Sexta-Feira, 25 de abril de 2025

Postado às 11h15 | 25 Abr 2025 | Redação Operação Plata: MPRN obtém condenação de réus em esquema articulado no RN

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O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) obteve nova sentença condenatória no âmbito da Operação Plata, que apura a atuação de uma associação criminosa destinada a ocultar e dissimular recursos de origem do tráfico de drogas de liderança do Primeiro Comando da Capital – PCC. A decisão da Justiça alcança Valdeci Alves dos Santos, Maria do Nascimento dos Santos, Siderley Nogueira de Medeiros e Valdinaldo Fernandes de Araújo, condenados pelos crimes de lavagem de capitais e associação criminosa.

Segundo a sentença, Valdeci Alves dos Santos exerceu papel de liderança no esquema e foi reconhecido como um dos principais nomes do Primeiro Comando da Capital (PCC) fora do sistema prisional. Ele possui longa trajetória criminosa e, até sua prisão em 2022, era apontado como a segunda maior liderança do PCC em liberdade no país. De acordo com os autos, Valdeci coordenava a movimentação e dissimulação de valores provenientes de atividades ilícitas, utilizando familiares e terceiros como interpostas pessoas para aquisição de bens, transações imobiliárias e distribuição de numerário em espécie.

A Justiça reconheceu 17 condutas autônomas de lavagem de dinheiro atribuídas ao réu, que foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de reclusão, em regime fechado. Valdeci já cumpre pena por outras condenações e foi investigado por envolvimento em planos de resgate de lideranças do crime organizado, incluindo o próprio Marcola.

Maria do Nascimento dos Santos, irmã de Valdeci, foi condenada por simular a compra e venda do imóvel rural conhecido como “Sítio Firmeza” e por receber valores em espécie sem comprovação de origem, atuando na ocultação patrimonial do irmão. A pena aplicada foi de 10 anos e 9 meses de reclusão, em regime fechado.

Siderley Nogueira de Medeiros, advogado e procurador do município de Jardim de Piranhas, também foi condenado por sua atuação como operador financeiro do grupo. Parente por afinidade de Geraldo dos Santos Filho (“Pastor Júnior”, irmão de Valdeci), movimentou elevadas quantias de origem ilícita por meio de depósitos fracionados e administração de numerário em espécie. Também foi reconhecida sua participação em associação criminosa. A pena foi fixada em 6 anos e 10 meses de reclusão, em regime semiaberto, com direito de apelar em liberdade.

Valdinaldo Fernandes de Araújo, conhecido como “Novinho”, foi identificado como operador financeiro de Valdeci na região do Seridó. Segundo as investigações, mantinha relação de confiança e proximidade com o líder do PCC, movimentando grandes volumes de dinheiro em espécie, negociando veículos e utilizando contas bancárias para dissimular a origem dos recursos. Valdinaldo esteve foragido por quase dois anos, com mandado de prisão expedido pela UJUDOCrim desde 2022, sendo capturado apenas em novembro de 2024, durante a Operação Argento. Foi condenado a 9 anos e 10 meses de reclusão, em regime fechado, com manutenção da prisão preventiva e sem direito de recorrer em liberdade.

A Operação Plata revelou um esquema de lavagem de dinheiro com base familiar, envolvendo a utilização de empresas, imóveis, igrejas e contas bancárias de terceiros para dar aparência de licitude a recursos ilícitos oriundos do tráfico de drogas e da atuação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As investigações, iniciadas em 2019, contaram com medidas cautelares como interceptações telefônicas, quebras de sigilo e busca e apreensão, culminando na deflagração da operação e no oferecimento de diversas denúncias criminais. Esta sentença marca mais uma etapa na responsabilização dos envolvidos.

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