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Postado às 11h45 | 14 Mai 2023 | redação Mães: Fertilização in-vitro transforma sonho em realidade de mulheres no RN

Crédito da foto: UFRN / Agecom Casal Edicarla Oliveira e Rudson Fontes com o filho Arthur

Por João Pedrosa – UFRN

Uma das primeiras pacientes atendidas pelo Centro de Reprodução Assistida (CRA) da Maternidade Januário Cicco (MEJC-UFRN/Ebserh), ainda em 2013, foi a Katiussi Kelly Pontes, mãe da Lívia Beatriz, hoje com oito anos, que mora atualmente em Tijucas, Santa Catarina. Quando descobriu a dificuldade de engravidar pelas vias naturais, foi decidida a utilização da técnica de fertilização in-vitro. Finalmente, em 2014, Lívia nasceu, sem maiores complicações, gerando felicidade e gratidão aos pais. “A gravidez, que durou 39 semanas, foi bastante tranquila. A fertilização atendeu nossas expectativas, sem falar que na rede particular a técnica custaria em torno de R$ 10 mil”, relata Katiussi.

O CRA da MEJC, maternidade que faz parte da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) – estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que administra 41 hospitais universitários federais em todo o país –, oferta serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS), preenchendo uma lacuna na assistência aos casais que têm algum tipo de problema de fertilidade. Atualmente, realiza cerca de 4 mil consultas e 249 procedimentos por ano.

A infertilidade é categorizada pela incapacidade de se obter uma gestação após um ano de tentativas mantendo relações sexuais frequentes sem o uso de contraceptivos. Conforme a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), no Brasil, cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis. A OMS ainda revela que um em cada cinco casais apresenta algum tipo de problema. Os fatores podem ser tanto de origem feminina quanto masculina.

Segundo Mychelle Garcia, médica ginecologista e especialista em Reprodução Assistida da MEJC, existem muitos fatores clínicos que podem causar a infertilidade. Nas mulheres, variam desde as questões tubárias, decorrentes de processos inflamatórios ou endometriose; hormonais, que podem comprometer o processo ovulatório; ou mesmo a redução na reserva ovariana. Entre os fatores masculinos que podem comprometer a produção de espermatozoides, destacam-se a varicocele (varizes na região escrotal); infecções seminais; criptorquidia (testículos fora da bolsa testicular); e obstruções do canal deferente, além de disfunções hormonais.

Ainda de acordo com a especialista, a idade também pode ser determinante para a infertilidade para ambos os sexos, pois, com o passar dos anos, os óvulos e a produção de espermatozoides perdem qualidade, especialmente com a influência de fatores ambientais e de estilo de vida (tabagismo, álcool, obesidade e exposição a poluentes ambientais).

 

Felicidade e gratidão em família

Quem vê a felicidade estampada nos rostos de Edicarla Oliveira e Rudson Fontes não imagina a trajetória que eles atravessaram para alcançar o sonho de serem pais do Arthur, que hoje tem quatro anos. Depois de oito anos tentando engravidar de forma natural sem sucesso, Edicarla soube do Centro de Reprodução Assistida da MEJC por uma amiga. Procurou o serviço especializado e o casal realizou as consultas e exames necessários, sendo chamado para os encaminhamentos e o início do tratamento.

Quando foi constatado que Edicarla contava com cinco óvulos, tendo apenas quatro desenvolvidos, a equipe médica testou o procedimento com dois. Depois de uma semana, finalmente chegou a notícia, tão improvável quanto desejada: o sonho da gravidez havia se concretizado. “Quando cheguei na maternidade, todas as meninas me abraçaram felizes e eu me acabando de chorar. Foi nesse momento que a dra. Mychelle falou que ‘sim’, eu estava grávida”, relatou Edicarla.

O filho veio ao mundo de forma saudável em 19 de maio de 2018, uma data que mudou e marcou a vida do casal. Edicarla enaltece toda equipe multidisciplinar que a atendeu. “Muita felicidade e gratidão a Deus e a todos deste projeto: enfermeiras, médicas e embriologistas maravilhosos”, disse, revelando ainda o objetivo de ser mãe novamente em breve.

 

 Acesso universal, equânime e gratuito

Segundo a enfermeira Edualeide Bulhões, chefe da Unidade de Saúde da Mulher da MEJC, todos os casais atendidos pelo CRA da maternidade acessam o serviço via SUS e chegam referenciados pela rede de saúde por meio do sistema de Regulação da Secretaria de Saúde Municipal de Natal com o diagnóstico de infertilidade.

Após isso, os usuários passam pela consulta médica no ambulatório da MEJC, no qual são investigados todos os fatores relacionados à infertilidade e, após os exames e diagnóstico, é iniciado o tratamento mais adequado.

“O local oferece toda a assistência médica e multidisciplinar, composta por psicólogos, enfermeiros, nutricionistas e assistentes sociais, aos casais que entram no programa”, explicou.

A MEJC-UFRN/Ebserh oferece um diferencial no acompanhamento direto e contínuo dos casais que irão realizar a reprodução assistida, já que todo o procedimento/tratamento é feito na mesma Unidade Hospitalar, inclusive a administração das medicações

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