Quinta-Feira, 25 de abril de 2024

Postado às 11h00 | 04 Jul 2021 | Redação Fátima Bezerra sobre eleições: ‘Eu não tenho tempo de tratar 2022 agora’

Governadora Fátima Bezerra em entrevista ao JORNAL DE FATO fala sobre a CPI da Covid, diz que as eleições do próximo ano não estão na sua agenda do dia e faz um balanço da visita em Mossoró. Fátima confirma inauguração do Hospital da Mulher em 2022

Crédito da foto: Elisa Elsie/Assecom/RN Governadora Fátima Bezerra na obra do Hospital da Mulher em Mossoró

A governadora Fátima Bezerra (PT) cumpriu agenda em Mossoró na última sexta-feira, 2. O seu compromisso inicial foi uma visita ao canteiro de obras do Hospital da Mulher, o maior investimento do Governo Cidadão (antigo RN Sustentável) em todo o estado. Ao chegar ao local onde o equipamento está sendo erguido, em terreno doado pela Uern, a chefe do Executivo potiguar conversou longamente com a imprensa.

Antes de qualquer questionamento, a governadora anunciou, em primeira mão, a inclusão dos profissionais da imprensa nos grupos prioritários do Plano Estadual de Imunização contra a Covid-19, vacinação que deve começar já nesta semana.

Em seguida, Fátima discorreu sobre o andamento das obras do Hospital da Mulher, falou sobre os investimentos do Governo no combate à pandemia, comentou rapidamente a instalação da CPI da Covid na Assembleia Legislativa, pontuou o avanço no processo de pagamento das folhas deixadas em atraso pela gestão Robinson Faria e enfatizou que, no momento, não está discutindo as eleições gerais de 2022. “Agora é só trabalho”, disse. Acompanhe.

 

Por Maricelio Almeida – contato@maricelioalmeida.com

 

Governadora, fale um pouco sobre a agenda da senhora em Mossoró.

Uma agenda de cunho administrativo. Estamos aqui com a nossa equipe de Governo para acompanhar as ações do nosso Governo aqui em Mossoró e na região, começando exatamente pelo Hospital da Mulher, para dizer a Mossoró que, se Deus quiser, o Hospital da Mulher será entregue a toda a região em junho do ano que vem. Para tanto, nossa equipe se empenhou fortemente. Não foi fácil. Nós pegamos a obra com muitos problemas. Essa obra aqui estava ameaçada, inclusive, de não ser concluída. Recebemos a obra, vocês sabem muito bem, com pouco mais de 20%, além disso com uma série de problemas, graves, a começar pela falta de estrutura de drenagem, a falta de um sistema de tratamento e coleta dos dejetos, problemas do ponto de vista da climatização, enfim, foram muitos problemas decorrentes, infelizmente, de muitos erros que foram cometidos antes, mas o que importa é que nós estamos aqui para resolver os problemas.

 

A obra foi retomada após a prorrogação do prazo acordado com o Banco Mundial...

Exatamente. A partir do final do ano passado, quando nós prorrogamos o prazo de execução das obras do Governo Cidadão, evidente que também se soma a isso o contexto de pandemia, que impactou; o fato é que todos os entraves, as travas que nós encontramos pelo caminho, nós equacionamos. A obra está aqui de vento em popa, paralelamente nós já estamos tratando da aquisição dos equipamentos, paralelamente também estamos tratando de algo fundamental, que é o modelo de gestão, já estamos reunidos, a Sesap, a Uern, Ufersa, os demais parceiros, porque lembrem-se que o Hospital da Mulher tem um recorte muito especial, isso aqui vai ser campo de estágio. O que eu quero dizer é que estamos trabalhando simultaneamente nas instalações físicas, ao mesmo tempo na aquisição dos  equipamentos e modelo de gestão, para que, se Deus quiser, no ano que vem, 2022, a gente realize o sonho da população de Mossoró, especialmente das mulheres, não só de Mossoró, mas de toda essa região.

 

É o maior investimento do Governo Cidadão e será, o maior equipamento de saúde do estado, não é isso?

Exatamente. Estamos falando daquele que será o maior equipamento de saúde do estado. Olhe a grandiosidade. São 163 leitos. Mais de 40 leitos críticos. Aqui nós vamos ter, claro, desde o ambulatório, vamos ter o pronto socorro, UTI, sala de parto humanizado, o Banco de Leite, a sala de suporte das mulheres vítimas de violência, ou seja, vai ser um hospital referência para o atendimento às mulheres não só de Mossoró e do conjunto dessa região, que vai de Assú até Pau dos Ferros, mas vai ser o principal hospital, em matéria de referência em atendimento às mulheres, do Rio Grande do Norte. Eu quero aqui registrar minha alegria, quero ressaltar o trabalho incansável do deputado Fernando Mineiro na coordenação do programa Governo Cidadão, do secretário de Infraestrutura Gustavo Coelho, e da nossa Sesap, a Secretaria de Saúde do Estado, que tem sido incansável. Registrar também a parceria com a Uern, com as demais universidades, com a Prefeitura de Mossoró.

 

Governadora, o estado segue ampliando os grupos contemplados com a vacinação contra a Covid. Qual o balanço que a senhora faz desse trabalho?

Nós conseguimos aprovar na CIB, a Comissão Intergestora Bipartite, a inclusão de vocês, profissionais da imprensa, no Plano Estadual de Imunização. Já começa essa vacinação a partir da próxima semana. Uma decisão justa, pelo papel tão importante, estratégico que vocês têm desempenhado nesse contexto da pandemia. O trabalho de comunicação social que vocês têm feito, diuturnamente, na rua, tem contribuído, e muito, para salvar vidas no Rio Grande do Norte. E digo mais: se dependesse da governadora, os profissionais da imprensa já teriam sido incluídos há muito tempo no Plano Nacional de Imunização. Mas agora está batido o martelo. Já começa a valer a partir do próximo lote e o escalonamento será divulgado em breve. Nós esperamos que o processo de vacinação dos profissionais da imprensa comece nesta semana.

 

O Estado segue avançando, inclusive com mais de 1,5 milhão de doses aplicadas até o momento...

O Brasil paga um preço muito alto pela negligência, pela falta de planejamento, que houve por parte do Governo Federal no que diz respeito à questão da aquisição de vacinas. A própria CPI da Covid no plano nacional está revelando essa tragédia, mas o fato é que nós temos que cada vez mais correr atrás. Eu desde o início disse ao povo do Rio Grande do Norte, e continuo aqui reafirmando: não sossego e não sossegarei um só instante enquanto não ver todo o povo potiguar imunizado. Temos atuado com competência, celeridade; as vacinas quando chegam ao solo potiguar, em menos de 24 elas estão sendo entregues aos municípios, que têm realizado o seu papel, que é de aplicar as vacinas. Temos um balanço muito importante, porque já conseguimos ultrapassar a casa de 1,5 milhão de doses aplicadas, foram mais de 1,1 milhão de pessoas que receberam a primeira dose e mais de 400 mil pessoas que já receberam as duas doses, e eu afirmo e reafirmo aqui o que anunciei há 30 dias: no que depender do Governo do Estado, todo o esforço está sendo feito, continuará sendo feito o possível e o impossível para que até setembro, se Deus quiser, a gente chegue a vacinar as pessoas a partir dos 18 anos. Nesse momento, nós praticamente zeramos a fila da primeira dose para com os profissionais da segurança.

 

E quanto aos profissionais da educação?

Estamos zerando a fila para com os profissionais da educação também. E aqui fica o meu apelo, para que a gente conclua essa primeira fase da vacinação dos profissionais da educação o mais urgente possível, porque nós vamos retomar as atividades no campo da educação. Incluímos agora recentemente os trabalhadores do SUAS, uma categoria que tem desempenhado um papel muito importante nesse contexto de pandemia, assim como os caminhoneiros, os motoristas de aplicativo, os trabalhadores do transporte coletivo, entre várias outras categorias e agora incluindo os profissionais da imprensa. Repito: naquilo que cabe ao Governo do Estado, que é receber as vacinas e entregá-las aos municípios, nós não temos medido esforços, e desde que as vacinas sejam entregues pelo Ministério da Saúde, que essa previsão se concretize, volto a dizer: se Deus quiser, nós queremos em setembro chegar nas pessoas a partir dos 18 anos.

 

E como a senhora avalia o momento atual da pandemia aqui no estado?

A pandemia, graças a Deus, vem dando sinais de arrefecimento no Rio Grande do Norte, o que revela o acerto das medidas que nós adotamos no contexto da pandemia, a condução do Governo do RN. Nós temos um Governo, que a despeito de ter pego o Rio Grande do Norte em escombros, inclusive o SUS totalmente sucateado, um SUS onde a gestão anterior sequer o mínimo constitucional tinha cumprido, um SUS com leitos de UTI judicializados, mas com muita luta, competência, dedicação, formamos uma força-tarefa dentro do Governo e conseguimos instalar a maior rede de leitos de UTI da história do SUS no Rio Grande do Norte. Nós dobramos a quantidade de leitos de UTI. Nós temos uma rede assistencial de mais de 850 leitos, vale ressaltar que nesse ano de 2021 quem está sustentando o custeio desses leitos, sozinho, é o Governo do Estado. A gente celebra a melhora da pandemia, evidente que isso tem a ver com a cobertura vacinal, em primeiro lugar. O foco nosso agora tem que ser cada vez mais acelerar o processo de vacinação. Quero fazer um apelo para que a população não se descuide, porque a pandemia está arrefecendo, mas ela não foi embora. O vírus continua por aí.

 

Esses leitos, abertos durante a pandemia, serão mantidos num cenário pós-Covid?

Sim. Nós estamos trabalhando, claro, para isso ficar como um legado para a população. Veja Assú. Lá tinha um Hospital Regional há mais de 20 anos e a pergunta é: por que não instalaram UTI, para garantir o direito à saúde da população de Assú daquela região? Na medida em que nós não tínhamos a UTI de Assú, o que acontecia? Superlotava Mossoró. A UTI de Assú foi instalada no contexto de pandemia e vai ficar como legado, assim como os 20 leitos aqui do Hospital Regional Tarcísio Maia. Agora o que eu queria colocar aqui, que acho importante, é que não tem sido fácil, porque vocês sabem o custo de um leito de UTI, e diferentemente do ano passado, esse ano o Governo Federal não mandou uma pataca sequer, nem para os estados, nem para os municípios. Nós estamos, portanto, sustentando, essa rede assistencial sozinhos.

 

Um desafio para o Governo...

A única contribuição que temos do Governo Federal é a habilitação de leitos de UTI, em que o Governo Federal entra com cerca de R$ 1,6 mil, mas um leito de UTI, em média, custa mais de R$ 3 mil. Mas graças a Deus, de um lado a rede assistencial, leitos, somado às medidas que adotamos, hoje quando a gente olha e ver a taxa de ocupação de leitos abaixo de 70%, a taxa de transmissibilidade abaixo de 1, isso aqui não é milagre não, isso é gestão, é dedicação, é seriedade, espírito público. Nosso Governo não é negacionista, tem feito o seu papel, um Governo que respeita a ciência, um Governo que não fez concessões ao populismo, que não fez concessões à demagogia, inclusive em determinados momentos tomou medidas duras, as chamadas medidas restritivas, medidas, inclusive, de caráter impopular, mas naquele momento o meu senso de responsabilidade, enquanto autoridade maior do estado, tinha que se fazer valer, porque em primeiro lugar vai estar cuidar da saúde e preservar a vida, e fizemos isso com muito diálogo. É importante destacar a participação das prefeituras, o diálogo permanente com a sociedade, com todos os poderes, em especial os Ministérios Públicos do meu estado.

 

Governadora, qual a avaliação que a senhora faz desse processo de instalação da CPI da Covid na Assembleia Legislativa?

A CPI é um assunto que diz respeito à questão da Assembleia Legislativa. O líder do Governo, junto com a nossa bancada que dá sustentação ao Governo na Assembleia, está exatamente tratando disso. É aquilo que a gente sempre tem dito: o Governo não tem absolutamente nada o que temer. O Governo está pronto para prestar os esclarecimentos necessários e esse é um assunto que está a cargo da nossa liderança, do Governo, na Assembleia.

 

As folhas salariais atrasadas, deixadas pela gestão Robinson Faria, o Governo espera quitar até quando?

Olha. Vamos quitar todas. Você já pensou o que é a gente pegar um estado quebrado, em escombros, com quatro folhas em atraso? Mas graças a Deus hoje eu posso dizer aqui o seguinte: que nós tiramos o estado do Rio Grande do Norte da UTI. Hoje não paira mais nenhuma ameaça de atraso de salário. Nunca atrasei salário na nossa gestão, nem vamos atrasar, e some-se a isso pagando a dívida herdada da gestão anterior. Vamos concluir o 13º de 2018 agora em novembro e no início do ano a gente começa a pagar a última folha.

 

Governadora, sobre as eleições de 2022, a senhora colocará o seu nome para avaliação e julgamento do povo potiguar, como candidata à reeleição?

Eu não estou falando sobre eleições agora. Eu não tenho tempo de tratar 2022 agora, agora é só trabalho, trabalho, trabalho.

 

E as críticas dos ministros Fábio Faria (Comunicações) e Marcelo Queiroga (Saúde), sobre o andamento da campanha de vacinação contra a Covid no estado, como a senhora responde?

A gente responde com atitudes concretas, com trabalho. São mais de 1,5 milhão de doses aplicadas na população, graças a Deus.

Tags:

Fátima Bezerra
governadora
Rio Grande do Norte
política
CPI da Covid
entrevista
JORNAL DE FATO
Mossoró

voltar