Por César Santos / JORNA DE FATO
O PT quer o MDB e o MDB não se opõe à possibilidade de aliança político-eleitoral, no entanto, existem pontos que precisam ser costurados para que os dois partidos possam seguir junto à sucessão estadual 2022.
O ponto de partida: o PT prioriza a reeleição da governadora Fátima Bezerra; o MDB projeta renovar o mandato do deputado federal Walter Alves, presidente estadual da sigla, e viabilizar a candidatura do ex-senador Garibaldi Filho ao Senado Federal.
A priori, uma aliança entre PT e MDB passaria por renúncias. Por exemplo, o PT teria que abrir mão do projeto de reeleição do senador Jean Paul Prates, como forma de acomodar o MDB na chapa majoritária.
Em entrevista recente ao “Cafezinho com César Santos”, Walter Alves afirmou que o partido está aberto ao diálogo com o PT, assim como todas outras siglas, e que uma aliança será feita se for boa para todos oss envolvidos.
Nesta terça-feira, 24, em Natal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o coração do PT para os emedebistas potiguares, repetindo o que ele fez em estados do Nordeste onde o MDB e PT mantêm entendimento. Lula quer juntar forças contrárias ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em todo o País e, no Rio Grande do Norte, atrair o MDB para apoiar a reeleição da governadora Fátima.
“Se o MDB estiver disposto a fazer uma composição com a companheira Fátima aqui, eu acho que o MDB está fazendo uma opção de apoiar aquela que certamente vai ser a governadora que mais vai marcar a história deste estado”, disse Lula em entrevista à imprensa natalense, antes do encontro que teria com o deputado federal Walter Alves, presidente estadual do MDB, e o ex-senador Garibaldi Filho, marcado para a noite de ontem.
O fato de Garibaldi ter sido um dos senadores que votaram pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, não será objeção a uma possível aliança, até porque o processo de reaproximação do PT com o MDB não leva em consideração o fato de os emedebistas terem bancado processo de impeachment de Dilma.
“A política é a arte da convivência democrática na diversidade. Quando você está estabelecendo uma relação política com uma pessoa, não está propondo casamento a essa pessoa. Você está propondo uma convivência dentro do limite que é a liberdade política e a democracia exige que a gente tenha”, afirmou Lula, para deixar claro que a reaproximação com o MDB não será prejudicada pelo passado recente.
A reaproximação de PT e MDB foi iniciada na eleição da Câmara dos Deputados quando o PT votou no deputado Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, na tentativa de derrotar o candidato de Bolsonaro, Arthur Lira (Progressistas), que acabou eleito. A partir daí, fluiu o diálogo entre os dois partidos e Lula chegou a afirmar que conversaria sobre sucessão presidencial 2022 com o ex-presidente emedebista Michel Temer.
O fato é que o afago de Lula ao MDB dos Alves foi mais uma gentileza para atrair o partido, o que não quer dizer que uma eventual aliança ganhou vida na reunião/jantar desta terça-feira. No entanto, é certo que o caminho está aberto e que um eventual entendimento passa por acomodações de interesses dos dois partidos.
Nesse contexto, nem todos saem ganhando, uma vez que há de se abrir mão de interesses individuais para o projeto maior que a reeleição da governadora Fátima Bezerra no RN e a eleição de Lula no Brasil.
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