Por César Santos – JORNAL DE FATO
A deputada estadual Isolda Dantas (PT) saiu em defesa do secretário estadual de Saúde, médico Cipriano Maia, que foi ouvido pela CPI da Covid sobre contratos firmados pela pasta durante a pandemia da Covid-19. Na sessão desta quinta-feira, 2, um dia após o depoimento, a parlamentar fez um pronunciamento forte destacando a postura do gestor, considerada por ela como “exemplar”.
“Ele foi um gigante, como sempre foi na sua história em defesa do Sistema Único de Saúde”, destacou ao ressaltar que “foram sete horas de depoimentos e perguntas acerca de todos os contratos e, além disso, o doutor Cipriano foi lúcido, firme, transparente e coerente com a sua história.”
No entendimento de Isolda, a CPI da Covid “é palco eleitoreiro” para alguns. Segundo ela, ao longo dos meses de trabalho da comissão não se chegou a nenhuma prova e confirmação de qualquer mau uso dos recursos públicos por parte dos servidores da Saúde. “Eles trabalharam incansavelmente durante a pandemia e estão enfrentando de cabeça erguida essa CPI. Tenho orgulho do que fizeram e do SUS que construíram há 30 anos e muito respeito e admiração pelo secretário”, afirmou.
Prorrogado
A CPI da Covid terá um prazo mais amplo para finalizar seus trabalhos. Os deputados aprovaram a prorrogação por 15 dias, dando prazo de finalização até o dia 17 de dezembro. A data é considerada suficiente pelos parlamentares para a finalização dos trabalhos, incluindo as informações dos demais depoentes.
A CPI vai ter seu desfecho no dia 16 de dezembro. No dia 9, será feita a leitura do relatório do deputado Francisco do PT. No dia 15, haverá a apresentação de sugestões, enquanto no dia 16 será votado o relatório com as modificações que forem aprovadas.
Cipriano nega ter negociado com empresa para firmar contratos
Investigado em 11 dos 12 contratos, o secretário Cipriano Maia teve a oitiva mais longa da CPI da Covid. Ele respondeu aos questionamentos dos parlamentares, principalmente com relação às tratativas com fornecedores e à adesão a uma compra coletiva de respiradores por meio do Consórcio Nordeste. Segundo Cipriano, ele não teve qualquer negociação com empresas para firmar contratos durante a pandemia.
"Nunca discuti ou recebi qualquer prestador de serviço para discutir contratação ou os termos de contratos. Não é uma prática minha e, quando sou contatado, encaminho para os setores responsáveis pelas contratações. As relações que tenho com fornecedores são mais no sentido de pagamentos atrasados, de tentar intermediar os pagamentos, mas não fechei contratos ou recebi ninguém para discutir contratos", explicou Cipriano Maia.
Na oitiva, o secretário também informou que soube da possibilidade de fazer a aquisição de respiradores através do então secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, em um grupo de WhatsApp com os demais secretários de Saúde do Nordeste. Segundo Cipriano Maia, ele informou que o Estado teria interesse e, então, um ofício foi encaminhado posteriormente ao Governo do Estado para que fosse realizado o repasse dos quase R$ 5 milhões, referentes à cota do Rio Grande do Norte. O secretário informou que não chegou a ler os termos do contrato porque a compra foi realizada diretamente do Consórcio Nordeste.
"O secretário confirmou o pagamento antecipado de R$ 5 milhões sem leitura ou assinatura de contrato. Não foi conferida qual a empresa que iria fornecer os produtos, se havia cláusula de seguro, se sequer ela produzia respiradores", criticou o presidente da CPI, deputado Kelps Lima (Solidariedade). "O resultado dessa operação desastrada, feita pelos governadores do Nordeste, foi a perda de quase R$ 50 milhões do povo nordestino no escândalo dos respiradores", reforçou o presidente da CPI.
Tags: