Domingo, 09 de março de 2025

Postado às 09h30 | 21 Jan 2022 | redação Prefeito Allyson tem obrigação de devolver adicional de insalubridade aos servidores da saúde

Crédito da foto: Ilustração Servidores da saúde de Mossoró perderam o adicional de insalubridade

Por César Santos / Jornal de Fato

Os trabalhadores em saúde, que estão na linha de frente no enfrentamento à covid-19, desde o início da pandemia em março de 2020, recebem nova carga pesada neste momento com a nova onda da variante Ômicron. Com um agravante: o surto da gripe influenza. 

Em Mossoró, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estão lotadas, com filas que se arrastam nas calçadas. E os profissionais de saúde estão lá, com as suas vidas expostas a todo risco, mas lutando pela vida do próximo.

A categoria merece todo o respeito e o reconhecimento, uma vez que tem feito muito mais do que o cargo exige. É opinião unânime. Porém, não é isso que os servidores da saúde de Mossoró têm recebido da gestão municipal. As queixas da categoria se multiplicam diariamente e repercutem na sociedade.

A principal delas é que o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) retirou o direito ao adicional de 40% de insalubridade dos trabalhadores que estão na linha de frente de combate à pandemia. O benefício foi criado na gestão passada, como forma de atenuar o sofrimento da categoria. Allyson não entendeu assim e, de uma canetada só, reduziu o contracheque dos servidores da saúde.

Allyson ignora os impactos da pandemia na saúde dos trabalhadores. Uma pesquisa do Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getulio Vargas (FGV), com 1.829 profissionais, aponta que 80% tiveram algum problema de saúde mental ao longo do último ano. Participaram do estudo médicos, enfermeiros, agentes de saúde comunitária, fisioterapeutas, entre outros.

O relatório assinado pela pesquisadora Gabriela Lotta, da FGV, diz que a pesquisa mostra que a situação deles piorou em termos emocionais e da própria saúde. Porque eles estão há quase dois anos na ativa, sem parar, sem licença ou descanso, ao mesmo tempo em que as condições materiais deles não melhoraram.

Apesar do tempo lidando com pacientes com covid-19, mais de dois terços (69%) dos profissionais disseram não se sentir preparados para lidar com a pandemia. A grande maioria, 87%, disse sentir medo e 67% ansiedade. Outros sentimentos presentes foram cansaço (58%) e tristeza (50%).

Outro estudo, realizado pela Fiocruz, atesta que os profissionais da área da Saúde estão esgotados, e essa exaustão advém não só da proximidade com o elevado número de casos e mortes de pacientes, colegas de profissão e familiares, como também das alterações significativas que a pandemia vem provocando em seu bem-estar pessoal e vida profissional. Ou seja, a pandemia provocou um enorme impacto nos aspectos físicos, emocionais e psíquicos desse contingente profissional.

Mesmo assim, Allyson Bezerra julgou que os profissionais não precisavam do adicional de insalubridade para atenuar o sofrimento e decidiu retirar o benefício sem, sequer, comunicar a categoria. Pior do que isso, o chefe do Executivo se fechou em copas no Palácio da Resistência para receber as entidades sindicais em audiência.

E a tendência é piorar porque não há sinalização da gestão municipal de melhorar as condições de trabalho e salariais dos servidores da saúde. Infelizmente.

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