Por Fábio Vale - Repórter do JORNAL DE FATO
A Polícia Civil de Mossoró divulgou na manhã desta terça-feira (10) detalhes das investigações de um assassinato registrado no começo desta semana na cidade, que vitimou um fisioterapeuta de 29 anos de idade e de outro crime, com características similares, registrado no município no mês passado. As vítimas foram, respectivamente, Hadirson Caio Marcelo da Silva e Bruno Allyson do Nascimento, 32 anos.
As informações sobre os casos foram divulgadas ontem pela Polícia Civil local após a prisão de Vinícius Rafael Silva de Araújo, de 20 anos, e a apreensão de um adolescente de 17 anos, considerados autores dos ocorridos que vitimaram Hadirson Caio e Bruno Allyson. Em entrevista coletiva concedida à imprensa local na manhã desta terça-feira, o delegado Rafael Arraes, titular da Delegacia de Homicídios de Mossoró (DHPP), informou que assim que tomou conhecimento do desaparecimento do fisioterapeuta na última segunda-feira (8) foi iniciado então um trabalho investigativo, que resultou na localização do carro dele.
“E a partir daí, em decorrência da investigação, chegamos aos nomes dos suspeitos. Nós conseguimos localizar um dos suspeitos que indicou o local onde o corpo da vítima estaria em uma estrada carroçável próximo da avenida principal do bairro Santa Delmira”, contou o delegado, informando que na ocasião o suspeito já foi então autuado em flagrante por assassinato e que, logo em seguida, foi identificado um adolescente também suspeito de participação no ocorrido.
Hadirson foi encontrado morto com sinais de violência no final da tarde desta segunda, dentro de um matagal, às margens da rua Raimundo Nonato de Sousa, no loteamento Juliana, no conjunto Santa Delmira. O delegado disse que o menor se apresentou na delegacia e contou a versão do caso. Rafael Arraes relatou ainda que os próprios suspeitos revelaram que seriam garotos de programa e que utilizavam aplicativo de relacionamento para atrair as vítimas.
“E, segundo eles, devido a desentendimentos no pagamento desse programa, teriam executado a vítima”, detalhou o titular da Homicídios, acrescentando que em decorrência de outro crime semelhante registrado na cidade no mês passado, a polícia acredita que os dois casos se configurem como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte.
O delegado lembrou que o outro caso similar ocorrido em abril deste ano, no bairro Barrocas, vitimou o também homossexual Bruno Allyson, que ainda conforme Arraes, “teve o mesmo modo de execução, que foi por estrangulamento, tanto a vítima de ontem (segunda, 9), como Bruno no mês de abril. E também houve produtos roubados da residência do Bruno. A gente acredita que seriam dois latrocínios”, pontuou o titular da Homicídios.
Ele destacou ainda que diante de uma investigação sobre a morte de Bruno que estava em andamento, concluiu-se que Vinicius Rafael e o adolescente também são os autores do ocorrido que vitimou ele no dia 05 do mês passado. A polícia civil disse que, além disso, durante depoimento, Vinícius Rafael e o adolescente confessaram ter matado no dia 05 de abril deste ano, Bruno Allyson, onde, segundo eles, a motivação teria sido a mesma nos dois casos: as vítimas contrataram um programa e não pagaram. “São autores confessos dos dois latrocínios. Segundo eles, também na vítima Bruno, seria o desentendimento de um pagamento. Mas, lá a gente já tem ciência que foi levado um televisor e alguns objetos da residência. Então, nós não temos dúvidas que foram dois crimes de latrocínio”, finalizou o delegado.
O adolescente foi encaminhado ao Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório, e Vinícius Rafael foi encaminhado à cadeia pública de Mossoró.
Comoção
A morte do fisioterapeuta Hadirson Caio gerou uma ampla comoção na cidade e também nas redes sociais. A repercussão do caso começou no último domingo (8), quando começaram a divulgar o desaparecimento dele. Com a localização do carro dele e depois do corpo, amigos e até políticos lamentaram o ocorrido.
A vereadora trans de Carnaúba dos Dantas e pré-candidata à deputada estadual, Thabatta Pimenta, externou pesar com o caso. “Até quando? Mais um jovem LGBTI+ morto em Mossoró”, postou ela em uma rede social, dizendo que se precisa debater urgentemente essa violência contra a comunidade LGBTQIA+ no estado e que isso não deve ficar impune.
Hadirson foi velado ontem em Mossoró e sepultado no município de Patu.
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