Terça-Feira, 23 de abril de 2024

Postado às 11h30 | 20 Jun 2021 | Redação Robinson Faria: ‘Bolsonaro confia muito no talento e no trabalho de Fábio’

Em entrevista no Cafezinho com César Santos, ex-governador diz que o filho ministro está prestigiado pelo presidente da República. Robinson confirma que será candidato a deputado federal e Fábio deverá disputar o Senado da República nas eleições 2022

Crédito da foto: JORNAL DE FATO/Marcos Garcia Ex-governador Robinson Faria está no Cafezinho com César Santos

Por  Maricelio Almeida/Repórter do JORNAL DE FATO

Na última quarta-feira, 16, o ex-governador Robinson Faria esteve em Mossoró para acompanhar a agenda do filho, o ministro das Comunicações Fábio Faria. Enquanto aguardava a chegada de Fábio e sua comitiva, Robinson conversou com a reportagem do JORNAL DE FATO no Aeroporto Dix-sept Rosado.

Entre outros assuntos, o ex-governador confirmou que é pré-candidato à Câmara Federal, mesmo estando nesse momento inelegível em virtude de condenação sofrida no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN). Robinson está confiante que vai reverter a situação e garante que estará na disputa em 2022, defendendo as cores do PSD.

O ex-governador também fez um rápido balanço da sua gestão, destacando obras e ações que considera importantes, defendeu o nome de Fábio Faria para o Senado Federal, criticou a gestão da governadora Fátima Bezerra no que diz respeito ao enfrentamento à pandemia e revelou o que classifica como o principal erro do seu período à frente do Executivo estadual. Acompanhe.

 

Ex-governador, o senhor confirma que permanecerá filiado ao PSD e não migrará para o Progressistas?

Permaneço. Isso já foi amplamente esclarecido. Temos até um vídeo gravado em Brasília, eu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, em que ele afirma que o PSD permanecerá sob o nosso comando no Rio Grande do Norte e que interessa ao partido o projeto de eleger pelo menos um deputado federal aqui no estado, e nesse caso o nome apresentado será o nosso. Fábio vai para o PP, mas tudo combinado com o Kassab, não houve nenhuma briga, nenhum afastamento. Eu permaneço no PSD e sou pré-candidato a deputado federal.

 

O senhor espera então superar os obstáculos jurídicos que enfrenta? Já que hoje o senhor está inelegível...

Com certeza. Acho que isso foi um mal-entendido e na hora certa haverá um julgamento técnico, e estaremos na luta, na caminhada.

 

O ministro Fábio Faria completou um ano no cargo agora, no dia 17 de junho. Como o senhor avalia esse período do seu filho à frente da pasta das Comunicações do Governo Federal?

Fábio é um dos ministros que mais se destacou nesse período no país. Ele cresceu. O ministério era apagado, ou melhor, era um ministério que não tinha muita importância. O presidente Bolsonaro confia muito no talento e no trabalho de Fábio. Ele está com um projeto audacioso, que é o 5G, projeto importante para o Brasil e para o mundo. Há também a implantação de redes wi-fi pelo país, promovendo a inclusão social, tirando as pessoas do isolamento, e Fábio tem feito isso com muita agilidade, ao mesmo tempo em que Fábio ajuda muito o presidente nesse campo da articulação política, ele é deputado federal, então tem essa facilidade. Eu acho que Fábio hoje é um dos principais ministros, sem dúvida, do Governo Federal. Ele tem sido muito importante para o Rio Grande do Norte.

 

Em que sentido?

Fábio tem liberado muitos recursos para o estado. Quando vou a Brasília vejo muitos prefeitos, até de partidos diferentes, que não têm compromissos políticos, mas Fábio atende a todos, libera projetos. Eu vejo lá, por exemplo, o prefeito de Natal, Álvaro Dias, que está em Brasília direto, e Fábio ajudou muito Natal. O ministro tem usado seu prestígio para ajudar o estado, isso é muito importante, independente de partido, de cor partidária.

 

É um nome então que estará no cenário político de 2022...

Fábio é um nome que está colocado. Ele está muito tranquilo e vai pelo caminho natural, se houver consenso, e já disse que ninguém espere ele brigar com Rogério (Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional e pré-candidato ao Senado). Fábio é pré-candidato a senador, como Rogério também é. Os dois são amigos, ambos são ministros, ambos vão apoiar a reeleição do presidente Bolsonaro. Lá na frente, o que também não pode demorar muito, até porque a eleição está se aproximando, haverá uma definição. Eles estão cientes disso. O importante é a oposição ficar unida no Rio Grande do Norte.

 

Como o senhor avalia a gestão da governadora Fátima Bezerra?

Eu acho que o governo não está bem. No que diz respeito ao combate ao coronavírus, estamos péssimos. Nunca o estado teve tantos milhões e bilhões de reais, e já perdemos quase mil pessoas por falta de UTIs, é um absurdo isso. O governo estadual não fez um hospital de campanha no Rio Grande do Norte todinho, e teve muito dinheiro. A vacinação está atrasada e a culpa não é dos municípios, a culpa é do Estado, e não foi por falta de vacina, o estado já recebeu quase dois milhões de doses. O mais grave de tudo eu acho que foi a ausência da governadora na linha de frente de combate à Covid, diferentemente do prefeito de Natal, que foi para a linha de frente, enfrentou desde o começo. Fátima passou um ano quase sem sair de casa e eu acho que, no quesito combate à pandemia, o RN foi muito mal. Eu digo isso sem nenhum interesse, eu não sou pré-candidato a governador.

 

O senhor não tem esse desejo, de tentar mais uma vez disputar a chefia do Executivo?

Não serei candidato, em caráter definitivo, ao Governo, porque eu já fui governador, num momento dificílimo, peguei quatro anos de seca, o Brasil numa crise econômica, a maior da história, quatro anos de PIB negativo, frustração de receitas o tempo inteiro. Apesar disso, fui um governador que fiz muitas obras, mas não tive nenhum apoio em Brasília, por exemplo, para custeio. Despesa para resolver a questão de água no Alto Oeste, por exemplo, que estava em colapso, foi da conta única, fonte 100, o mesmo dinheiro que paga a folha. O Estado tinha aprovado, em outros governos, muitos Planos de Cargos, Carreiras e Salários, que passaram a vigorar no meu Governo, então a folha foi lá para cima, a arrecadação caiu e a folha aumentou. Eu recebi uma caneta praticamente seca, um estado quebrado.

 

Faltou articulação, faltou força política em Brasília?

Infelizmente não tivemos força em Brasília, por questões políticas, porque queriam de volta o poder em 2018 e que não tiveram boa vontade, pelo contrário, houve foi uma articulação política para que o RN não tivesse liberado recursos para custeio, queriam provocar um dano na imagem de Robinson e isso aconteceu. Agora mesmo assim, aqui em Mossoró, por exemplo, temos obras como a reforma do Aeroporto Dix-sept Rosado, equipamento que estava invadido, fechado quando assumi, e hoje é um aeroporto comercial, reformado por mim, certificado na Anac, igual a Guarulhos, Galeão, São Gonçalo, conseguimos o voo da Azul, onde fomos mais de 10 vezes à companhia, para conseguir com o presidente da empresa o voo para Mossoró. Tirei Mossoró do isolamento. Temos obras fundamentais aqui. Restaurantes populares, reforma do Teatro Lauro Monte Filho, enfim, voltarei a Mossoró outro dia para fazer uma prestação de contas ao povo da cidade. Eu vou pedir que Mossoró faça uma reflexão. No meu Governo foram mais de duas mil obras em todo o estado. Foram muitas conquistas na saúde, estradas, adutoras, na educação, com a implantação de escolas em tempo integral, o turismo explodiu no meu governo, deixamos o sistema prisional como o melhor do Nordeste.

 

No pleito de 2018, quando o senhor tentou a reeleição, não obteve êxito. A população potiguar optou por não renovar o mandato do senhor. O que aconteceu, em sua visão?

Tivemos obras históricas. Em Natal, podemos citar o anel viário metropolitano, a Moema Tinoco. Fizemos o maior programa de alimentação do Brasil, instalação de 120 UTIs, hospital reformado em Pau dos Ferros, Tarcísio Maia, hospital de Caicó, salvando vidas. Eu fiz mais UTIs do que todos os governadores somados que governaram o estado antes de Robinson. E o reconhecimento da população? A culpa não é do povo. A culpa foi do meu governo que errou na comunicação. Meu governo não soube mostrar ao povo de Mossoró, ao povo de Baraúna, onde coloquei água na cidade inteira, Restaurante Popular, Café Cidadão; iniciei a Estrada do Melão, tivemos a Estrada da Castanha, em Serra do Mel, um sonho de 40 anos, que ajuda 40 cidades; são obras importantes, mas o governo não soube mostrar isso ao povo. O meu governo errou na comunicação. Eu sou uma pessoa que gosta dessa parte da comunicação, mas eu gerenciei muita crise, todo dia era uma crise, ameaça de greve, eu trabalhei muito, dei tudo de mim, e infelizmente, meu governo foi péssimo na comunicação, foi o maior erro. Meu governo não soube vir a Mossoró se reunir com os blogueiros, com os jornalistas, e mostrar o que estava sendo feito na cidade. Mas passou, agora é olhar para frente. Muita gente até hoje não sabe o que Robinson fez como governador.

 

Para finalizar, causou grande repercussão uma declaração que o senhor teria emitido, de que a população estaria clamando pelo retorno do senhor. O senhor realmente acredita que há esse desejo do povo potiguar?

Não falei isso. Quero até aproveitar esse espaço para esclarecer isso. Podem olhar todas as minhas entrevistas no Seridó, porque em nenhuma delas eu disse que o povo está clamando pela minha volta. Primeiro, que eu não sou candidato a governador. O que eu disse foi o seguinte: mesmo que eu estivesse, numa pesquisa para governador, numa posição privilegiada, mesmo assim eu não seria candidato, se, eu disse se eu estivesse nessa posição. Essa é a verdade. Eu sou muito pé no chão. Eu sempre tive muita oposição. Eu derrotei as oligarquias em 2014, que não se conformaram com a minha vitória, e são donos de veículos de comunicação, então sempre que eles podem, mesmo agora eu sem mandato, basta eu colocar a cara para fora, que eles encontram maneiras para me atacar, mas é assim mesmo, a vida política é difícil, não é para todos. O importante é você estar com a consciência tranquila para falar a verdade ao povo do Rio Grande do Norte.

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