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Postado às 09h30 | 15 Mar 2018 | Redação Mossoró chega aos 166 anos como a cidade da resistência e da cultura

Crédito da foto: Carlos Costa Mossoró é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte

Por Amina Costa - JORNAL DE FATO

Em 15 de março de 1852, através do decreto provincial 246, Mossoró se desvinculou do município de Assú e foi elevada de sede administrativa à categoria de vila. Hoje, Mossoró comemora 166 anos de emancipação política e tem em sua história relatos de lutas e conquistas, tornando-se uma das cidades mais importantes do estado.

Por muitos anos, a data mais importante do município foi comemorada de forma equivocada no dia 9 de novembro. Somente a partir do ano de 2013, a cidade passou a comemorar sua emancipação política em dia e mês corretos. A mudança da data de comemoração ocorreu após votação na Câmara Municipal de Mossoró (CMM) de projeto apresentado pelo então vereador Genivan Vale.

Ainda no processo de desvinculação de Mossoró da cidade de Assú, a história dá conta de que os principais incentivadores da criação do município foram o vigário Antônio Joaquim e o padre Antônio Freire de Carvalho. Eles foram responsáveis pela organização de um abaixo-assinado que seria dirigido à Assembleia Provincial, pleiteando a criação da vila e município de Mossoró e do Tribunal de Jurados.

Após sua emancipação, Mossoró ganhou destaque no estado por ser pioneira em lutas pelos direitos das mulheres e dos escravos, por exemplo. Em 1928, a mossoroense Celina Guimarães entrou para a história por ter sido a primeira mulher a ter o direito ao voto no país. O primeiro voto feminino ocorreu onde atualmente funciona a Biblioteca Municipal Ney Pontes, localizada no centro da cidade.

Após a professora Celina Guimarães ter tirado seu título eleitoral, um grande movimento nacional levou mulheres de diversas cidades do Rio Grande do Norte e de outros nove estados da Federação a fazer a mesma coisa. O episódio tem importância mundial, pois, ainda hoje, mais de uma centena de países ainda não tem permitido à mulher o direito de voto.

Outro grande marco na história de Mossoró foi o pioneirismo na luta contra a abolição da escravatura. A cidade foi a primeira do Rio Grande do Norte a fazer campanhas para o fim da escravidão. A luta envolveu toda a cidade de Mossoró e, por isso, até hoje, é comemorada como uma das maiores festas cívicas da cidade.

O dia 30 de setembro de 1883 foi escolhida para ser a data de abolição da escravatura no município. Naquele 30 de setembro, a cidade amanheceu com as ruas todas engalanadas de folhas de carnaubeiras e bandeiras de papel coloridas. Até hoje, o dia 30 de setembro é feriado municipal em alusão a esse marco histórico.

Em comemoração à emancipação política do município, a Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) realiza a solenidade de hasteamento da bandeira do Município. O evento inicia às 8h no Palácio da Resistência. A solenidade vai contar também com a presença da banda de música Arthur Paraguai, que vai executar o hino do Município.

 

Resistência ao bando de Lampião marca história de Mossoró

Um dos principais marcos da história de Mossoró é a resistência do povo ao bando do cangaceiro Lampião, no ano de 1927. Nos dias atuais, esse momento é recontado por meio da encenação do espetáculo Chuva de Balas no País de Mossoró, durante os festejos do Mossoró Cidade Junina (MCJ). Esse acontecimento é um dos que mais orgulham o povo de Mossoró.

Em 1927, Mossoró já tinha aproximadamente 20 mil habitantes e estava no ápice do crescimento econômico, por meio das indústrias e do comércio. Possuía o maior parque salineiro do país, era ligada ao litoral por estrada de ferro, contava ainda com estradas de rodagem, energia elétrica alimentando várias indústrias, dois colégios religiosos, agências bancárias e repartições públicas.

Toda essa riqueza que Mossoró já tinha na época atraiu a atenção de Virgulino Ferreira, “Lampião”, o cangaceiro mais temido da região. O cangaceiro chegou a pedir uma quantia para não invadir Mossoró, mas o então prefeito do município, Rodolfo Fernandes, recusou a proposta, afirmando que não possuía recursos para a quantia exigida.

No dia 13 de junho, Lampião e seu bando invadiram a cidade de Mossoró e encontraram as ruas desertas, graças a uma força-tarefa para tirar os moradores da cidade, realizada por Rodolfo Fernandes. Os que ficaram em Mossoró lutaram contra o bando, que ao ter visto a resistência do povo, decidiu fugir da cidade.

No cemitério São Sebastião, localizado no centro de Mossoró, encontra-se a cova de “Jararaca”, um dos integrantes do bando, que chegou a ter sido preso durante a invasão e morreu pouco tempo depois. No dia 2 de novembro, Dia de Finados, a cova do cangaceiro é uma das mais visitadas no cemitério.

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