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Postado às 09h30 | 02 Out 2021 | Redação Ministro Fábio Faria: “O presidente torce para que eu e Rogério cheguemos a um consenso'

Em entrevista ao jornalista César Santos, ministro Fábio faz balanço do governo Bolsonaro e fala sobre projeto eleitoral para 2022. Pré-candidato a senador, Fábio diz que espera o apoio do prefeito de Mossoró, mas não há compromisso nesse sentido

Crédito da foto: Ministério das Comunicações Ministro Fábio Faria concedeu enrtrevista ao jornalista César Santos

Por César Santos / JORNAL DE FATO

O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), afirma que o ambiente hostil da política brasileira tem impedido que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seja entendido pela maioria dos brasileiros. Mas, acredita que na hora das eleições presidenciais, com a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT), será possível o governo se comunicar e apresentar as ações que, segundo o ministro, estão beneficiando a vida da população em todo o país. Nesta entrevista, Fábio Faria diz por que acredita na reeleição do presidente Bolsonaro.

 

A programação que o senhor cumpriu em Mossoró e no Alto Oeste faz parte da prestação de contas dos mil dias do governo Bolsonaro. É possível convencer os brasileiros que o governo é bom?

O governo do presidente Jair Messias Bolsonaro tem muito para mostrar ao povo brasileiro. A avaliação é positiva. O presidente chega aos mil dias de governo sem nenhum caso concreto de corrupção. Isso é um marco, se observamos para o governo passado. Nós vivemos no passado recente um governo que praticamente toda semana tinha caso de corrupção. Nós estamos hoje com o legado de entrega de um grande volume de obras executadas pelo governo Bolsonaro. São obras em vários ministérios, nem dá pra gente fazer tantas inaugurações em um dia. Então, para marcar os mil dias do governo Bolsonaro, cada ministro está fazendo a entrega de ações importantes em todas as regiões do país. São entregas que simbolizam a força do governo do presidente Bolsonaro.

Mas, ministro, mesmo com essas ações que o senhor destaca, ainda não é possível sentir o impacto positivo na vida das pessoas...

Nós precisamos fazer com que essas ações cheguem ao conhecimento dos brasileiros. A população precisa saber, por exemplo, que a Caixa Econômica Federal está dando lucro, quando nos últimos dez anos só dava prejuízo. A Petrobras estava dando prejuízo enorme, escândalos de corrupção acabavam com a empresa. O Brasil gastava muito da Petrobras em países que nunca deram o retorno. No governo Bolsonaro é diferente, hoje se vê esses recursos sobrando para investimentos no país. Veja o que acontece agora, por exemplo, com investimentos feitos pelo Brasil de setecentos bilhões de reais. Ficamos apenas atrás dos Estados Unidos. Tivemos uma queda de PIB do ano passado em 4,1%, sendo o terceiro país que menos caiu, e esse ano vamos crescer 5% o nosso PIB. O Governo distribuiu dinheiro para os estados, 180 bilhões de reais. Antes da pandemia, 19 estados estavam com atraso de folha de pagamento. Depois da pandemia, com a ajuda do governo Bolsonaro, todos quitaram as folhas salariais. Além dos 180 bilhões de reais, o auxílio emergencial de 320 bilhões de reais serviu pra gerar aumento de arrecadação dos estados, manter fluxo, a economia emocional.

 

O senhor tá sugerindo que o Governo Federal carimbou o salário do servidor estadual?

O Governo Federal, com a distribuição de recursos, colocou em dia os salários de todos os estados que estavam em atraso. É só fazer uma fotografia de 18 meses atrás e hoje a situação de cada estado está bem diferente. Então assim, a ajuda do governo Bolsonaro foi decisiva para que os estados tivessem a capacidade financeira para implantar os leitos de UTI e a estrutura de enfrentamento à pandemia. O problema é que a gente vive um momento de guerra política. Uma divisão muito grande, confronto muito grande. É difícil a gente separar um pouco a paixão para fazer uma avaliação honesta.

 

É por isso, por exemplo, que o presidente Bolsonaro aparece com popularidade em baixa?

Vai chegar o momento que os brasileiros vão comparar o que cada governo fez. Eu acredito que quando ocorrer o momento, teremos outro cenário. Hoje, o ex-presidente Lula e o PT estão só assistindo em camarote os ataques diários ao presidente, patrocinados pela CPI no Senado. O presidente todo dia é atacado por jornais, pela mídia convencional. Portanto, isso está fazendo com que o ex-presidente Lula fique de camarote só assistindo, mas na hora que entrar o PT contra o Bolsonaro, que vai ser realmente a disputa na arena de 2022, eu acredito que as pessoas vão, com mais calma, poder analisar e poder optar pelo governo Bolsonaro ou pelo governo do passado. As pessoas vão comparar as obras inauguradas agora, vamos comparar um governo que não tem corrupção com o passado que era tomado pela corrupção.

 

O senhor falou que o Brasil vive uma crise absurda sob o ponto de vista político e é fato. O Brasil deveria estar pacificado, mas essa pacificação não seria o presidente da República que devia conduzir?

O presidente deu demonstração que quer a pacificação do país, saiu na frente, fez uma carta à nação, propôs a pacificação. Esse processo está ocorrendo desde o dia 7 de setembro. É possível conviver com harmonia. Quando eu assumi o Ministério das Comunicações, em junho do ano passado, a gente ficou quatro meses em pacificação. Eu propus ali um armistício. A pacificação ela exige que todos participem. Os poderes não podem ultrapassar os seus limites, porque quando ultrapassa o ambiente fica muito hostilizado, quando qualquer um ultrapassa o limite o outro explode. Quem mais sofre com a guerra é o presidente, porque ele não consegue fazer com que a população tenha a percepção do que o governo está fazendo. Fica só um discurso, que não é o discurso das entregas de obras, é um discurso da guerra do momento, da guerra do dia a dia. Isso é muito ruim pra ele.

Mas, ministro, o senhor não concorda que o próprio presidente, com o seu jeito de ser, radicaliza ainda mais o ambiente?

A oposição não quer a pacificação porque sabe que é ruim politicamente para ela. Por isso, fica forçando a barra. Sabe que o presidente Bolsonaro, quando pisa no pé dele, ele vai e reage. As pesquisas mostram o cenário que não é bom para o presidente, mas Bolsonaro é o único que sai às ruas e coloca multidão. O ex-presidente Lula, por exemplo, veio ao RN e ficou escondido. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se vai para um restaurante almoçar, ele é vaiado. Tem que ficar dentro de casa, ele só consegue sair se for em Miami ou em outro lugar longe de São Paulo. O que a gente vê é que o presidente Bolsonaro é o popular, tem apoio quando sai às ruas. Agora, é ele contra todos e todos contra ele. Vira aquela guerra. Portanto, temos o presidente que tem um grupo de pessoas, que está com ele, que não abandona ele, que acredita nos seus valores, valores que o fizeram vencedor das eleições, e do outro lado outro está aqueles muito chateados.

 

Nesse ambiente político hostil, de nós contra eles, não abre caminho para a terceira via da política?

Existe hoje um estresse muito grande na classe média e muito dessas pessoas estão buscando algum tipo de alternativa, que seria a terceira via, mas eu acredito que os que falam que não vão votar em Bolsonaro, quando polarizar a disputa com o ex-presidente Lula, eles vão migrar para o Bolsonaro.

 

E por que não para Lula?

Respeito as opiniões contrárias, mas a minha opinião é que o Brasil não quer a volta do PT. Ainda está com uma ressaca muito grande do PT. É só ver como estavam os estados do Nordeste em 2018, a força que o PT tinha e a força que tem hoje. Eu acredito que a polarização vai beneficiar muito o Bolsonaro.

 

Vamos falar sobre a política do Rio Grande do Norte.  A sua pré-candidatura ao Senado está posta?

Eu tenho a pretensão de ser candidato ao Senado, sempre falei isso e reitero aqui. Agora, não posso ser candidato de mim mesmo, a população tem que querer. Entendo que, primeiro eu tenho que fazer um bom trabalho como ministro. Aprovamos o leilão da tecnologia 5G, que vai ser dia 4 de novembro. Isso vai mudar a vida dos brasileiros, serão 1,2 trilhão de reais investidos no Brasil nos próximos dez anos. Só o lance mínimo do leilão tá em 46 bilhões de reais, aonde 40 bilhões de reais serão investidos no setor de telecomunicações. Nenhuma pessoa no Brasil, nenhuma pessoa no Rio Grande do Norte, após o leilão do 5G, ficará sem internet de alta qualidade. Então tenho que focar no meu trabalho de ministro, eu sou candidato a fazer um grande trabalho e, depois na hora certa, definiremos o projeto eleitoral. Mas, adianto, tenho conversas importantes aqui em Mossoró e em vários lugares do Estado, eu sou um ser político, converso sobre política, e no momento certo vamos ter uma definição sobre eleição estadual.

 

O ministro Rogério Marinho, quando lançou a pré-candidatura dele ao Senado, na cidade de Caraúbas, disse que recebeu o aval do Presidente da República para ser candidato. Daí, pergunto: Bolsonaro está com o projeto político-eleitoral de Rogério?

Não, não existe essa informação. Eu falei com o presidente, ele torce para que eu e Rogério cheguemos a um entendimento. O aval pra gente lançar a pré-candidatura, ele deu tanto pra ele como pra mim. Isso é outra coisa. O apoio não, ele disse que quer que eu e Rogério nos entendamos. Bolsonaro repetiu essa posição até na semana passada. Veja que, os mesmos deputados federais que estiveram com Rogério em Caraúbas, acompanharam a nossa agenda em Pau dos Ferros e Mossoró. Rogério, que tem um Ministério de Desenvolvimento Regional com muitos recursos, jamais eu vou pedir pra alguém, a algum deputado federal ou algum Prefeito, que são simpatizantes na minha candidatura, que não estejam lá prestigiando o ministro Rogério, até porque eles precisam também de recursos para as cidades. Do mesmo jeito, eu acho que Rogério também não vai pedir a mesma coisa.

 

Mas, o senhor concorda que subir no palanque, como ocorreu em Caraúbas, é uma iniciativa de apoio à pré-candidatura lançada?

Isso faz parte do jogo político. Eu entendo as pessoas, eu aceito que elas possam fazer todo tipo de pleito para o Estado. É normal cada um defendendo as suas cidades e jamais eu vou fazer pressão em quem está comigo, ou a quem está com ele, porque todos nós fazemos parte do mesmo grupo, o grupo que apoia o presidente Bolsonaro.

 

O senhor acha possível um entendimento com o Rogério Marinho para as eleições 2022?

O entendimento sempre é possível, duas pessoas do mesmo lado devem tentar se entender. Acho que não chegou o momento ainda, tem muito tempo ainda, temos até março para resolver isso. Eu, por exemplo, só vou resolver esse assunto em março do ano que vem.

 

O seu projeto de candidatura ao Senado espera ter o apoio do prefeito de Mossoró Allyson Bezerra, em retribuição ao apoio que o senhor deu nas eleições de 2020?

Tem que perguntar ao prefeito. Eu tenho uma total admiração por ele. Temos feito uma parceria muito boa com o prefeito Allyson, sou admirador dele desde a eleição do ano passado, foi a eleição mais bonita que Mossoró já teve nos últimos tempos. Isso não subiu a cabeça dele, que continua trabalhando, indo com a mesma humildade a Brasília, buscando recursos para Mossoró. Espero que se um dia a minha candidatura se consolidar, eu possa contar com o apoio de Allyson. Mas, repito, não há um compromisso nesse sentido.

 

Ministro, para concluir, por que o senhor acha que o presidente Bolsonaro merece o voto do eleitor brasileiro em 2022?

Em 2018, Bolsonaro ganhou a eleição sozinho, ninguém acreditava na candidatura dele.  Bolsonaro conseguiu enxergar o que eu enxergo hoje: por exemplo, ele via que os palanques cheios não adiantavam nada se não tivesse gente no chão assistindo, por isso, ele se elegeu Presidente. Bolsonaro em nenhum momento foi buscar apoio do presidente do partido, nem de líder político, nem de sistema político. Ele enfrentou tudo e todos e continua enfrentando. Bolsonaro não abandonou nenhum dos seus valores. As críticas que recebe, são as críticas pela forma que fala, mas ele poderia falar de outra forma, mas Bolsonaro é assim, é diferente, e assim que ele se elegeu presidente. Acho que as ações do governo credenciam Bolsonaro a novo mandato. O presidente comprou vacina que tá chegando em 300 milhões de doses. O Brasil hoje só está atrás da Índia e da China na aplicação de vacinas, já passando dos Estados Unidos. Você olha para a economia, o ministro Paulo Guedes fez aprovar quase tudo da área econômica. Estamos sendo parabenizados em todo lugar do mundo. Aí você vai pra escolha de ministros em áreas técnicas, que têm feito um bom trabalho, também merece elogios. Antes, os partidos e políticos indicavam eles próprios, os mesmos ministros de outros governos. Então, o governo Bolsonaro fugiu desse sistema, por isso, realmente, comprou muita briga, e brigas que ele não abandona, porque são defesas de valores que ele não abre mão. Portanto, as pessoas têm essa consciência, estão formando opinião e, acredito, na hora da decisão, o Brasil vai optar pela reeleição do presidente Bolsonaro, porque quatro anos é muito pouco para ele fazer tudo. Todo mundo passou oito anos; Lula passou oito, Fernando Henrique Cardoso passou oito anos; Dilma Rousseff foi reeleita. Então, o presidente Bolsonaro tem esse direito.

 

A possibilidade de impeachment não é uma barreira considerável no caminho da reeleição?

O impeachment é uma decisão política. Foi assim com a ex-presidente Dilma. O presidente não pode perder a capacidade política. Não vejo cenário para um impeachment do presidente Bolsonaro. Não há sustentação política. Bolsonaro senta com todos. Ele recuperou o espaço do empresariado brasileiro em Brasília. Os empresários almoçam com o presidente, mesmo os que não concordam com ele, porque sabem como era antes e como é hoje. Por exemplo, uma empresa quando entrava em Brasília, quando entrava na Caixa Econômica Federal, quando entrava no BNDES, quando ia a um Ministério, tinha que deixar um pedaço dos recursos. Era uma corrupção sistêmica. Isso acabou, não existe mais, e ninguém quer voltar ao passado de corrupção. Então, acho que por isso e por tudo que tem feito, o presidente Bolsonaro merece a reeleição.

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