Sábado, 01 de fevereiro de 2025

Postado às 12h30 | 03 Set 2021 | Redação Operação Lectus: secretária adjunta da Saúde do RN é exonerada

Crédito da foto: Reprodução/Assecom/RB Maura Sobreira é uma das investigadas na Operação Lectus

O Diário Oficial do Estado (DOE) desta sexta-feira, 3, publica a exoneração de Maura Vanessa Sobreira do cargo de secretária adjunta da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP/RN). Também foi exonerada a coordenadora de Atenção à Saúde, Gilsandra de Lira Fernandes.

As duas – agora – ex-servidoras já estavam afastadas cautelarmente dos cargos em razão da Operação Lectus, que apura fraudes em dispensa de licitações, peculato e corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro na Secretaria de Saúde.

Maura Sobreira e Gilsandra Fernandes respondem processo e, em caso de condenação, poderá cumprir penas superiores a dez anos de reclusão.

Para o cargo de secretária adjunta da Saúde foi nomeada Lyane Ramalho Cortez, que ocupava o cargo de subsecretária de Gestão das Regiões e Redes de Atenção.

 

A operação

A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União, deflagrou a Operação Lectus no dia 25 de agosto, destinada a apurar fraudes em dispensas de licitações, peculato, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.

Cerca de 50 policiais federais, além de auditores da Controladoria Geral da União estão cumprindo 10 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Natal/RN, Mossoró /RN, João Pessoa/PB e Bayeux/PB, além de duas medidas cautelares de afastamento do cargo público, ordens expedidas pela 14ª Vara Federal – Seção Judiciária do Rio Grande do Norte.

A operação decorre de inquérito policial instaurado em setembro de 2020, com base em auditoria da CGU, que identificou direcionamento da contratação de empresa para fornecimento de leitos de UTI para o Hospital Cel. Pedro Germano, ausência de capacidade técnica e operacional da empresa contratada e indícios de desvios.

A investigação, iniciada a partir do monitoramento dos gastos com o combate à Covid-19, aponta para irregularidades ocorridas na implantação de 50 leitos de UTI, contratados pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, para o atendimento aos pacientes infectados pelo coronavírus na sua rede hospitalar.

As contratações previam o fornecimento de equipamentos, acessórios e parte de pessoal técnico (enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas), para implantação, no ano de 2020, de 10 leitos de UTI no Hospital Central Coronel Pedro Germano da PM e, no ano de 2021, de 40 leitos no Hospital Dr. João Machado, em Natal. Os dois contratos totalizaram o montante de R$ 13,5 milhões.

Os levantamentos indicaram que a empresa contratada não tinha experiência em implantação de leitos de UTI e não apresentava estrutura econômica e financeira nem capacidade técnica para dar suporte à contratação. A empresa se valia de equipamentos e materiais da própria Secretaria Estadual de Saúde, além de não disponibilizar todos os profissionais previstos no contrato.

Também foi constatado que houve facilitação para a contratação da empresa e manutenção dos contratos, por interferência direta de agentes públicos da Sesap, que se valiam dos privilégios e liberdades dos seus ofícios para favorecer a empresa contratada.

O prejuízo causado aos cofres públicos ainda está sendo apurado, tendo em vista que o contrato da prestação de serviços no Hospital Dr. João Machado se encontra em execução, mas poderá chegar a R$ 4 milhões.

Segundo a Polícia Federal, com a investigação policial, que também contou com a participação da Receita Federal, “restou demonstrada a existência de uma associação criminosa que direcionou duas contratações de leitos de UTI, no Hospital Cel. Pedro Germano e no Hospital João Machado, tendo por objetivo o desvio de recursos públicos federais destinados ao tratamento da Covid-19 que foram repassados ao estado do Rio Grande do Norte.”

Com essa finalidade, seja direcionando os termos de referência das dispensas, seja pressionando indevidamente pelo pagamento em favor da contratada - a despeito do não cumprimento dos termos pactuados e da prestação de serviço deficiente que chegou a colocar em risco a vida de pacientes internados, parte do grupo atuou infiltrada na própria Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, razão pela qual a Justiça Federal determinou o afastamento de duas pessoas de seus cargos na SESAP/RN.

Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, por fraudes nas duas dispensas de licitação, peculato, corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro e, se condenados, poderão cumprir penas superiores a 10 anos de reclusão.

 

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