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Postado às 19h00 | 11 Abr 2021 | Redação Cineasta mossoroense junta cultura e religiosidade em documentário

Crédito da foto: Wigna Ribeiro Travesti Bia Beatriz, personagem do documentário Santa Luzia - Retratos de Fé

Por César Santos – JORNAL DE FATO

O documentário ‘’Santa Luzia, Retratos da Fé’’junta cultura e religiosidade em cenário real, retratando a devoção de personagens da geografia humana de Mossoró à padroeira da cidade, em histórias emocionantes.

O olhar sensível da jovem cineasta mossoroense Wigna Ribeiro reúne fragmentos captados em três edições da Festa de Santa Luzia, nos anos de 2018, 2019 e 2020. Montado como curta-metragem, o filme faz um paralelo sobre os mais variados perfis de devotos de Santa Luzia.

Bia Beatriz, travesti que se tornou personagem folclórica na cidade, tem um destaque especial. A sua história de devoção à santa padroeira comove.

O filme foi lançado no Sábado de Aleluia, data simbólica do calendário católico, e está disponível em plataforma eletrônica: youtube.com/wignaribeiro.

O projeto foi captado com recursos financeiros da Lei Aldir Blanc, por meio da Prefeitura de Mossoró, e finalizado com patrocínio também da Lei Aldir Blanc pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Fundação José Augusto.

 

FICHA TÉCNICA

Patrocínio: Prefeitura de Mossoró, Governo do Estado e Governo Federal

Realização: Ribeiro Produções

Direção/Fotografia/Montagem: Wigna Ribeiro

Produção Executiva/Imagens Aéreas: Samya Alves

Produção: Vitor Barros

LINKS: www.youtube.com/wignaribeiro

 

Quem é Wigna Ribeiro

Publicitária e realizadora audiovisual, de 28 anos, formada em Publicidade e Propaganda pela UERN, é o coração criativo da Buraco Filmes; dirige e produz todos os projetos realizados pela jovem produtora mossoroense. Profissional multifuncional na área do cinema há quase uma década, escreve, dirige, fotografa e edita, já tendo realizado filmes e projetos audiovisuais pioneiros dentro e fora da cidade de Mossoró.

BATE-PAPO COM WIGNA RIBEIRO

Retratos da Fé, sob a sua lente, o que significa?

Significa a fé em sua forma própria. Sem prisões e amarras, da forma que ela realmente deve ser em qualquer religião ou mesmo sem religião definida.

 

A ideia do documentário valoriza personagens comuns da geografia humana de Mossoró, com forte sentimento de religiosidade. Onde você conseguiu captar a simbiose cultura e fé?

Tudo casava ali naquele contexto. Foi a própria cultura que me levou ao ambiente. Todos os anos eu, que não sou católica, ia à festa de Santa Luzia por motivos culturais, por causa do Oratório de Santa Luzia. Como eu chegava durante a novena pra pegar um bom lugar pra fotografar, comecei a observar esses retratos que no fim, convergiam em sua fé.

 

Você já havia feito algum trabalho de forte apelo emocional como é, por exemplo, a história de vida de Bia Beatriz?

Não, realmente é o primeiro. Venho da produção de ficção, então sou estreante na arte de documentar. Ainda experimentando. Estou na verdade acostumada a criar histórias, agora tive a missão de documentar histórias reais. Foi uma experiência bastante nova, desafiadora, mas muito gratificante.

 

Você foi roteirista e dirigiu o “Mundo de Ana”, em 2014. O que mudou nesses mais de seis anos do longa-metragem que nos remete à resistência ao bando de Lampião em 1927, para o curta Retratos da Fé em 2021?

Amadurecimento pessoal e profissional são os principais pontos. Fora que uma obra é ficcional e a outra, documental. O bom mesmo é sentar e ter a oportunidade de assistir ambos e observar, de fato, as evoluções. Mas acredito que a essência é a mesma. No fundo você sabe que foi a mesma pessoa que esteve ali por trás. Acho que o meu trabalho de lá até hoje possui uma personalidade que é muito característica.

 

Por que ainda é tão difícil fazer cultura em Mossoró, ou ter apoio para produzir cultura?

Nunca tivemos uma gestão que de fato olhasse para a arte de forma ampla, como política pública cultural de verdade. Vivemos muitos anos a cultura de eventos na cidade. E hoje, não vejo ainda uma gestão onde a cultura de fato seja enxergada como prioridade, o que é uma pena.

 

Você tem novo projeto à vista?

Sim, filmo agora no fim de abril meu próximo curta de ficção, “Vindouro”. Muito inspirado em cineastas como Glauber Rocha; vai ser mais um grande desafio. Um retrato sobre o Nordeste. Saio um pouco do meu costume de tratar os universos de forma lúdica pra trabalhá-los de forma mais real, mesmo dentro da ficção. Vai ser difícil também pela dificuldade de filmar em tempos tão complicados, durante uma pandemia.

 

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