Por Bruno Giufrida — ge
O pacato bairro onde fica o estádio La Huerta, casa do Libertad, em Assunção, é peculiar. De longe, só os refletores indicam que ali há um campo de futebol que recebe partidas de Conmebol Libertadores e da primeira divisão do campeonato local.
As ruas são repletas de casas sem muro e clima tranquilo, bem diferente do caos característico de outros estádios. Há, inclusive, uma linha férrea já desativada que ainda está ali, quase esquecida. E quis o destino que fosse justamente em La Huerta que o São Paulo entrasse de vez nos trilhos em 2025.
A vitória por 2 a 0 sobre o Libertad levou o Tricolor para a liderança do Grupo D da Conmebol Libertadores. Com gols de Lucas Ferreira e André Silva, o resultado significou mais do que isso para os torcedores que tomaram conta da maior parte do estádio adversário.
Os três pontos conquistados no Paraguai talvez tenham sido o suficiente para pôr um ponto final no clima de pressão que pairou sobre o Morumbis nas últimas semanas, com oscilação no Campeonato Brasileiro, empate com o Alianza Lima, do Peru, em casa pela Libertadores e dúvidas a respeito da continuidade do trabalho de Luis Zubeldía.
No Paraguai, o São Paulo viu, mais uma vez, seus garotos de Cotia brilharem. Lucas Ferreira, que entrou no intervalo, marcou o primeiro gol e participou do segundo, sempre jogando aberto pela direita, onde se vê mais confortável. Matheus Alves, que foi titular, movimentou-se e deu trabalho para a zaga do Libertad, mesmo sem ter participado dos gols.
Com a ajuda dos garotos, o São Paulo tem sido mais natural. Talvez nenhuma análise tática e racional seja suficiente para explicar a mudança dos ares no Tricolor, mas o time comandado por Zubeldía tem mostrado fluidez, entrosamento e muito mais do que vinha mostrando.
Nas últimas partidas, mesmo as que não foram vencidas, como contra o Atlético-MG, o Alianza Lima e o Botafogo, o São Paulo foi melhor do que os adversários, criou mais chances do que vinha criando na fase ruim e, mais do que isso, apresentou um futebol mais vistoso, como tanto pede o torcedor.
Fruto do trabalho de Luis Zubeldía? Também, sem dúvidas. Mas todos têm sua parcela de contribuição. A participação dos garotos recém-promovidos, a evolução de Marcos Antônio, a melhora do sistema defensivo, o novo esquema tático com duas linhas de quatro jogadores, a boa fase de Ferreira...
Fato é que o São Paulo, hoje, está nos trilhos. Deixa o Paraguai alinhado com sua torcida, que, nas arquibancadas de La Huerta, gritou o nome de Zubeldía e, enquanto a chuva caía, cantou:
"Aha! Uhu! O Paraguai é nosso!".
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