Por César Santos / Jornal de Fato
O fato político da semana foi o lançamento da pré-candidatura do ex-senador Garibaldi Filho à Câmara dos Deputados. Mexeu com o noticiário e com os bastidores da sucessão estadual. Na superfície, jornalistas e comentaristas cravaram o deputado Walter Alves, filho de Garibaldi, vice na chapa da governadora Fátima Bezerra, na provável aliança PT/MDB. Nos bastidores, houve reação de todos os lados, positivas e negativas.
A deputada Isolda Dantas, do PT, decidiu colocar lenha na fogueira, ao afirmar com todas as letras que é contra o seu partido voltar a se juntar à oligarquia Alves, e sugerindo que o PT pode “engolir agora para cuspir depois”. O MDB reagiu com o deputado Nelter Queiroz que, ao estilo parecido com o de Isolda, disse, por meio de suas redes sociais, que está fora “dessa bandidagem aqui no estado do PT.”
Criou um mal-estar tremendo. Foi preciso o chefe de Gabinete da governadora Fátima Bezerra, Raimundo Alves, vir a público para desautorizar a fala de Isolda. “A governadora não faz coligação chiclete, que mastiga e joga fora”, disse Alves ao deixar claro que Fátima não aprova o linguajar da deputada petista.
Quanto à fala de Nelter Queiroz, o MDB não se posicionou. Aliás, Queiroz pouco se importa com o que pensa o seu partido nesse momento. Antes mesmo da declaração de Isolda, ele já tinha dito que não acompanhará o MDB para o palanque do PT e que vai continuar fazendo oposição implacável ao governo no plenário da Assembleia Legislativa.
O titular da coluna conversou com Garibaldi Filho, por telefone, sobre a possível aliança do MDB e PT. Ele mostrou-se otimista e disse que é o caminho natural, embora tenha ponderado que ainda não há uma decisão formalizada. “O diálogo está caminhando bem”, resumiu.
Quanto à candidatura à Câmara dos Deputados, Garibaldi transferiu a decisão para o filho Walter. “Ele acha que sou capaz de ter mais votos do que ele, embora eu ache que é ele que tem mais votos do que eu”, disse.
Já em relação à situação de Henrique Alves no MDB, o ex-senador, em conversa com o jornalista Bruno Barreto, disse que não está acompanhado o processo e que a tarefa é de Walter Alves, presidente estadual do partido.
O MDB não deve se pronunciar agora sobre Henrique Alves. No entanto, o ex-deputado dá sinais que vai oferecer o seu nome ao eleitor e que espera ter a legenda bacurau para tentar o 12º mandato na Câmara dos Deputados. Henrique, inclusive, decidiu visitar as bases políticas, antigos aliados, para firmar posição.
Se realmente Henrique registrar candidatura, teremos um fato histórico na política do Rio Grande do Norte: ele enfrentando o primo Garibaldi Filho na disputa por um mandato de deputado federal. Henrique e Garibaldi sempre andaram juntos, lutaram juntos, disputaram eleições juntos. Não se imaginaria um dia os dois em caminhos opostos.
O rompimento político-familiar tornou-se público por Garibaldi Filho há poucos dias, mas a relação estava deteriorada desde 2018, quando Walter acusou o primo de tentar derrotá-lo ao transferir bases eleitorais para Benes Leocádio (Republicanos), eleito como o deputado mais votado nas últimas eleições.
Portanto, está dado o primeiro grande passo para as eleições 2022 no RN.
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