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Postado às 12h45 | 02 Jan 2018 | Redação Com o caos na segurança pública e salários atrasados, sucessão não empolga

Crédito da foto: Reprodução Governador Robinson Faria, com 85% de reprovação popular, tem dificuldade de projetar candidatura

BLOG DO CÉSAR SANTOS

Com a crise que afeta o Rio Grande do Norte, castigado pela insegurança, salários atrasados e os serviços públicos comprometidos, a sucessão estadual acabou saindo de pauta. Mais do que isso: não há qualquer garantia ou sinalização de formação de alianças, coligações e chapas, majoritárias ou proporcionais.

O ano eleitoral se inicia com total e completa indefinição. Os seus principais personagens estão mergulhados, seja por estratégia ou por necessidade de sair de cena, forçados não apenas pela crise aguda, mas também por consequência das operações como Lava Jato, Manus, Anteros, Dama de Espadas e Candeeiro, que alcançaram a fina flor da política potiguar.

O governador Robinson Faria (PSD), que por consequência natural seria o condutor do processo sucessório, encontra-se completamente nocauteado e praticamente alijado da disputa eleitoral. Ele sequer admite falar sobre o assunto, embora aos assessores mais próximos tenha confessado a obrigação de ser candidato em 2018, para manter o foro privilegiado, necessidade de quem responde a volumoso processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Robinson é consciente de que as chances de reeleição são praticamente zero. Ele amarga uma reprovação popular de 85%, segundo pesquisa Consult/Fiern, divulgada na primeira quinzena de dezembro. Um índice bastante elevado, difícil de ser revertido. Daí, o governador poderá optar por uma candidatura a deputado estadual, cargo que ele exerceu por mais de duas décadas. Nesse caso, Robinson colocaria no tabuleiro da sucessão estadual o vice-governador Fábio Dantas (PC do B), que assumiria o mandato de governador dentro do prazo de desincompatibilização de Robinson e seria candidato à reeleição. É o caminho mais natural, na observação de analistas políticos.

Noutra ponta, o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), ainda resiste a aceitar a missão de disputar o Governo do Estado no palanque da tradicional família Alves. Ele teria de abrir mão de dois anos à frente da maior Prefeitura do estado, além de enfrentar o desgaste natural do seu grupo político-familiar, marcado pela prisão do ex-deputado federal e ex-ministro Henrique Alves (MDB), envolvido em escândalos de corrupção alcançados pela força-tarefa da Lava Jato.

Carlos Eduardo sabe que carregará a imagem de Henrique, seu primo, se decidir ser candidato a governador. É consciente que o discurso da ética e moralidade na vida pública perderá força no seu palanque. Mesmo assim, Eduardo segue governadorável pela pressão de outro primo, o senador Garibaldi Filho (MDB), que precisa de um palanque para tentar renovar o mandato e de seu filho deputado federal Walter Alves (MDB).

 

NOME CERTO

A senadora Fátima Bezerra (PT) é a única certeza que se tem à sucessão estadual. A sua candidatura ao Governo do Estado foi definida por seu partido, inclusive, a parlamentar iniciou caminhada por todo o estado em setembro último.

Fátima vai à disputa porque não tem o que perder e, mesmo que não considere triunfar nas urnas, ela se beneficiará com “rescaldo eleitoral” para renovar o mandato de senadora nas eleições de 2022.

Além do projeto político-pessoal de Fátima Bezerra, a sua candidatura é necessária para oferecer no estado o palanque do PT nacional. Se a candidatura do ex-presidente Lula passar pelo crivo da Justiça Eleitoral, ele precisará de Fátima para trabalhar a candidatura presidencial no RN.

 

ALTERNATIVA

Correndo por fora, o desembargador Cláudio Santos ainda se coloca como o “novo” para disputar o Governo do Estado, no entanto seu nome ainda não vingou, apesar de ele já ter percorrido quase todas as regiões do estado.

Santos projeta ser candidato em grupo alternativo, que teria o segmento empresarial como suporte, a partir do movimento “RN Melhor”, conduzido pelo empresário e ex-candidato a prefeito de Mossoró Tião Couto (PSDB). No entanto, o grupo que ganhou vida no ninho tucano está disposto a apostar em outras alternativas, inclusive, somando-se a um pedaço da velha política liderado pelo presidente estadual do PR, ex-deputado João Maia.

O próprio Tião chegou a ventilar a possibilidade de ser candidato a governador, mas perdeu empolgação depois de ter recebido pesquisa de opinião pública, encomendada por seu grupo, que o colocou em posição bem modesta.

Com essas incertezas e o próprio desinteresse da população, a sucessão estadual não ganhou ritmo e entrará o ano eleitoral sem empolgar.

O povo do Rio Grande do Norte, neste momento, mantém todas as atenções para a crise que o estado enfrenta, esperando soluções. A corrida sucessória fica para outro momento.

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