Faltando pouco mais de uma semana para o Dia Internacional da Mulher, celebrado no próximo sábado (08), mais quatro mulheres foram vítimas da violência letal contra o sexo feminino no interior do Rio Grande do Norte. Os crimes ocorreram nas cidades de Francisco Dantas, Taboleiro Grande, Poço Branco e Arês. Em três das quatro mortes, o atual e/ou ex-companheiro das vítimas já foram apontados como autores dos assassinatos.
O primeiro feminicídio foi registrado no município de Francisco Dantas, localizado na região do Alto Oeste. Uma agricultora de 55 anos de idade, identificada como Joana Darc Ferreira foi morta com golpes de faca peixeira no sítio Jacu, zona rural da cidade. O marido dela identificado como Joasse Aquino foi preso logo em seguida pelo crime ocorrido neste sábado (29), após um desentendimento entre o casal.
Já na madrugada de domingo (01), uma mulher de 30 anos de idade, identificada como Carla Simone Nunes da Silva foi morta também a facadas dentro de um motel no município de Taboleiro Grande. O relato é de que o crime aconteceu quando um ex-companheiro da vítima invadiu o estabelecimento a esfaqueou e o atual companheiro, também. Ela morreu no local e o homem foi levado ferido para o hospital.
O suspeito ainda seguia foragido até o fechamento desta matéria. E no começo da manhã de domingo, Ieda Railene, de 28 anos, foi morta com golpes de machado no distrito de Poço do Antônio, em Poço Branco. O autor do crime seria o companheiro dela que fugiu do local após o assassinato, mas, foi detido nas imediações logo depois por guardas municipais.
Além desses três casos de violência letal contra vítimas do sexo feminino, mais um outro aconteceu neste final de semana no estado. Uma adolescente de 16 anos de idade foi morta a pauladas. O crime aconteceu também neste domingo na cidade de Arês. O corpo da jovem foi encontrado em um campo de futebol. A autoria e motivação do crime não foram informadas até o fechamento desta matéria.
Mais mortes
Além desses quatro femicídios, outras seis mortes por disparos de arma de fogo foram registradas pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP/RN) do Estado. Dois casos constantes na listagem de óbitos do site do órgão dão conta de duas ocorrências em Natal, uma em Macaíba, uma em Parnamirim, uma em João Câmara e uma em Santa Maria. Apenas as mortes na capital foram em residência e as outras foram em vias públicas; sendo que todas vitimaram homens.
Ato público em Currais Novos cobra justiça por jovem morta por PM em Caicó há 1 ano
Familiares e amigos da universitária Zaira Dantas Silveira Cruz anunciaram um ato público para esta segunda-feira (02), no município de Currais Novos, região do Seridó potiguar, para cobrar justiça pela morte da estudante. O crime aconteceu no dia 02 de fevereiro do ano passado, durante o carnaval na cidade de Caicó.
A manifestação de ontem, em prol da jovem morta aos 22 anos de idade, foi divulgada através das redes sociais. O movimento foi marcado para se concentrar nas imediações da praça da rodoviária de Currais Novos e chamar a atenção também para a problemática geral da violência contra a mulher.
“A cidade, que há um ano chora sua partida, hoje transforma o luto em verbo e chama toda a população para ir às ruas clamar por justiça, pelo direito à vida de todas as mulheres e pelo fim do feminicídio”, frisou trecho do material divulgado em prol do ato público, previsto para seguir com um cortejo até a Praça Cristo Rei com a presença de escolas, carros de som e cartazes.
“Para a família de Zaira, ela é um anjo; para o processo, ela é um corpo de delito; mas, para a humanidade, ela é um mártir. Todos nós somos Zaira. Todos nós conhecemos uma Zaira na vida. Então, fazer justiça por Zaira é fazer justiça por muitas”, disse a advogada Kalina Medeiros, da família da vítima, ao Blog da GL, de Caicó.
Em abril de 2019, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) denunciou à Justiça potiguar o policial militar Pedro Inácio Araújo de Maria pelos crimes de estupro e homicídio quadruplamente qualificado pela morte de Zaira. O MPRN requereu que ele seja submetido a Júri Popular. Pedro Inácio está preso no Comando-Geral da Polícia Militar.
RN soma 267 assassinatos no ano, com 17 mulheres mortas, sendo 4 feminicídios
O Rio Grande do Norte terminou os dois primeiros meses de 2020 com a marca de 267 assassinatos. Dentro desse total, estão 17 mulheres mortas, sendo quatro crimes caracterizados como feminicídios, que é o assassinato de mulher motivado por violência doméstica e/ou de gênero. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED/RN).
Segundo números disponibilizados pela Sesed no site oficial do órgão, com estatísticas de fevereiro divulgadas ontem, 123 pessoas foram mortas no estado em janeiro e 144 em fevereiro. No primeiro mês, foram oito mulheres mortas, sendo um feminicídio; e no segundo, foram nove, sendo três feminicídios.
O levantamento da Sesed revela ainda que em janeiro deste ano Natal foi palco para 24 mortes e Mossoró, nove; contra 25 e 16 crimes, respectivamente, no mês passado. Os dados da pasta apontam também que o primeiro mês de 2019 teve sete mortes a mais (130 contra 123) e que o segundo teve 41 a menos (103 contra 144).
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