Por Fábio Vale - Repórter do JORNAL DE FATO
Depois da Polícia Civil do Rio Grande do Norte (PCRN) anunciar o adiamento do concurso público da instituição, diante do agravamento da pandemia da covid-19 também no estado, entidades policiais se manifestaram sobre o assunto. Tanto o Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do RN (SINPOL-RN) quanto a Associação dos Escrivães de Polícia Civil do Estado (ASSESP) disseram entender a medida, mesmo com a necessidade de reforçar o efetivo da corporação.
O Sinpol-RN disse que, inicialmente, posicionou-se contra a suspensão do certame, por saber da urgência de se aumentar o efetivo da Polícia Civil, mas que também compreendeu a decisão tomada pelas autoridades neste momento de alta dos casos do novo coronavírus e de ocupação dos leitos de UTI.
“Gostaríamos que todos os trâmites seguissem normalmente, como havia sido planejado, mas estamos diante de uma crise sanitária que diariamente tem variantes no quadro e, atualmente, está em uma fase muito crítica. Portanto, respeitamos as decisões da comissão e as recomendações das autoridades de saúde, pois com certeza estão sendo levadas em conta questões técnicas”, avaliou a presidente da entidade, Edilza Faustino.
O Sindicato afirmou que continuará atuando para garantir a realização do concurso o mais rápido possível, de forma que haja reforço no efetivo já nos próximos meses. A Assesp-RN também se manifestou sobre o adiamento do certame. A Associação chamou atenção para o "enorme" déficit de efetivo da Polícia Civil, sobretudo de escrivães. A entidade citou como exemplo a delegacia de plantão da Zona Sul de Natal que atende vários municípios do estado e que já teve três escrivães e que, atualmente, em pelo menos uma equipe possui apenas um escrivão.
"Ou até mesmo na Plantão de Mossoró que também atende diversos municípios e tinha um escrivão por equipe desde a sua criação. Atualmente, possui equipes sem escrivães fixos, demandando que os escrivães do expediente tirem plantão, além da sua carga horária semanal", detalhou material encaminhado pela Assesp a pedido da reportagem e assinado pela presidente Carolina Campos. A Associação lembrou que o concurso tinha previsão inicial de 33 vagas para escrivão e foi reduzido para 24, tendo em vista que é permitido apenas a reposição de vagas por aposentadoria ou morte. "Este número não supre a necessidade do RN, mas mesmo assim traria algum alívio neste cenário tão desolador", pontuou a entidade.
"Ainda assim, entendemos coerente a decisão da Comissão do Concurso da suspensão das provas até momento mais adequado, tendo em vista o acelerado aumento de casos de Covid somados à falta de leitos. Portanto, nada mais coerente que a decisão tomada, acima de tudo precisamos preservar vidas", acrescentou, reafirmando que a Assesp sempre lutou pela realização do concurso público e que, apesar da extrema necessidade de suprir o déficit e renovar o efetivo, concorda com a postura assumida pela Comissão do Concurso.
Adiamento
Na noite desta segunda-feira (22), a Polícia Civil do Rio Grande do Norte divulgou que, após reunião extraordinária realizada no decorrer do dia, a Comissão Especial do Concurso Público da Polícia Civil decidiu por unanimidade pelo adiamento das provas, aprazadas para os dias 07 e 14 de março, "em face do agravamento dos indicadores da pandemia, conforme dados estatísticos e análise por parte do Comitê de Especialistas da Secretaria Estadual de Saúde Pública". A Comissão garantiu que continuará vigilante e atenta à mudança dos fatos ensejadores da medida adotada, para que, "tão logo a situação da pandemia seja estabilizada no estado, o processo seletivo tenha prosseguimento".
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