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Postado às 12h30 | 02 Dez 2018 | Redação Setor produtivo de Mossoró comemora venda de campos maduros pela Petrobras

Crédito da foto: Arquivo Produção de petróleo no RN não atrai mais a Petrobras

MAGNOS ALVES/JORNAL DE FATO

O anúncio da venda de ativos da Petrobras em Mossoró e região foi comemorado pelo setor produtivo local. Em regra geral, setores como construção civil, supermercados e lojistas esperam que o repasse de campos maduros da Petrobras para outras empresas ajude na recuperação da economia local e regional.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mossoró (SINDUSCON), engenheiro civil Sérgio Freire, a venda dos poços para a iniciativa privada deve ser motivo de alegria. Ele observa que a exploração desses poços é uma atividade que está em plena decadência e é responsável pelo aumento do número de desemprego e diminuição de recursos na economia. “Com a concessão desses poços, renovamos a esperança de aquecer nossa economia, abrindo vários novos postos de trabalho, fomentando o comércio, a prestação de serviços e a construção civil. Grande notícia para aumentarmos o otimismo de um 2019 muito próspero”, avalia o engenheiro.

O diretor administrativo da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (ASSURN), Jair Queiroz, destaca que a venda dos poços maduros era uma luta da classe empresarial. “O investimento de novas empresas vai trazer mais emprego e, consequentemente, aumentar o consumo e melhorar os níveis de venda do comércio”, analisa.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Mossoró, Michelson Frota, diz que a venda dos campos é uma oportunidade de negócios. “É a forma mais rápida de atrair investimentos e de retomar os empregos que foram perdidos. Faz tempo que a gente luta por isso”, afirma.

O diretor do Sistema Fecomércio Rio Grande do Norte, Marcelo Queiroz, acredita que, com a decisão de vender seus ativos, a Petrobras viabiliza a retomada da produção dos poços. “Essa retomada deverá ter impactos em toda a economia, com reflexos na geração de novos empregos e incremento, entre outras coisas, das atividades comerciais e de serviços. Sem dúvida, é uma decisão que deve ser comemorada por todos nós potiguares”, declara.

Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Mossoró é mais comedido. Ele atenta que a venda em si não representará muito se os investidores não implementar uma política de aumento de produção nesses campos. “Esperamos que a venda dos campos maduros possa representar uma melhora nos investimentos nessa importante área da nossa economia, que tem sido relegada a segundo plano pela Petrobras”, acrescenta.

No Município, o clima também é de otimismo. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Agricultura e Turismo, Lahyre Rosado Neto, diz que a negociação é a possibilidade de a área do petróleo e gás voltar a gerar empregos. “Como sabemos, a Petrobras está deixando de investir em Mossoró há algum tempo, o que tem sido sentido na economia local. A iniciativa privada já deveria ter assumido os campos que a Petrobras não tem interesse há muito tempo. A perspectiva é boa e esperamos mais emprego e renda para a nossa cidade”, ressalta.

 

Pedido de autorização para venda de polo ainda não foi protocolado na ANP

A venda do polo Riacho da Forquilha ainda precisa da chancela da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para ser concretizada. Até sexta-feira (30), a Petrobras ainda não havia protocolado o pedido, conforme a ANP informou ao JORNAL DE FATO.

Conforme o artigo 29 da lei 9478/97, a transferência do contrato de concessão é permitida desde que o novo concessionário atenda aos requisitos técnicos, econômicos e jurídicos estabelecidos pela ANP. “Nesse sentido, são analisados os documentos de qualificação da cessionária, com base nas regras do edital de licitações mais recentemente aprovado pela ANP à época do pedido; os documentos societários da cedente; e o cumprimento das obrigações contratuais e legais”, explica a ANP.

Em 2017, a 3R Petroleum tentou participar da 4ª Rodada de Licitações de Áreas com Acumulações Marginais, mas não foi inscrita pela ANP pelo não atendimento de exigências do edital da referida licitação.

 

Empresa compradora não tem nenhuma experiência no setor

A empresa que está comprando o polo Riacho da Forquilha não tem nenhuma experiência no setor de petróleo e gás. A própria Petrobras deu essa informação ao anunciar a venda dos 34 campos maduros em Mossoró e região e a ANP confirmou que a 3R Petroleum “é uma nova entrante nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil”.

O anúncio da 3R Petroleum como compradora dos poços foi recebido com surpresa pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO/RN), “por ela ser uma total desconhecida do setor”, observa Pedro Lúcio, diretor do sindicato.

Além da desconfiança sobre a empresa, o sindicalista teme que a cessão dos ativos da Petrobras gere mais desemprego. “Já perdemos mais de cinco mil empregos diretos, e nessa negociação do polo Riacho da Forquilha temos mais 350 trabalhadores envolvidos, sendo 300 terceirizados”, revela.

 

Setores não temem efeito contrário

O setor produtivo não teme que a venda dos ativos da Petrobras tenha efeito contrário na economia, gerando, por exemplo, mais desemprego, como vem sendo apontado pelo Sindipetro/RN.

Jair Queiroz defende que a Petrobras já vinha em um processo de inércia na nossa região há algum tempo. “Foi só a venda de alguns pequenos campos. Esperamos que outras vendas venham. Quem fez a compra, não vai deixar esse dinheiro parado”, pondera.

Lahyre Rosado Neto mantém o mesmo nível de discurso. Para ele, a Petrobras certamente continuará com o que lhe é rentável. “Também não vejo ‘incerteza’ se a empresa apresentou toda documentação exigida. Acreditamos na lisura do processo e da responsabilidade da Petrobras e ANP”, complementa

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