Por César Santos / JORNAL DE FATO
O prefeito de Apodi, Alan Silveira (MDB), vive um inferno astral no primeiro ano de sua segunda administração. A bancada governista na Câmara Municipal está rachada e o vice-prefeito Neilton Diógenes (PL) cada vez mais distante do Palácio Francisco Pinto – sede da Prefeitura. O cenário de crise política desafia o chefe do Executivo.
A situação se agravou com as eleições para a presidência da Câmara, que foram antecipadas em outubro. O atual presidente, Júnior Souza (MDB), renovou o mandato, em detrimento do vereador Railton Diógenes (MDB), que tinha o compromisso do prefeito de ser o próximo presidente do Legislativo.
A manobra, que beneficiou Souza, contou com a participação de outros três vereadores governistas: Laete de Oliveira (MDB), Filipe da Saúde (PL) e Andreazzo Alves (PL) e o apoio dos quatro vereadores de oposição: Gilvan Alves (Republicanos), Alexandre Bevenuto (PT), Júnior Carlos (PSB) e Carlin de Dandão (PSB). Na prática, a metade da bancada governista se uniu à bancada oposicionista para derrotar o prefeito Alan, que queria eleger Railton Diógenes na presidência da Casa.
Os outros cinco vereadores situacionistas, que continuam com Alan, recorreram à Justiça para anular a reeleição do presidente Souza, sob a reclamação de que teria havido ilegalidade na mudança do regimento interno, por meio de emenda, para antecipar o pleito.
A disputa judicial tornou a situação mais grave. Nesta quinta-feira, 4, no plenário da Câmara, o vereador Laete Oliveira pediu aos colegas de bancada que deixem de seguir a orientação do líder do governo na Casa, Railton Diógenes.
Sucessão 2024
Outra fissura, bastante exposta, sugere o divórcio entre o vice-prefeito Neilton e o prefeito Alan. Dois dos quatro vereadores governistas, que se juntaram à oposição para derrotar o prefeito nas eleições antecipadas da Câmara, seguem a orientação do vice-prefeito (Felipe da Saúde e Andreazzo Alves, ambos do PL). Ficou claro que Neilton orientou essa posição.
O distanciamento entre Neilton e Alan tem leitura no futuro próximo. É que Neilton quer ser candidato a prefeito em 2024 e sabe que não terá o apoio de Alan, que, por sua vez, prepara um nome de dentro da família. Trata-se do atual chefe de gabinete, Luciano Moura, que é casado com uma prima de Alan.
A aproximação de Neilton com o grupo dissidente do governismo e a bancada de oposição foi exibida em foto nesta quinta-feira, em almoço com o presidente Júnior Souza e os vereadores.
Agora, a expectativa gira em torno da postura que os vereadores assumirão na Câmara. Há quem diga que, nesse primeiro momento, Alan não conta com o apoio dos nove vereadores que formavam a sua bancada e que ele terá dificuldades de aprovar matérias de interesse do Executivo.
Noutra linha de raciocínio, mais crítica, aponta que o Legislativo, a partir de agora, assumirá posição de independência em relação ao Executivo.
Veja como fica a posição de bancadas na Câmara de Apodi:
BANCADA DO PRESIDENTE E DO VICE-PREFEITO
- Júnior Souza (MDB)
- Laete Oliveira (MDB)
- Felipe da Saúde (PL)
- Carlin de Dandão (PL)
BANCADA QUE SEGUE ORIENTAÇÃO DO PREFEITO ALAN
- Railton Diógenes (MDB)
- Ednarte Silveira (MDB)
- Charton Rêgo (MDB)
- Adailton Targino (MDB)
- Ângelo de Dagmar (Solidariedade)
BANCADA DA OPOSIÇÃO
- Gilvan Alves (Republicanos)
- Alexandre Bevenuto (PT)
- Júnior Carlos (PSB)
- Carlin de Dandão (PSB)
Alan Silveira herdou dos pais o gosto pela política
O jovem prefeito Alan Silveira (MDB) herdou dos pais o gosto pela política. A sua mãe, Maria Gorete Silveira Pinto, foi vereadora, vice-prefeita e a primeira mulher eleita prefeita de Apodi, nas eleições de 2008. O seu pai, Klinger Péricles Pinto Diniz, foi vice-prefeito na gestão do ex-prefeito Evandro Marinho, entre 1997 a 2000.
Em 2016, Alan Silveira decidiu, com apoio dos pais, enfrentar as urnas, com sucesso. Ele se elegeu prefeito com 12.623 votos (52,58%), derrotando o então prefeito Flaviano Monteiro (PCdoB), que recebeu 10.652 (44,37%). Ainda foram votados os candidatos Paulo Viana (Psol): 428 votos (1,78%) e José Pinheiro (Solidariedade): 306 votos (1,27%).
A primeira gestão de Alan, que teve a jovem Hortência Morais (PSDB) como vice-prefeita, recebeu a aprovação popular, tanto que o eleitor decidiu renovar o seu mandato no pleito de 2020. Alan trocou Hortência por Neilton Diógenes (PL) na vaga de vice, e foi reeleito com 13.731 votos (59,81%). O segundo colocado, Agnaldo Fernandes (PT), ficou bem atrás com 9.015 votos (39,27%); e o terceiro candidato, Berinho Dias (PSL) obteve apenas 212 votos (0,92%).
A votação histórica em 2020, com quase 60% dos votos válidos, colocou Alan como uma eventual nova liderança política na região do Médio Oeste e, por gravidade, seu nome passou a ser cogitado como possível candidato a deputado estadual em 2022, o que é descartado por ele.
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