Onze municípios do Rio Grande do Norte tem o câncer como a principal causa de morte. O quadro foi apontado em estudo divulgado nesta segunda-feira (16).
A pesquisa do Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), mostra também que o estado potiguar registrou 89 óbitos motivados pela doença no ano de 2015, sendo a maioria homens.
Segundo o estudo, em 516 dos 5.570 municípios brasileiros o câncer já é a principal causa de morte. Esta é principal conclusão de levantamento inédito feito com base nos números oficiais mais recentes do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM).
Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (16), na sede do CFM, durante a terceira edição do Fórum Big Data em Oncologia promovido pelo TJCC, com o apoio do CFM, e que reuniu especialistas no assunto, autoridades e representantes de pacientes.
Os dados mostram que a maior parte das cidades onde o câncer já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do País, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores matam mais, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140). No Nordeste, estão 9% dessas localidades (48); no Centro-Oeste, 34 (7%); e no Norte, 19 (4%).
Ao todo, estes municípios concentram uma população total de 6,6 milhões de habitantes. Onze municípios são considerados de grande porte, sendo Caxias do Sul (RS) o mais populoso deles, com quase meio milhão de habitantes. Outros 27 são de médio porte (com população entre 25 mil e 100 mil) e a grande maioria (478) está situada na faixa de pequenos municípios, com menos de 25 mil habitantes. Araguainha, menor cidade do Mato Grosso, é também a menor cidade da lista identificada pelo TJCC e CFM.
O Rio Grande do Sul é o Estado com o maior número de municípios (140) onde o câncer é a primeira causa de morte. Enquanto em todo o País as mortes por câncer representam 16,6% do total, no território gaúcho esse índice chega a 33,6%. Um dos fatores que pode explicar a alta incidência de câncer na região são as características genéticas da população, que pode apresentar maior predisposição para desenvolver o câncer de pele (melanoma), por exemplo.
Das 27 unidades federativas, 24 contam com pelo menos uma localidade onde o câncer é a principal causa de mortalidade. Alagoas e Amapá foram os únicos estados onde essa situação não aconteceu, além do Distrito Federal, que, por sua característica administrativa, não se divide em municípios. Nos três, a principal causa de óbito está relacionada às doenças do aparelho circulatório.
Embora todos os estados brasileiros tenham pelo menos um hospital público habilitado em oncologia, as regiões Sul e Sudeste concentram 69% (205) deles. Além disso, nestas duas regiões estão 66% (1.354) das salas de quimioterapias e 72% (355) dos aparelhos de radioterapia. Em relação à saúde suplementar ou particular, para as mesmas regiões estão disponíveis 75% (308) dos hospitais que realizam tratamento oncológico.
Tabela 1. Quantidade de municípios onde o câncer é a principal causa de morte, segundo região do Brasil e Unidade da Federação – 2015
Região |
Municípios |
Estado |
Municípios |
CENTRO-OESTE |
34 |
Goiás |
16 |
Mato Grosso |
16 |
||
Mato Grosso do Sul |
2 |
||
NORDESTE |
48 |
Bahia |
11 |
Ceará |
4 |
||
Maranhão |
1 |
||
Paraíba |
15 |
||
Pernambuco |
1 |
||
Piauí |
3 |
||
Rio Grande do Norte |
11 |
||
Sergipe |
2 |
||
NORTE |
19 |
Acre |
1 |
Amazonas |
3 |
||
Pará |
1 |
||
Rondônia |
2 |
||
Roraima |
1 |
||
Tocantins |
11 |
||
SUDESTE |
140 |
Espírito Santo |
3 |
Minas Gerais |
84 |
||
Rio de Janeiro |
1 |
||
São Paulo |
52 |
||
SUL |
275 |
Paraná |
40 |
Rio Grande do Sul |
140 |
||
Santa Catarina |
95 |
Tabela 2. Quantidade de óbitos nos 516 municípios, segundo sexo, região do Brasil e Unidade da Federação – 2015
Região |
Estado |
Masculino |
Feminino |
||
CENTRO-OESTE |
Mato Grosso |
66 |
58% |
47 |
42% |
Goiás |
42 |
52% |
39 |
48% |
|
Mato Grosso do Sul |
1 |
25% |
3 |
75% |
|
NORDESTE |
Alagoas |
12 |
60% |
8 |
40% |
Bahia |
160 |
59% |
113 |
41% |
|
Rio Grande do Norte |
52 |
58% |
37 |
42% |
|
Piauí |
31 |
57% |
23 |
43% |
|
Pernambuco |
31 |
55% |
25 |
45% |
|
Maranhão |
34 |
54% |
29 |
46% |
|
Sergipe |
8 |
53% |
7 |
47% |
|
Paraíba |
77 |
51% |
74 |
49% |
|
Ceará |
28 |
49% |
29 |
51% |
|
NORTE |
Amazonas |
22 |
73% |
8 |
27% |
Roraima |
5 |
71% |
2 |
29% |
|
Acre |
12 |
71% |
5 |
29% |
|
Rondônia |
12 |
67% |
6 |
33% |
|
Tocantins |
100 |
55% |
81 |
45% |
|
Pará |
15 |
54% |
13 |
46% |
|
SUDESTE |
Espírito Santo |
38 |
69% |
17 |
31% |
Rio de Janeiro |
19 |
66% |
10 |
34% |
|
Minas Gerais |
694 |
57% |
519 |
43% |
|
São Paulo |
703 |
56% |
547 |
44% |
|
SUL |
Paraná |
689 |
60% |
461 |
40% |
Santa Catarina |
1016 |
56% |
788 |
44% |
|
Rio Grande do Sul |
1633 |
56% |
1293 |
44% |
|
Total |
5500 |
57% |
4184 |
43% |
Tabela 3. Quantidade de óbitos nos 516 municípios, segundo faixas etárias – 2015
Faixa Etária |
Quantidade de Óbitos |
0 a 9 anos |
56 |
10 a 19 anos |
71 |
20 a 29 anos |
109 |
30 a 39 anos |
252 |
40 a 49 anos |
690 |
50 a 59 anos |
1700 |
60 a 69 anos |
2408 |
70 a 79 anos |
2474 |
80 anos e mais |
1925 |
Tabela 4. Quantidade CACONs e UNACONs, segundo região do Brasil e Unidade da Federação – 2017.
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