Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024

Postado às 10h45 | 23 Set 2020 | Redação Desmilitarização da PM, proposto pelo governo, invade competência federal

Desmilitarização da Polícia Militar do Rio Grande do Norte integra um conjunto de propostas apresentadas em um recente evento do Governo do Estado sobre segurança pública. A medida polêmica propõe a adoção de perspectiva de polícia comunitária

Crédito da foto: Arquivo Governadora Fátima Bezerra quer desmilitazar a polícia do Rio Grande do Norte

Por Fábio Vale - Repórter do JORNAL DE FATO

A desmilitarização da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (PMRN) integra um conjunto de propostas apresentadas em um recente evento do Governo do Estado sobre segurança pública. A medida polêmica propõe a adoção de perspectiva de polícia comunitária para a corporação.

Essa foi uma das 98 propostas apresentadas na II Conferência Estadual de Segurança Pública do RN, realizada de forma virtual entre os últimos dias 16 e 18. O evento integra uma série de ações em prol da formulação do Plano Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (PESP).

A reportagem encaminhou e-mail para as assessorias dos órgãos de segurança pública potiguar para obter uma posição sobre o assunto, mas, até o fechamento desta matéria, não houve retorno. A informação é de que o tema ainda deve ser debatido em uma audiência pública na Assembleia Legislativa, sem data prevista.

A expectativa é que essa discussão ocorra antes do final deste ano, visto que o Estado tem até o dia 27 de dezembro para concluir o Plano Estadual de Segurança Pública. Todas as propostas deverão ser revisadas antes de serem oficializadas. Outra proposta apresentada envolve a criação de cargos administrativos para a Polícia Civil do RN, que não dispõe de pessoal especificamente para esse setor de atividade-meio.

Com isso, quem vinha exercendo essa função administrativa são os próprios policiais civis. Mas, ano passado, a Justiça determinou que tais profissionais retornassem para atividades-fim, como investigação. O Governo do RN diz que a contratação de pessoal administrativo para a corporação depende da existência de orçamento.

As outras propostas incluem ainda políticas sobre drogas, sistema penitenciário, e violência contra mulheres e crianças, dentre outras medidas em prol da segurança pública potiguar. A Conferência contou com mais de 1.500 pessoas, sendo mais de 160 delegados com direito a voto, de 67 municípios potiguares. O vice-governador Antenor Roberto está à frente dos trabalhos.

Associação dos Oficiais Militares do RN diz que medida invade competência federal

Por meio de nota datada desta terça-feira (22), a Associação dos Oficiais Militares Estaduais do RN (ASSOFME), afirmou que a desmilitarização das polícias só é possível mudando a Constituição Federal e que nenhuma unidade federativa tem competência para tanto.

“Suscitar esse tema em debates estaduais sobre segurança pública, como foi a Conferência Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte, caracteriza devaneios de operadores de segurança frustrados e ausência total de credibilidade por parte do Governo, vez que tem a plena consciência que esse tema foge totalmente à sua competência”, destacou trecho do comunicado.

“A definição do tal evento que tratou a ‘desmilitarização da PM como proposta para melhorar a segurança pública do Rio Grande do Norte’ é recebida com descrédito e grande preocupação. Afinal, o Governo do Estado não cumpre suas obrigações com o cidadão e ainda se propõe a invadir a competência do Governo Federal, numa afronta à Constituição do nosso país”, asseverou a ASSOFME.

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