Por Letícia Marques — Rio de Janeiro
A Procuradoria da Justiça Desportiva Antidopagem ofereceu na quinta-feira (21 de dezembro) uma denúncia contra Gabigol por tentativa de fraudar um exame de controle de doping. O caso ocorreu no dia 8 de abril deste ano, no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo.
Com a denúncia, o atacante irá a julgamento - ainda sem data - no Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD) por infração ao artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem, que se refere a "fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle". O código prevê suspensão de até quatro anos em caso de condenação.
O atacante é acusado de dificultar a realização do exame desde a chegada dos oficiais responsáveis pela coleta ao Ninho do Urubu, às 8h40 de 8 de abril. À exceção de Gabigol, os jogadores do Flamengo fizeram o exame antes do treino das 10h.
Gabigol em aquecimento antes da final entre Flamengo e Fluminense no dia 9 de abril — Foto: André Durão/ge
Segundo os relatos nos quais a denúncia se baseou, o atacante prejudicou o trabalho dos oficiais de diversas maneiras. Além de fazê-los esperar, ele os teria desrespeitado e não seguido os procedimentos corretos. A análise específica do passaporte biológico determina que deve haver repouso de duas horas depois de atividade física, tempo que não foi cumprido por Gabigol (os outros atletas fizeram a coleta antes do treino).
De acordo com os responsáveis pelo exame, o jogador não se dirigiu a eles antes do treino, depois da atividade os ignorou e foi almoçar, tratou a equipe com desrespeito, não seguiu os procedimentos indicados, depois de 90 minutos pegou o vaso coletor sem avisar a ninguém, irritou-se ao ver que o oficial o acompanhou até o banheiro para a coleta e ao fim entregou o vaso aberto, contrariando orientação recebida.
A denúncia informa que Gabigol se irritou por estar sempre na lista de jogadores que realizam o exame. Feita a coleta no dia 8 de abril, ele avisou que aquele seria seu último controle. A confusão ocorreu na véspera do segundo jogo da final do Campeonato Carioca, no qual o Fluminense venceu o Flamengo por 4 a 1 e garantiu o título.
O processo conhecido como doping surpresa é realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e costuma ocorrer sem aviso prévio nos centros de treinamentos. Gabigol recebeu a primeira notificação sobre a tentativa de fraude no dia 30 de maio. Posteriormente, o vice geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, fez a primeira defesa do jogador.
Gabigol e Everton Ribeiro em treino do Flamengo — Foto: Marcelo Cortes / CRF
Um dos relatos da denúncia diz respeito à demora do atacante para a realização do exame e o não cumprimento das instruções. O Flamengo alega que o oficial de controle de dopagem é o responsável pelo acautelamento do material da coleta.
- Não houve qualquer erro de procedimento do atleta na entrega do frasco após a coleta do material (...) Acaso a entrega do frasco estivesse em desacordo com as normas técnicas e de segurança, caberia ao Oficial de Controle de Dosagem recusar e exigir uma nova coleta, o que não foi feito - diz parte da defesa de Gabigol.
A denúncia contra o atacante oferecida na quinta-feira é assinada por João Guilherme Guimarães Gonçalves, procurador da Justiça Desportiva Antidopagem. No texto, ele relata possíveis infrações cometidas pelo jogador.
- A própria tentativa de esconder a sua genitália no momento da coleta de urina configura uma tentativa de fraudar uma fase do exame.
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