Por Fábio Vale - Repórter do JORNAL DE FATO
Profissão perigo. Dessa vez, não estamos falando de agentes de segurança pública e/ou particular e nem dos profissionais da área da Saúde, nesse caso específico dentro do atual contexto da pandemia da covid-19. Mas, sim de uma recente categoria que surgiu nos últimos anos e que também vive à mercê da violência urbana em todo o país.
No Rio Grande do Norte, a situação, infelizmente, não é diferente. Os motoristas de transporte por aplicativo têm sido alvos recorrentes de ações criminosas em todo o território potiguar. Mesmo sem números oficiais sobre o registro desse tipo de ocorrências no estado, são diversos os relatos, principalmente, em redes sociais, de casos de roubos e furtos sofridos por esses ‘profissionais do volante’.
Foi o que aconteceu com um universitário de 28 anos de idade, que reside em Mossoró, e que trabalha como motorista de aplicativo na cidade para poder se sustentar longe da família, que mora no estado do Ceará. Ele, que pediu para ter a identidade preservada por questão de segurança, conta que no final do ano passado passou por momentos de terror durante um assalto enquanto trabalhava.
“Acabei aceitando uma corrida para um bairro bem mais afastado do Centro da cidade durante a noite e ia levando dois rapazes. Já perto do destino final, um deles encostou um objeto pontudo atrás do banco do motorista e disse que era um assalto. Eles pegaram todo o dinheiro que eu tinha apurado naquele dia e meus dois celulares, além da chave do carro e fugiram à pé me deixando trancado dentro do carro”.
A vítima relata que horas depois conseguiu sair do veículo com a ajuda de um popular e então acionou a polícia.
Além de assaltos, motoristas correm risco de vida, como recente caso em Mossoró
Além do perigo de serem alvos de roubos e furtos durante o exercício da profissão, os motoristas de aplicativos ainda correm o risco de vida. Como se não bastassem os assaltos com perdas materiais, esses profissionais acabam ficando também na mira de crimes letais, como assassinatos.
Um desses casos foi registrado recentemente na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. O motorista de aplicativo e ex-candidato a vereador Carlos Reginaldo Holanda Nogueira Júnior, mais conhecido como "Espanta", foi morto a tiro na noite do dia 21 de janeiro deste ano. Segundo a polícia, três acusados teriam acionado o serviço de transporte da vítima com o fim sigiloso de executar desafetos na Favela do Fio.
Após luta corporal durante uma alegada tentativa de fuga da vítima, um dos acusados teria baleado o motorista na cabeça. Logo após o crime caracterizado como latrocínio (roubo seguido de morte) por terem levado o celular e o carro da vítima, dois suspeitos foram detidos ainda em Mossoró: Vandercleiton Leandro de Lira, 24 anos, e Marcos Vinícios Silva dos Santos, 22 anos.
Já no começo deste mês, a polícia anunciou a prisão do terceiro acusado, identificado como Antônio Lucas Lobo Maia, que foi preso no estado do Ceará após romper a tornozeleiria eletrônica e apontado como o autor do disparo que resultou na morte do motorista. Na ocasião da captura dele, a Polícia Civil também divulgou que tinha concluído o inquérito e que o caso já tinha sido encaminhado ao Poder Judiciário.
Empresa de app de transporte diz que investe na segurança de motoristas e passageiros
Em meio à incidência de casos de delitos praticados contra motoristas de aplicativo e também passageiros, uma empresa que opera nacionalmente um app desse tipo de serviço divulgou nesta semana ações e medidas que vem adotando em prol da segurança de todos os envolvidos neste sistema de transporte.
Por meio da assessoria, a 99 Pop, que também atua em Mossoró, destacou que o aplicativo reduziu crimes em 29% no ano passado; e que, além disso, casos graves na plataforma, como roubos e sequestros, caíram 29% por milhão de corrida, de janeiro a dezembro de 2020. A empresa ressaltou que investimentos contínuos em tecnologia e atendimento humanizado foram os fatores principais que colaboraram com a redução dos casos e que os estados que apresentaram as maiores quedas foram Ceará, Pará e Paraná.
A reportagem solicitou dados referentes ao Rio Grande do Norte, mas, até o fechamento desta matéria, não houve retorno. Segundo o app, as ocorrências graves caíram 60,79% no Ceará; 55,22% no Pará; Paraná, com 45,75%; e Rio de Janeiro, com 37,62%. De acordo com a empresa, esse quadro também é reflexo de medidas como foco em inteligência artificial, ferramentas de proteção, e câmeras de segurança, resultantes de R$ 35 milhões de investimentos em segurança.
A organização promete em 2021 aprimorar a inteligência artificial e expandir ainda mais as tecnologias, como o Assistente de Segurança - que reúne todas as informações e recursos disponíveis sobre segurança, permitindo consultar informações do motorista antes da chamada ou ativar algum recurso de proteção quando um comportamento anormal é identificado durante ou depois da corrida -; o monitoramento por câmeras de segurança; e as opções de Gravação de Áudio e o Monitoramento de Corridas, que detecta automaticamente paradas longas ou trajetos com tempo acima do previsto e toma uma série de ações preventivas.
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