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Postado às 07h33 | 07 Out 2018 | Redação Quem será o escolhido para a missão de tirar o RN do caos; veja os oito candidatos

Pesquisa Ibope divulgada neste sábado, 6, aponta para segundo turno entre os candidatos Fátima Bezerra, da coligação Do Lado Certo, e Carlos Eduardo, da coligação 100% RN. O governador Robinson Faria, que tenta reeleição, é apenas o terceiro colocado

Crédito da foto: Ilustração Eleitor potiguar vai escolher governador, senador, deputados estaduais e federais

Quinta-feira, 4 de outubro. Um corpo tombou no bairro Belo Horizonte, zona sul de Mossoró. Foi o assassinato de número 200 no ano na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. O número é assustador, porém reflete a realidade de um sistema de segurança falido diante da escalada da criminalidade.

Nos últimos três anos, o número de assassinatos bateu recorde no RN, tornou o estado um dos mais violentos do país. Natal, inclusive, aparece como a capital com maior índice de mortes violentas por cada grupo de 100 mil pessoas.

Além dos assassinatos, quase todos sem a identificação dos criminosos, o que expõe a fragilidade da polícia investigativa, os potiguares sentem-se totalmente desprotegidos com o crescimento de crimes de toda a ordem. Assaltos, arrastões, arrombamentos, explosão de agências bancárias, de carros-fortes, entre outros, são registrados diariamente na capital e em todas as regiões do interior do estado.

A segurança pública é, sem dúvida, um dos maiores desafios do futuro governador. Para revolver a tranquilidade à população, é preciso, segundo especialistas, não apenas investir em viaturas, armamentos e estrutura. É necessário a valorização das polícias Militar e Civil, principalmente com melhores salários e pagamento em dia. Mas, é preciso, principalmente, que o futuro governador tenha um planejamento de combate ao crime de recuperação da ordem pública.

 

EDUCAÇÃO

A política de segurança depende de outros índices de qualidade no serviço público e de melhorias em setores vitais, como o ensino público. É outro problema grave enfrentado pelos potiguares. O ensino estadual está estacionado nas últimas posições de índices nacionais.

Recentemente, em avaliação do Ideb, o Rio Grande do Norte apareceu entre os três últimos colocados. Os alunos, segundo o estudo, concluem o ensino fundamental e médio sem receber o devido aprendizado em português e matemática.

 

SAÚDE

O sistema de saúde pública estadual é outro desafio. Com quatro secretários de saúde em menos de quatro anos, o Rio Grande do Norte viu o sistema ser jogado na UTI. Hospitais sucateados, filas nos corredores, medicamentos em falta, poucos médicos para atender à demanda.

O Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, é o retrato do caos. Por lá falta tudo, menos pacientes nos corredores e na fila de espera. Por consequência, as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), que são de responsabilidade do Município, acabam superlotadas e comprometem a assistência da baixa complexidade.

 

FINANÇAS

Além dos graves problemas desses três setores vitais, o futuro governador terá, talvez, o maior desafio, que é justamente reequilibrar as contas públicas. O Estado do Rio Grande do Norte está praticamente quebrado, conforme admitiu o atual governador Robinson Faria (PSD).

Por consequência, o governo não se mostra com capacidade de sequer cumprir o compromisso de pagar em dia os salários dos servidores públicos. Desde janeiro de 2016 que o Governo paga com atraso e até hoje ainda não conseguiu quitar a folha do décimo terceiro salário de 2017.

O atual governo enfrentou greve de todas as categorias de servidores públicos. A mais longa foi a paralisação dos professores e técnicos administrativos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Em duas greves, quase 300 dias sem aula no campus central em Mossoró e nos campi avançados e unidades em todas as regiões do estado.

Outra paralisação que trouxe enorme prejuízo foi a dos policiais militares e civis. Com salários atrasados, os agentes de segurança decidiram ficar nas delegacias, evitando as ruas, no final de 2017. O RN virou campo de guerra. Em menos de cinco dias, foram mais de 800 atos criminosos, como arrastões, roubos, assaltos, explosões, além de quase 80 assassinatos no período.

Também em 2017, o RN viveu momento bem crítico com a rebelião na Penitenciária de Alcaçuz, que acabou com 26 detentos mortos, a maioria degolados.

Como tirar o Rio Grande do Norte do caos em que se encontra? Esse é o desafio que espera o futuro governador. Oito candidatos estão dispostos a enfrentar a luta, entre eles o atual governador Robinson. Ele decidiu pedir uma nova oportunidade ao eleitor, apesar de seu governo ter quase 80% de reprovação popular e ele ser rejeitado por mais de 50% dos eleitores, segundo pesquisa do Ibope.

Veja na página seguinte o perfil dos candidatos a governar o RN a partir de 1° de janeiro de 2019.

 

Mais de 2,3 milhões de potiguares vão decidir o futuro do RN

Três municípios do Rio Grande do Norte concentram 35,8% do total de eleitores do estado. Natal, Mossoró e Parnamirim têm, juntos, 850.312 eleitores. Em todo o estado, são 2.373.619 eleitores aptos a votar nas eleições de 2018. O pleito acontece no dia 7 de outubro.

A capital potiguar é a cidade com o maior número de eleitores: 557.109. Em seguida estão Mossoró, com 174.189, e Parnamirim, com 119.014.

Os 14 municípios da região metropolitana de Natal têm 986.677 eleitores, o que corresponde a 41% do total de eleitores do estado.

A cidade com o menor número de eleitores no RN é Viçosa, que tem 1.697 pessoas aptas a votar.

A maior parte do eleitorado potiguar é composta de mulheres. Segundo o TSE, são 1.257.039, o que equivale a 53% do total. No que diz respeito à faixa etária, as pessoas com idade entre 30 e 34 anos são maioria entre os eleitores do Rio Grande do Norte.

De acordo com o TSE, 25% dos eleitores do Rio Grande do Norte não concluíram o ensino fundamental. Além disso, 6,81% são analfabetos e 11,46% só sabem ler e escrever.

 

VEJA OS CANDIDATOS AO GOVERNO DO RN:

Breno Queiroga, do Solidariedade – 70

Disputa o Governo do RN pela primeira vez. O seu candidato a vice-governador é o delegado Sérgio Leocádio, do PSDC.

Brenno tem 37 anos e é engenheiro civil. Foi prefeito da cidade de Olho D'Água do Borges, na região Oeste potiguar, entre 2013 e 2016.

Como plataforma de governo, ele defende a retomada do desenvolvimento do Rio Grande do Norte, e durante a campanha levantou a bandeira municipalista.

O candidato do Solidariedade declarou bens no valor de R$ 975 mil e registrou que, além de engenheiro, é empresário.

Carlos Eduardo, do PDT – 12

É a segunda vez que ele disputa o cargo de governador do RN. A primeira foi em 2010, quando o eleitor escolheu Rosalba Ciarlini ao Governo do Estado. O seu candidato a vice-governador é Kadu Ciarlini, do Progressista.

Carlos Eduardo se elegeu deputado estadual pelo PMDB em 1986 e ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa por quatro legislaturas. Em 2000, ele foi eleito vice-prefeito de Natal na chapa encabeçada por Wilma de Faria e em 2002 assumiu a Prefeitura de Natal com a renúncia da titular para disputar e vencer o Governo do Estado.

Em 2004, foi reeleito prefeito. Em 2012, foi eleito prefeito novamente. E em 2016, reeleito com 63,42% dos votos válidos. Ele deixou a Prefeitura de Natal em abril deste ano para concorrer ao Governo do RN. Carlos Eduardo definiu o equilíbrio fiscal como uma das prioridades de governo.

Carlos Eduardo é advogado por formação e já ocupou a atividade de publicitário. Ele declarou bens no valor de R$ 3,522 milhões.

Dário Barbosa, do PSTU – 16

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) ergue a bandeira de via alternativa na política do Rio Grande do Norte com a candidatura de Dário Barbosa. Ele tem como candidata a vice-governador professora Socorro Ribeiro, também do PSTU.

Dário tem 65 anos e é professor das redes estadual e municipal de ensino. Iniciou sua militância política no movimento popular, nos anos de 1980, e depois no movimento sindical. Dário Barbosa já foi candidato pelo PSTU a prefeito de Natal e a governador do Estado.

É um militante histórico no Rio Grande do Norte, sobretudo por manter firmes seus princípios e sua defesa do socialismo.

Dário Barbosa declarou bens no valor de R$ 215 mil.

Fátima Bezerra, do PT – 13

A senadora da República, ainda no primeiro mandato, tenta fazer história nas eleições deste ano. Se eleita, pela primeira vez o PT assumirá o cargo de governador do RN. Ela tem como vice o servidor público Antenor Roberto, do PC do B.

Fátima é professora e pedagoga de formação.

Na política faz carreira sustentada pelos movimentos sindicais, com base no Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN (SINTE). Ela ocupa mandato eletivo desde as eleições de 1994, tendo sido deputada estadual (eleita em 1994 e 1998), deputada federal (eleita em 2002, 2006 e 2010) e senadora (eleita em 2014).

Fátima Bezerra declarou bens no valor de R$ 807,668 mil.

Júnior Freitas, Rede Sustentabilidade, 18.

É a primeira vez que ele tenta se eleger governador do Rio Grande do Norte. Seu candidato a vice-governador é Flávio Rebouças, também do Rede.

Freitas Júnior nasceu em Alexandria, na região do Alto Oeste potiguar, e é servidor público estadual. Ele foi candidato a prefeito de Natal nas eleições de 2016, sem sucesso.

Como servidor público, o candidato do Rede declarou um dos menores bens entre os candidatos a governador: apenas R$ 1.103,20.

Bispo Heró Bezerra, do PRTB – 28

Heronildes Bezerra da Silva é um velho conhecido do público mossoroense. Ele apareceu na década de 90 como líder estudantil, sendo presidente do Centro Estudantil Mossoroense (CEM). Na época, a carteira do estudante ganhou peso com a lei da meia-entrada em eventos culturais e sociais e ele acabou se envolvendo em notícia negativa.

Mesmo assim, seguiu para a política partidária. Foi candidato a vereador e prefeito de Mossoró. Depois, criou uma igreja evangélica e se definiu bispo. Neste ano, decidiu ser candidato a governador, tendo como candidato a vice-governador Antônio Bento, também do PRTB.

O bispo Heró, como gosta de ser chamado, não declarou bens.

Carlos Alberto, do Psol – 50

Essa é a primeira vez que ele disputa o Governo do RN. O Psol formou chapa “puro sangue”, tendo como candidata a vice-governadora a servidora pública Cida Dantas.

Carlos Alberto nasceu em São Paulo, tem 50 anos, é mestre em Administração de Recursos Humanos e doutor em Administração pela Universidade de São Paulo.

No RN, disputou duas eleições pelo PT: em 2012 foi candidato a vice-prefeito de Natal e em 2014 disputou uma vaga de deputado federal, sem sucesso. Ele escolheu a área de educação como prioridade e plano principal de governo.

O candidato do Psol declarou tem um patrimônio avaliado em R$ 4,9 milhões.

Robinson Faria, do PSD – 55

É o atual governador do Rio Grande do Norte. Ele tenta renovar o mandato por mais quatro anos, tendo como candidato a vice-governador o empresário Tião da Prest (PR).

Robinson Faria entrou para a política por iniciativa própria e foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1986.

Nos dois últimos mandatos como deputado (2003-2006/2007-2010), foi presidente da Assembleia Legislativa. Em 2010, Robinson foi eleito vice-governador na chapa de Rosalba Ciarlini (DEM). Em 2014, foi eleito governador no segundo turno com 54,42% dos votos válidos.

Robinson é o candidato a governador com maior patrimônio. Ele declarou à Justiça Eleitoral bens avaliados em R$ 10,5 milhões. O seu vice, Tião da Prest, também se destaca com bens avaliados em R$ 35,5 milhões, conforme declarado.

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