Terça-Feira, 04 de fevereiro de 2025

Postado às 14h45 | 28 Jan 2021 | Redação Opinião: não existe respaldo popular para impeachment do presidente Bolsonaro

Crédito da foto: Reprodução Presidente Jair Bolsonaro durante visita a Mossoró em agosto de 2020

Por César Santos - JORNAL DE FATO

Estamos vendo a oposição aumentar a pressão pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). São mais de 60 pedidos protocolados na Câmara dos Deputados, uns mais recentes com assinaturas de partidos mais à esquerda e de instituições ligadas a esses partidos e movimentos.

Essa pressão acontece justamente no momento em que o governo está mais fragilizado, com a pandemia da Covid-19 vivendo a sua fase mais aguda, forte repercussão da falta de oxigênio em Manaus, debitada na conta do Palácio Central, e as consequências na economia agravadas pelo fim do auxílio emergencial.

As pesquisas de opinião mostram a queda de popularidade do presidente. A última divulgada pela revista Exame/Ideia, revelou que o governo central teve a aprovação despencada de 37% para 26% em uma semana, justamente na semana que a população de Manaus viveu o inferno com dezenas de cadáveres enfileirados para sepultamento.

No entanto, não é possível cravar, nesse momento, que o processo de impedimento do presidente seja encaminhado na Câmara, isso porque os brasileiros estão divididos sobre o assunto. A pesquisa Datafolha, publicada na segunda-feira, 25, revelou que a maioria rejeita o impeachment: 53% contra 42% que aprovam o processo.

Essa divisão dificulta o trabalho da oposição para que, de fato, o impeachment ocorra. É improvável que a Câmara encaminhe um processo sem o respaldo da massa popular. Ademais, o presidente Bolsonaro tem a maioria no Congresso e uma aliança com o Centrão que impede o avanço de qualquer proposta de impeachment.

Deve-se observar, também, que o Congresso vive o processo de escolha dos presidentes da Câmara e do Senado da República, com eleições marcadas para a noite do dia 1º de fevereiro. O resultado dessas eleições terá peso na discussão sobre a saída de Bolsonaro do cargo de presidente.

Se o eleito na Câmara for Arthur Lira (PP/PI), os mais de 60 pedidos de impeachment continuarão “engavetados”. Se a vitória for de Baleia Rossi (MDB/SP), a possibilidade de um processo andar é palpável.

Contudo, é bom lembrar que Rossi é liderado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), que não teve iniciativa de colocar um só pedido de impeachment em análise.

Outro ponto preponderante é que estamos à porta da sucessão presidencial, o que sugere que Brasília daqui a pouco passará a respirar as eleições 2022, deixando para trás temas espinhosos como é o caso de um impeachment do presidente. Essa tese ganha ainda força porque a voz do asfalto – em maioria – ainda está a favor de Jair Bolsonaro e, historicamente, os parlamentares brasileiros não costumam contrariar eleitores.

Aliás, nas democracias, e assim é no Brasil, quem coloca e tira o político do Poder é o povo. Primeiro, com o voto; depois, com a pressão no asfalto. Foi assim com Fernando Collor de Mello, em 1992; e com Dilma Roussef (PT), em 2016. Os motivos pelos quais os processos de impeachment são estabelecidos têm importância secundária, uma vez que as decisões no Congresso são exclusivamente políticas.

Portanto, Bolsonaro respira, mas sem margem para deixar faltar oxigênio nos gabinetes do Congresso Nacional.

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