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Postado às 11h45 | 20 Jun 2022 | redação Atuação do Flamengo em derrota para o Atlético expõe futebol sem rumo

Crédito da foto: Divulgação Arão pelo Flamengo em jogo com o Atlético-MG

Por Diogo Dantas / O Globo

Ao demitir o técnico Paulo Sousa, com quem iniciou 2022, o Flamengo pensou ter resolvido o principal de seus problemas. Mas a atuação da equipe na derrota para o o atual campeão brasileiro, o Atlético-MG, neste domingo no Mineirão, reforçou os já claros sinais de um futebol sem rumo. Será necessário adaptar-se a um novo trabalho com Dorival Júnior, e os objetivos na temporada estarão sob obra do acaso. Como esperado, a troca de comando não surte efeito imediato em um elenco que deixa a desejar individual e coletivamente desde o começo do ano.

Com apenas 15 pontos, a dez do líder Palmeiras e a um da zona de rebaixamento no torneio por pontos corridos, o Flamengo inicia o mata-mata na Copa do Brasil na quarta-feira, contra o mesmo Atlético, e joga a primeira partida das oitavas de final da Libertadores em dez dias na Colômbia, contra o Tolima. Em três jogos sob nova direção, duas derrotas, uma vitória e a certeza de que o time não tem elenco nem desempenho para sonhar com conquistas diante dos principais adversários no Brasil e na América do Sul.

— Não podemos só lamentar. Temos que buscar solução, ter uma postura diferente — afirmou um impotente Dorival na coletiva após o jogo em que o Flamengo foi muito inferior e perdeu por 2 a 0.

O técnico prometeu sequência a Vitinho no lugar de Bruno Henrique, com grave lesão, e não teve retorno. O atacante foi mal pela ponta esquerda e se somou aos demais no principal problema coletivo: falta de intensidade. Ao optar por Andreas no meio, Dorival teve cinco jogadores em campo que não marcavam bem: o volante e os quatro homens de frente. Arrascaeta, Ribeiro e Gabigol viveram tarde para esquecer nesse sentido.

Sem essa mobilização, estourava tudo na defesa. João Gomes ainda atenuou o problema no começo do jogo, mas o Atlético apostou em jogadas pelas laterais, com inversões que pegavam a defesa rubro-negra aberta. No primeiro gol, os donos da casa iniciaram a jogada pela esquerda, onde o corredor foi mal coberto por Matheuzinho. O cruzamento acabou desviado por Keno, mas Diego Alves espalmou. No rebote, Nacho Fernandez chegou sozinho na pequena área, sem ser acompanhado por Ayrton Lucas ou Vitinho. Erro coletivo.

Se marcava mal, o Flamengo era bem neutralizado. A falta de intensidade também foi notável na tentativa de transição ao ataque. Andreas ainda conseguiu alguns arremates, mas o quarteto ofensivo não teve dinâmica para trocar passes e tabelar perto da área para finalizar. No segundo tempo, Dorival tirou Vitinho e Andreas. E botou Arão para melhorar a marcação. Marinho entrou pela direita no corredor, e Ribeiro foi centralizado. Não funcionou. Como a equipe precisava atacar, seguiam os buracos na defesa.

Coube ao Atlético se armar de forma ainda mais recuada para apostar nas bolas longas e contra-ataques. Keno fez Matheuzinho sofrer por um lado, Mariano maltratou Ayrton pelo outro. E apareceu em bola esticada para lançar Hulk, na área. O atacante escorou e serviu Ademir, que ampliou. Na jogada, apenas Arão dava combate. Rodrigo Caio e João Gomes haviam saído para o ataque e não fizeram a recomposição para evitar a jogada de pivô que Pablo e Ayrton observaram.

— Parece clichê, mas é início de um trabalho. Estamos tentando nos adaptar, mas a marcação do Atlético teve mérito. A gente deveria ter feito mais, vamos ver o que a gente fez errado ou o que a gente não fez — resumiu Arão no fim da partida

Antes do apito final, Dorival ainda lançou em campo Lázaro, Pedro e Diego Ribas. Uma tentativa desesperada de encontrar desempenho individual em um elenco que coletivamente não correspondeu ainda nesta temporada. O Flamengo deve anunciar hoje a sua principal contratação para o segundo semestre — Everton Cebolinha, que assina até 2027, mas só poderá jogar após a abertura da janela de transferências, na segunda quinzena de julho. Até lá, o novo treinador precisará encontrar uma saída de fazer o time dar uma resposta sem tempo para treinar, apenas trocando peças.

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