estão sendo liberadas, depois de Mossoró ficar adimplente. A partir daí era preciso fazer os novos projetos, porque não é só chegar o recurso e correr e fazer o pavimento de uma rua. Tem que ter o projeto, a licitação. Sem contar com outros entraves que surgem, até próprios da atividade política, a oposição criou dificuldades de aprovação na Câmara. Conseguimos aprovar. Depois de aprovado, foi para justiça tentar impedir o recebimento dos recursos. Mas recebemos. E eu estou de consciência tranquila. Te digo uma coisa: perdi uma eleição, mas não me sinto derrotada. Derrotada eu estaria se eu não pudesse sair às ruas de Mossoró, olhar o cidadão olho no olho, ir de rua em rua mostrar o trabalho que estamos fazendo, o legado que vamos deixar, do que foi feito e do que está programado para ser feito. E se a próxima administração tiver a competência de apresentar novos projetos, vai conseguir mais. Porque as condições, eu criei.

 

Carlos Adams – A senhora tem no histórico a criação da primeira UPA, a criação de um projeto grandioso que é o Cidade Junina. Já parou pra fazer essa análise de qual vai ser o maior legado nas administrações da prefeita Rosalba Ciarlini?

Em dois anos, com todas essas dificuldades que enfrentamos, nós conseguimos ter a melhor nota do IDEB da história de Mossoró. Mossoró nunca tinha conseguido ter o IDEB tão alto. Nós nos programamos para fazer, já que toda criança está na escola, que implantamos até uma buscativa para localizar crianças que estivessem fora da sala de aula no ensino fundamental, garantindo vagas para todas elas. Mesmo que não tivesse uma escola próxima de casa, garantindo o transporte escolar. Agora a nossa meta é colocar toda criança, em idade de pré-escola, educação infantil, na escola. Vou deixando 1.200 novas vagas para 2021, para educação infantil e em regime de tempo integral. São as quatro creches no modelo Proinfância que estavam abandonadas, eu encontrei obras paradas há muito tempo. Reiniciei com recursos próprios, depois que a Prefeitura ficou adimplente conseguimos que o Ministério da Educação liberasse mais algumas parcelas restantes, que não eram suficientes. Estamos concluindo com recursos do FINISA. Além destas, estamos deixando projetadas mais 10 unidades de educação infantil, não no modelo Proinfância, mas que vão poder receber mais 150, 180, em bairros que ainda não contam com escolas, como Nova Mossoró, Américo Simonetti, Odete Rosado, Alto da Pelonha. Mais uma na região do Santo Antônio, porque há necessidade. Esse é um grande legado.

 

Valéria Bulcão – Prefeita, para janeiro de 2021, o que a senhora pensa? Como a senhora se vê em 2021?

Como sempre fui. Uma cidadã que vai para a praia com a sua família, que vai curtir os netos, que vai programar o retorno das suas atividades profissionais. A minha profissão é médica pediatra. Quando eu deixei o governo do Estado, no dia 2 de janeiro de 2015, eu estava assumindo o meu cargo, a minha função de médica pediatra no Hospital Rafael Fernandes. Depois, na Unimed, dando plantão no pronto-socorro infantil. E atendendo, fazendo consultas na Comunidade de Saúde. Porque para mim a política sempre foi o servir, uma missão entregue pelo povo. Agora, eu retorno às minhas atividades normais. Não sei se em fevereiro, ou em março. Primeiro, um bom descanso, se Deus quiser.

Iuska Freire – Prefeita, aproveitando essa deixa sobre os seus planos. Fale sobre a importância da participação da mulher na política. A senhora já foi senadora, governadora, prefeita. A senhora falou que a política é uma missão, existem novos planos políticos?

Nós precisamos que a mulher participe mais. Eu marquei sendo a primeira mulher prefeita de Mossoró. Depois que eu fui, várias outras foram prefeitas. E tenho certeza que foi um incentivo para que outras mulheres, de outras cidades circunvizinhas, enfrentassem esse desafio. Porque é um desafio. Mas a mulher tem esse olhar para o social, para a saúde, para a vida da cidade, cuidar das pessoas. Isso é um marco muito próprio das mulheres. E também ela é empreendedora, não foge a desafios, tem coragem. Embora, muitas vezes a gente encontre desafios maiores, que a gente sente que os homens não enfrentam. Mas aprendemos a lidar com isso e vamos em frente. Eu estimulo que as mulheres participem, não só sendo candidatas, mas vendo a política como esse instrumento de transformação, que possa melhorar a vida das pessoas. Não só a política da disputa eleitoral, mas a política de fazer o bem comum.

 

Iuska Freire – Para conciliar esse papel tão importante, como mãe, como avó, como política, foi complicado? Como foi?

A gente faz uma série de renúncias e precisa ter a compreensão da família. O meu companheiro Carlos Augusto ele sempre foi muito solidário e muito parceiro, para que eu pudesse dedicar meu tempo a cuidar da cidade. Eu dizia que a minha família passou a ter 300 mil pessoas, então é uma grande família. Por isso é muito importante que a gente tenha companheiros que sejam parceiros, que a gente tenha na própria família o entendimento, dos filhos, dos netos. Quantas e quantas vezes eu estive ausente até em momentos marcantes para eles e pedi a eles que compreendessem porque eu estava em um trabalho. Tem renúncia, não é fácil. Mas a gente sabe que o objetivo maior é o de fazer o bem comum.

 

César Santos – Prefeita, a senhora foi eleita para cinco mandatos no Executivo, sendo quatro na Prefeitura de Mossoró e um no Governo do Estado. Desses 5, a senhora pegou três situações adversas. Em 1997, a cidade estava com os mesmos problemas que a senhora encontrou em 2017. Em 2011, no Governo do Estado, a mesma coisa. A senhora conseguiu recuperar lá em 1997 e foi reconhecida pelos mossoroenses, renovando o mandato em 2000. Mas em 2014, a senhora sequer foi candidata à reeleição, embora tenha deixado o RN Sustentável com U$ 540 milhões para investimento no Rio Grande do Norte. Agora acontece a mesma coisa. Fica um pouco de frustração?

Acho que fica o aprendizado. Mas uma coisa eu queria dizer, fazer justiça. Quando eu assumi a Prefeitura pela segunda vez, o chamado governo da reconstrução, nós encontramos dois meses de salários atrasados, mas era uma situação muito diferente de agora. Não haviam os débitos que existiam em 2017. Tanto que, naquele segundo governo, em seis meses nós tínhamos colocado salários em dia, regularizado a limpeza da cidade. Havia condições de recuperação. Agora, não. Cada vez se descobria uma nova dificuldade, um nó a ser desatado. Pra você ter uma ideia, só a Previdência os débitos eram mais de 80 milhões de reais. Era uma situação bem diferente, César. Foi difícil naquele momento e tinha uma certa desorganização nas ruas de Mossoró, mas com pouco tempo isso foi recuperado, porque não havia mexido na estrutura de recursos que a cidade recebia. Houve toda uma retomada, ali foi uma retomada do trabalho. Agora, não. Foi juntar caco por caco porque estava destruído mesmo. Recentemente, apareceram relações de rescisões que nunca foram pagas. Pessoas saíram em 2016, tiveram suas rescisões, e não pagaram. São muitas coisas assim que ainda vem acontecendo, que quando você soma dão milhões.

 

César Santos - E no Governo do Estado?

Realmente, foi um trabalho muito grande. Só um exemplo: no mês que eu assumi o Governo do Estado, a folha de pessoal tinha dobrado, porque o governo anterior tinha feito o aumento. Mas concluir o mandato com salários em dia, deixando 540 milhões de dólares, o maior contrato já feito pelo RN com o Banco Mundial. Tanto é que já tivemos um governador e já estamos no segundo governo e ainda tem muito desse recurso de obras que ainda nem foram iniciadas. E os recursos estão aí, à disposição. Eu só espero que o Hospital da Mulher seja retomado, concluído, porque esse hospital foi viabilizado com recursos do Banco Mundial, em uma parceria para se tornar um hospital-escola. Infelizmente, as obras estão paradas, mas o dinheiro existe.

 

Carlos Adams – A senhora se arrepende de alguma coisa de ter feito ou de não ter feito nesses anos à frente da gestão municipal?

Não. Eu trabalhei incansavelmente pra hoje estar dizendo aqui que entrego a cidade com a situação totalmente diferente da que eu encontrei. Havia sempre um desejo, o meu desejo era de realizar mais, de conseguir fazer. Só que o tempo foi insuficiente para realizar tantos sonhos dos mossoroenses. Mas que com certeza vou deixando recursos, projetos prontos, para que possam ser realizados. Inclusive, quando assumimos, outro fato que nos deixou estarrecidos, não existia projeto. Nós tivemos que arrumar meios de contratar pessoas para projetar, algumas escolas, equipamentos, unidades de saúde. Não existiam projetos para que, a partir dali, a gente pudesse orçar e buscar recursos. Hoje eu deixo vários projetos que basta ir a Brasília que com certeza eles serão executados.

 

Valéria Bulcão – Prefeita, qual foi a obra que a senhora gostaria de ter entregue aos mossoroenses?

Nós vamos deixar algumas que eu pensei e que vão estar prontas, concluídas. Com relação ao saneamento básico, nós vamos deixar mais de 90 mil mossoroenses com saneamento, que não tinham. Concluímos o Abolição III, estamos concluindo Abolição IV, fizemos Belo Horizonte, Alto do Xerém, Lagoa do Mato, restante do Alto da Conceição, e estamos terminando Santo Antônio, Santa Helena, com toda aquela drenagem, que é integrado com o saneamento. Essa é uma obra que não tem preço porque ela se reflete para a cidade poder se desenvolver, progredir e, sobretudo, para a saúde da população. Agora eu gostaria de ter começado, porque nós conseguimos os recursos e vão ser liberados somente agora, a bacia que liga o Santa Delmira ao Redenção, Integração até o Wilson Rosado. E também de ter conseguido os recursos para dar início à bacia do Aeroporto I, II e Quixabeirinha. Quero destacar a obra que conseguimos fazer e inaugurar, o Centro Especializado em Reabilitação (CER). Nós já estamos com a licitação para os equipamentos e esperamos deixar estruturado para atender a população que precisa dos cuidados especiais como pessoas que sofreram acidentes, múltiplos tipos de deficiência.

 

César Santos - O Centro de Reabilitação é uma referência no Nordeste...

É o primeiro do Rio Grande do Norte que atende de crianças a adultos e o segundo do Nordeste. Além disso, na saúde tem muitas outras ações em andamento como a informatização geral de todas as unidades básicas, equipamentos estão chegando, todo o projeto foi desenvolvido. E é um projeto completo porque são mais de 60 unidades que estarão interligadas em rede com a Central de Regulação. Isso vai facilitar muito para que você faça exames, cirurgias.

 

Iuska Freire – A senhora falou de vários projetos e ações de suas gestões. Pessoalmente, eu cobri a inauguração do Teatro Municipal. Qual o sentimento, para estar à frente de uma cidade do porte de Mossoró, são necessárias muitas idas a Brasília, devem ter frustrações, de não sair como se imaginava. Qual a maior dificuldade em ser prefeita de uma cidade como Mossoró?

A maior preocupação é promover a cidade, no sentido de que a gente tenha várias ações para melhorar a vida das pessoas. Por exemplo, não existe ação social mais importante que o emprego. Então quando a gente tem uma gama de ações, de obras, estamos gerando emprego na construção civil e incentivando o comércio, porque os materiais são comprados aqui e isso traz divisas pra cidade. Quando nós impulsionamos, por exemplo, através das estradas vicinais. Agora mesmo são quase 12 milhões em estradas que estão sendo feitas. São 374 quilômetros contratados com recursos do FINISA que estão em execução. Isso vai fazer com que o campo possa produzir mais porque eles vão ter facilidade de escoamento da produção. Aonde nós vamos ter mais investimento, mais empresas chegando. E você tem uma cidade que é um polo educacional como Mossoró, isso com certeza é um fator fundamental para que a gente possa atrair novos investimentos. Uma coisa que ainda vamos deixar marcado é o Centro Tecnológico. Vamos fazer em parceria com a Ufersa. Já temos o local, já temos um projeto. E a Prefeitura vai dar incentivos fiscais de forma que nós possamos ter atrativos para startups, incubadoras, pra essa nova realidade de uma cidade universitária. Estamos deixando uma semente bem plantada. Temos também outras ações no sentido de atrair novos investimentos, novas empresas, como a Havan, que é uma realidade. E ela só vem não é porque nós pedimos, vem porque analisou a cidade, viu que a cidade está viva, que a cidade tem uma prefeita que está cuidando para que Mossoró receba esses atrativos. Outro aspecto é a cultura que é fundamental para Mossoró. Nós estamos agora com esse recurso que vai recuperar todos os equipamentos e construir mais um, que é a pinacoteca, um equipamento que Mossoró ainda não tem e vamos ter. Vai ser no Museu Lauro da Escóssia, na parte superior, a reforma já está acontecendo. Será mais um equipamento cultural que Mossoró vai ganhar. Além do Cidade Junina que é um marco na resistência, história e turismo, que se complementa ao Auto da Liberdade, mostrando que o calendário de eventos culturais e de negócios está feito.

 

César Santos – A secretaria de Infraestrutura tem hoje mais de meio milhão de reais em projetos prontos, com 183 milhões de reais garantidos. Isso significa que a próxima gestão terá as condições ideais para fazer obras que a cidade precisa?

Com certeza, tem todas as condições para fazer muitas e muitas obras. Inclusive um projeto de novas vias para Mossoró, novas pontes, novos acessos. Prevendo a Mossoró do futuro. A Mossoró de 20, 30 anos para frente. Já temos tudo devidamente planejado. Espero que deem continuidade para que possamos ter um belo futuro.

 

Carlos Adams – Qual vai ser o foco desses últimos dias de gestão?

Trabalhar incansavelmente até a meia noite do dia 31. Entregar as que estão em condições de serem entregues, visitar as que estão em andamento, porque essa supervisão é fundamental para que a obra tenha qualidade e ande no ritmo que foi contratada. Tem outras a serem lançadas. Enfim, vamos trabalhar. São tantas, que talvez não dê tempo de ir a todas. Mas eu espero que a população que está recebendo esse benefício realmente acompanhe, fiscalize e receba essas melhorias para o seu bairro e na sua rua. Estive no Alto da Pelonha, finalizamos uma rua calçada, arborizada e toda em led. Esse é um novo bairro em Mossoró, que vamos deixando todas as outras ruas que não foram pavimentadas em condições, projetos prontos, para serem realizados para o próximo governo.

 

Carlos Adams – Só pra finalizar, muito se fala que a senhora encontrou em outras gestões os portões trancados da Prefeitura. Como a senhora está avaliando a transição?

Com a maior tranquilidade. Já começou, as informações estão sendo dadas no tempo necessário. Enquanto isso, as secretarias seguem trabalhando, sem interrupção das atividades, até porque a cidade não parou. Eu perdi a eleição, mas a cidade não pode perder.

 

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