Por César Santos / JORNAL DE FATO
O ministro Fábio Faria ficar repetindo que foi o governo Bolsonaro que pagou os salários dos servidores públicos do Rio Grande do Norte transmite a sensação de politicagem barata. Nem o menos desinformado entre os desinformados compra a versão do titular das Comunicações, por uma questão simples: ele não está falando a verdade.
O fato de o Governo do RN ter recebido do Governo Federal aporte financeiro no período mais agudo da pandemia, nem de longe significa que Bolsonaro pagou salários dos servidores potiguares. Fosse assim, Bolsonaro teria saldado as folhas salariais dos servidores dos 167 municípios do estado, porque todos receberam aporte financeiro junto com o Governo do Estado, guardadas as devidas proporções.
Será que Fábio, para ser coerente, chegaria num município em que o prefeito é seu aliado para dizer que os salários dos servidores locais são pagos pelo presidente Bolsonaro? Provavelmente, não, mas, se é, até aqui não o fez. Ele ataca apenas o governo estadual.
É bom ressaltar que os recursos enviados pela União para os 26 estados da federação e mais o Distrito Federal tiveram papel importante no momento em que a pandemia da Covid-19 achatava a economia do País, em razão da necessidade do isolamento social que praticamente paralisou todas as atividades produtivas. O RN foi um dos estados que mais sofreram com a crise sanitária e econômica.
A insistência de Fábio em afirmar que é Bolsonaro que paga o funcionalismo estadual, talvez, e provavelmente, tem a ver com a gestão do seu pai, ex-governador Robinson Faria (PSD), que entregou o estado devendo quatro folhas salariais. Fábio tenta equilibrar o jogo com a falsa verdade. Seria mais ou menos assim: “vou repetir que a governadora não paga salários para atenuar o desgaste do meu pai que não pagou os salários em dia.”
A tentativa de Fábio é em vão. Não há na história do Rio Grande do Norte nenhum governador que foi tão ruim para o funcionalismo como Robinson Faria. Foi desastre. A gestão Robinson só conseguiu quitar a folha dentro do mês trabalhado no primeiro ano de governo em 2015, quando ele raspou o tacho do fundo previdenciário do servidor; a partir do ano seguinte, o atraso salarial começou e o governo terminou transferindo quatro folhas para a gestão seguinte, de Fátima Bezerra, pagar.
É impossível atenuar o desgaste dos Faria, porque a dor e sofrimento do servidor público ainda estão muito presentes, uma vez que só agora em 2022 será possível o Estado quitar a última folha deixada por Robinson. O cidadão potiguar não perdoa. Em 2018, quando o pai de Fábio colocou o nome à reeleição, ele sequer passou para o segundo turno. O próprio Fábio sentiu a rejeição popular em sua votação que despencou mais da metade de 2014 para 2018, baixando de 166.427 votos para 70.350, e por pouco ele não renovou o mandato.
Pois bem.
Não vai daqui uma defesa do governo Fátima Bezerra, mas, sim, um ajuste da verdade para restabelecer a ordem. O cidadão-eleitor não pode ser enganado pelo discurso fácil, quase sempre fincado na mentira, para tirar algum proveito eleitoral. O ministro Fábio Faria tem todo o direito de confronto do governo que ele defende com o governo que ele critica, mas, respeitando a verdade e o bom debate. Não cabe a mentira.
Portanto, que respeite o cidadão, sob pena de uma resposta contundente de forma democrática, nas urnas. Daqui a pouco.
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