Ialamy Gonzaga, mais conhecido como "Júnior Preto", assumiu que atirou no advogado Eliel Ferreira, mas negou crime de homofobia. Versão não convence ao delegado Rafael Arraes, que investiga o caso. O acusado se entregou à polícia nesta segunda, 25
Por Fábio Vale / Repórter do JORNAL DE FATO
Detido nesta segunda-feira (25), após se apresentar à Polícia Civil em Mossoró pela morte de Eliel Ferreira Cavalcante Júnior, de 25 anos de idade, o acusado Ialamy Gonzaga, 38 anos, mais conhecido como "Junior Preto", apresentou a versão de ter confundido a vítima com um ladrão. Ele confessou a autoria dos disparos que vitimaram o jovem bacharel em Direito e foi encaminhado para a cadeia pública local.
Considerado pela polícia civil como autor direto do crime ocorrido na noite do último dia 9, em Mossoró, Júnior Preto se apresentou na manhã de ontem e deu sua versão sobre o ocorrido. Na ocasião, foi cumprido mandado de prisão preventivo e ele foi encaminhado para a cadeia pública. Segundo o delegado Rafael Arraes, da Delegacia de Homicídios (DEHOM), responsável pela investigação do caso, o acusado relatou que antes do ocorrido teria ingerido bebida alcoólica com amigos e que no momento do fato estava na calçada da casa dele quando teria escutado gritos de “pega ladrão” e Eliel correndo pela rua em direção a ele.
“Segundo ele, achou que em algum movimento da corrida, Eliel poderia ter pego na cintura. Por isso, sacou sua arma e efetuou um disparo. Não conseguiu alvejar, mas, saiu em perseguição ao Eliel, que mais na frente foi abordado por um terceiro e o Júnior Preto já ia na perseguição e efetuou um terceiro disparo. Relatou que da cintura para baixo, visando imobilizar o Eliel, e acertou nessa terceira pessoa que estava segurando o Eliel. Essa terceira pessoa diante do disparo soltou Eliel, e, segundo a versão de Júnior Preto, o Eliel teria vindo para cima dele, e o acusado então teria efetuado diversos disparos de arma de fogo contra Eliel”, detalhou o delegado, reforçando que essa é a versão do acusado.
“É bastante estranha essa versão dele, a gente não acredita”, acrescentou Rafael Arraes, informando que depois do crime o acusado fugiu para a cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, onde teria ficado dormindo em uma praça e onde teria sido furtada a mochila dele, que estaria com a arma do crime dentro dela. O delegado também disse considerar “contraditória essa versão” e informou que desde a semana passada que negociava com o advogado do acusado acerca dele se entregar, o que aconteceu na manhã de ontem.
Quando questionado sobre o suposto envolvimento de outra pessoa com o crime, o delegado disse que as investigações continuam em sigilo e ainda têm algumas diligências para fechar toda a apuração e indiciar a autoria do caso e que, possivelmente, até o fim da semana deve ter o inquérito concluído e remetido à Justiça. Até o fechamento desta matéria, a família da vítima ainda não tinha se pronunciado sobre a prisão e nem sobre essa versão dada pelo acusado.
Logo após o crime, a polícia civil anunciou na época a versão de motivação por suspeita de assalto e, em seguida, a família divulgou que se tratava de um crime de ódio por homofobia. Diversas entidades e autoridades cobraram na ocasião justiça para o caso.
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