Por César Santos – Da Redação
A governadora Fátima Bezerra (PT) inicia o último ano de governo sem enfrentar uma oposição organizada para fazer frente a sua administração. A consequência prática disso é que a governadora segue rumo à reeleição sem maiores dificuldades, enquanto a oposição sequer tem um candidato a governador.
Nome existe para fazer frente ao governo, mas falta articulação para construir um projeto eleitoral sólido. Prova disso foi a tentativa do deputado federal Benes Leocádio (Republicanos) que se lançou pré-candidato a governador, mas não conseguiu reunir oposição. Isolado, o parlamentar desistiu do projeto majoritário e voltou o foco para renovação do seu mandato.
Para observadores da cena política potiguar, não há fragilidade da oposição, mas conflito de interesses onde os projetos individuais e vaidade estão prevalecendo. É caso da disputa entre os ministros Rogério Marinho (PL), do Desenvolvimento Regional, e Fábio Faria (de saída do PSD), das Comunicações. Eles se enfrentam para ser o candidato a senador com apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL). Por consequência, não conseguem construir um projeto de oposição para formar o palanque adversário da governadora.
A dificuldade foi apontada há poucos dias pelo presidente estadual do Progressistas, deputado federal Beto Rosado. Ele analisou que a disputa entre Rogério e Fábio “trava” a possibilidade de um projeto em comum, apontando, inclusive, prejuízo ao presidente Bolsonaro no RN. “O entendimento é necessário, mas não há uma sinalização nesse sentido”, lamentou.
O presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), seria um nome que uniria parte importante da oposição, inclusive, o prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), chegou a sugerir uma chapa com Ezequiel para governador e Rogério Marinho para senador. Teria o apoio do PSDB, Progressistas, Republicanos e PL, mas Ezequiel não se posicionou até aqui. Ele ainda não revelou, de público, qual será o projeto político-eleitoral este ano.
Por consequência, há incerteza se o presidente do Legislativo seguirá o governo ou a posição. A governadora tem dito que espera contar com o apoio de Ezequiel, como ocorreu no segundo turno das eleições de 2018. Em recente entrevista ao “Cafezinho com César Santos”, publicada na primeira edição do ano do JORNAL DE FATO, Fátima foi direta ao afirmar que, se depender dela, Ezequiel estará no seu palanque. A governadora mostrou-se otimista, inclusive, disse que Ezequiel continua no governo sob o ponto administrativo e político.
Outro nome
Álvaro Dias tem sido apontado como outra possibilidade para ser o candidato a governador. Nos últimos meses de 2021, quando provocado a falar sobre o assunto, afirmava que não seria candidato a nada em 2022 e que o seu plano é cumprir os quatro anos de gestão na Prefeitura de Natal.
Mas, na primeira entrevista do ano, concedida ao jornal Tribunal do Norte, Álvaro não descartou a possibilidade de ser candidato, embora considere essa hipótese muito difícil. Ele admitiu que vem sendo estimulado, mas como o tempo está a seu favor, não tomou decisão. Para ser candidato nas eleições de outubro, ele precisa renunciar ao cargo de prefeito até o dia 2 de abril, conforme o calendário eleitoral.
Carlos Eduardo não é oposição, nem é governo
O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT), colocou o seu nome como pré-candidato a governador e a senador. Não é governista, nem oposicionista. Trata-se um projeto individual que ele tenta viabilizar e, se for convidado para compor chapa com a governadora Fátima Bezerra (PT), como nome ao Senado, ele aceita.
Carlos Eduardo não tem afinidade política com grupos e partidos de oposição. Ele não consegue dialogar com PSDB, PL, Republicanos, Progressistas, legendas que estão mais próximas do ministro Rogério Marinho, nem com o PSD, do ministro Fábio Faria e do ex-governador Robinson Faria; Podemos, do senador Styvenson Valentim; e MDB, dos seus primos Alves.
A governadora Fátima já disse que se o PDT quiser dialogar, o PT está aberto. A dificuldade, porém, é encontrar um vaga para Carlos Eduardo na chapa majoritária. A primeira opção do PT para o Senado é Jean Paul Prates, que tem o direito natural à reeleição, e a vaga de vice-governador está sendo negociada com o MDB, que poderá indicar o deputado federal Walter Alves, presidente estadual da sigla.
O PT ainda tem como parceiros o PCdoB, do vice-governador Antenor Roberto, e o PSB, do deputado federal Rafael Motta.
Tags: