Por César Santos / JORNAL DE FATO
O prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), falou grosso: “Nunca admiti candidatura ao Governo do Estado. Vou concluir o meu mandato na íntegra, tirar o mandato de prefeito integralmente. Não pretendo, não penso, não desejo e não vou renunciar ao mandato de prefeito de Natal”.
Portanto, senhores donos de institutos de pesquisas, seja os sérios ou os de aluguel, não insiram o nome de Álvaro na intenção de votos (estimulada) para governador do RN. Do contrário, a pesquisa estará totalmente prejudicada.
Ponto pacífico.
Agora, o fato de não ser candidato não elimina Álvaro Dias do jogo eleitoral. Pelo contrário, o prefeito do segundo maior colégio eleitoral do estado está inserido na sucessão estadual. O candidato ou candidata que tiver o seu apoio, contará com um forte “cabo-eleitoral” a partir da capital. Não custa lembrar que Álvaro foi reeleito em 2020, ainda no primeiro turno, com 194.764 votos (56,58%), colocando quase 150 mil votos de maioria sobre o segundo colocado.
Álvaro sabe do seu potencial, tanto que não assume, nesse momento, o projeto majoritário que terá o seu apoio. Não diz se estará no palanque da oposição ou se na campanha à reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT). Deixa em aberto.
Vale ressaltar que o prefeito natalense tem liberdade para circular na oposição e no governo. O seu interesse, em primeiro lugar. Aliás, é um jogo que ele aprendeu desde cedo. Vamos fazer uma viagem ao túnel do tempo: nas eleições de 2002, com apoio dos Alves, que lhes garantiram colégios eleitorais importantes, ele se elegeu deputado federal, mas, antes de receber o diploma, já estava aliado à governadora eleita Wilma de Faria (falecida), adversária dos Alves. Se deu bem.
Mais recentemente, em 2016, ele foi eleito vice-prefeito de Natal pelo PDT, o mesmo partido do então prefeito Carlos Eduardo. Álvaro permaneceu na sigla até assumir o mandato de prefeito, com a renúncia de Carlos para ser candidato a governador em 2018. Daí, ele desembarcou no ninho tucano, onde está no momento, mas sem nenhuma certeza que continuará.
E é pensando em se dar bem, mais uma vez, que Álvaro encara o jogo eleitoral 2022. Um dos seus interesses é a eleição do seu filho Adjunto Dias para deputado estadual. O grupo ou o partido que oferecer as melhores condições para isso terá o seu apoio.
Na faixa da disputa presidencial, segue o mesmo jogo, afirmando que ainda não definiu a quem apoiar, embora o seu partido tenha escolhido o governador de São Paulo, João Doria, para ser candidato em 2022.
Portanto, com Álvaro Dias é assim. Primeiro, ele; segundo, ele também. E quem se encaixar no jogo pode ter o seu apoio, mas nunca é uma garantia.
E assim, Dias continuará jogando todos os dias.
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