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Postado às 09h00 | 03 Fev 2020 | Estratégia de "fugir" dos servidores tem reação dura contra governadora

Crédito da foto: Arquivo/JORNAL DE FATO Em fevereiro de 2019, sem pressão, Fátima Bezerra leu a mensagem anual na ALRN

A governadora Fátima Bezerra (PT) decidiu não fazer a leitura da mensagem anual na Assembleia Legislativa, que estava marcada para esta segunda-feira (3). Foi a forma encontrada pelo núcleo político do governo para evitar o confronto com os servidores públicos, que estão revoltados com a proposta da reforma da Previdência estadual.

Além disso, o Governo do Estado determinou reforço policial para “proteger” a Assembleia Legislativa, que amanheceu o dia tomado de policiais militares e de uma “cerca” de isolamento para impedir a entrada de manifestantes.

A cena lembra janeiro de 2018, quando as entidades sindicais chegaram à Assembleia Legislativa para protestar contra a mensagem do então governador Robinson Faria (PSD), que aumentava de 11% para 14% a alíquota da previdência estadual. Naquele momento, como senadora de oposição, Fátima Bezerra foi solidário aos servidores que foram impedidos de ter ao Palácio José Augusto.

Hoje, as entidades sindicais criticam Fátima por repetir a atitude de Robinson contra o movimento dos servidores.

A estratégia da governadora revela um lado que Fátima Bezerra ainda não havia exposto: o de criminalizar o movimento sindical. No momento em que ela cancela o compromisso oficial na Assembleia Legislativa e autoriza a polícia a fazer barreira para impedir o livre trânsito dos servidores, coloca-se contra a história de sindicalista e defensores dos trabalhadores, e mostra que está decidida a enfrentar os ex-companheiros.

Além disso, a “fuga” da governadora deu discurso à oposição, que está batendo duro. O deputado Kelps Lima (Solidariedade) gravou vídeo afirmando que a governadora deu “um tiro nas costas dos servidores” (VEJA VÍDEO ABAIXO).

Kelps lembra que o PT sempre disse que a reforma da Previdência era um “demônio” e que agora propõe a mesma reforma aos servidores estaduais.

PERSEGUIÇÃO

O clima tornou-se ainda mais quente no início da manhã com declarações da presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Direta (SINSP-RN), Janeayre Souto, sobre a forma como o governo Fátima vem tratando os trabalhadores. E mais: em nome publicada nas redes sociais, a dirigente denuncia que está sofrendo ameaças, não revelando, porém, onde tem partido as ameaças. (VEJA NOTA ABAIXO)

Janeayre e o Sinsp-RN têm sido a voz mais forte da luta dos servidores, ocupando o espaço que antes era do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE-RN). Como o Sinte decidiu ser governo, ocupando cargos comissionados na máquina pública, coube ao Sinsp-RN segurar a bandeira de luta dos servidores.

A proposta de reforma da Previdência do Governo do Estado é mais “dura” do que a reforma da Previdência da União, aprovada no Congresso Nacional em 2019. O aumento da alíquota que vai até 18,5% e a taxação de aposentados e pensionistas que atualmente não atualmente são isentos, recebem forte resistência (VEJA AQUI OS PONTOS DA REFORMA).

Os servidores públicos estaduais iniciaram nesta segunda-feira a greve geral por 48 horas, em protesto à reforma da Previdência estadual. As categorias também protestam contra três meses de salários atrasados (novembro, dezembro e 13o de 2018).

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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