O IBGE divulgou novas projeções populacionais para o Brasil, com base nos dados do Censo Demográfico de 2022. As Projeções de População 2024 do IBGE, que incorporam os dados do Censo Demográfico 2022, fornecem uma análise abrangente da dinâmica populacional brasileira. Além de apresentar projeções para os próximos 50 anos, o estudo aprofunda a compreensão sobre a fecundidade, mortalidade e envelhecimento da população nas últimas décadas. Os resultados são apresentados de forma detalhada, com dados desagregados por idade, sexo e unidades da federação.
O estudo indica que a população brasileira deve parar de crescer em 2041, atingindo cerca de 220 milhões de habitantes. Essa desaceleração é resultado da queda da taxa de fecundidade, que passou de 2,32 filhos por mulher em 2000 para 1,57 em 2023 e deve continuar diminuindo até 1,44 em 2040. Em paralelo, a população brasileira está envelhecendo rapidamente, com a idade média subindo de 35,5 anos em 2023 para 48,4 anos em 2070.
Essas projeções são fundamentadas em dados robustos coletados pelo IBGE e outros órgãos, como os censos demográficos, estatísticas de registro civil e sistemas de informações sobre mortalidade e nascimentos. As informações fornecidas por essas projeções são cruciais para a formulação de políticas públicas em todos os níveis de governo, além de servirem como base para a atualização das pesquisas domiciliares realizadas pelo IBGE, como a PNAD Contínua e a Pesquisa Nacional de Saúde.
Em resumo, o Brasil está passando por um processo de transição demográfica, caracterizado pela queda da fecundidade e pelo envelhecimento da população. As projeções do IBGE fornecem um panorama detalhado dessa transformação, auxiliando na tomada de decisões e no planejamento para o futuro do país.
Fecundidade e Natalidade
A taxa de natalidade no Brasil está em queda constante desde meados do século XX. Em 2023, o número médio de filhos por mulher atingiu o menor patamar da história, com apenas 1,57. Essa redução é resultado de diversas mudanças sociais, como a urbanização, a maior participação feminina no mercado de trabalho e a expansão do acesso à educação e à contracepção.
As projeções indicam que essa tendência deve continuar até 2041, quando se espera que a taxa de fecundidade alcance o seu ponto mais baixo. No entanto, a partir de 2050, há uma previsão de leve crescimento nesse indicador, embora ainda permaneça abaixo dos níveis de reposição populacional.
Essa variação na taxa de fecundidade não é uniforme em todo o território nacional. As regiões Norte e Centro-Oeste apresentam os maiores índices de natalidade, enquanto o Nordeste, o Sul e o Sudeste registram os menores. Entre os estados, Roraima lidera o ranking, enquanto o Rio de Janeiro apresenta a menor taxa de fecundidade (Figura 1).
No Rio Grande do Norte, em 2023, estima-se uma taxa de natalidade (número de crianças nascidas vivas num determinado local durante um ano, em relação à população total) foi 11,5 nascimentos, aproximadamente metade do que se observava no ano 2000. Para 2070, esse indicador estará em 7,1 nascimentos. Sobre a taxa de fecundidade (número médio de filhos que uma mulher tem ao longo da sua vida reprodutiva), observou-se que o estado apresentou uma taxa de 1,5 filho (1,48), revelando queda quando comparada ao ano 2000. A idade média com que as mulheres tinham filhos, também aumentou entre 2000 e 2023, aproximadamente 3 anos. Em 2070 essa idade atingirá 31,3 anos. (Tabela 1).
Tabela 1 – Taxas brutas de natalidade e fecundidade – Rio Grande do Norte
Ano |
Natalidade |
Fecundidade |
Idade média que tinha filhos |
2000 |
21,8 |
2,48 |
25,0 |
2023 |
11,5 |
1,48 |
28,1 |
2070 |
7,1 |
1,48 |
31,3 |
Fonte: IBGE, DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. |
Com essa taxa de fecundidade, o RN ocupa a 24ª posição no país e a 8ª no Nordeste, neste caso, superado apenas pela Bahia. (Tabela 2).
Tabela 2 – Taxa de fecundidade por Unidade da Federação – 2023
Posição |
Nível |
Taxa de Fecundidade Total* |
1 |
RR |
2,3 |
2 |
MT |
2,0 |
3 |
AM |
2,0 |
4 |
AP |
1,9 |
5 |
AC |
1,9 |
6 |
TO |
1,9 |
7 |
MS |
1,8 |
8 |
AL |
1,8 |
9 |
PA |
1,7 |
10 |
RO |
1,7 |
11 |
ES |
1,7 |
12 |
MA |
1,7 |
13 |
GO |
1,6 |
14 |
PB |
1,6 |
15 |
PI |
1,6 |
16 |
PR |
1,6 |
17 |
SC |
1,6 |
18 |
SE |
1,6 |
19 |
PE |
1,6 |
20 |
CE |
1,5 |
21 |
RS |
1,5 |
22 |
SP |
1,5 |
23 |
MG |
1,5 |
24 |
RN |
1,5 |
25 |
DF |
1,5 |
26 |
BA |
1,5 |
27 |
RJ |
1,4 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS *arredondada |
Nascimentos
No Brasil, o declínio da fecundidade brasileira causou uma redução constante no número de bebês nascidos a cada ano. Os dados das Projeções de População revelam uma queda acentuada, de 3.572.865 nascimentos em 2000 para uma estimativa de 1.488.161 em 2070.
A demógrafa, Izabel Marri, do IBGE destaca: “as regiões que apresentaram maior redução do número de nascimentos ao longo da última década foram o Norte e, principalmente, o Nordeste”. De 2000 a 2023, o número de nascimentos no Nordeste recuou de 1,1 milhão para 705,6 mil. No mesmo período, no Norte, esse indicador recuou de 377 mil para 285 mil.
No Rio Grande do Norte, em 2070, o número de nascimentos será aproximadamente 1/3 dos nascimentos ocorridos no ano 2000. Esse fenômeno já é observado em 2023, pois os 39.666 nascimentos já representam aproximadamente 64% dos nascimentos ocorridos naquele ano (61.939). (Tabela 3)
Tabela 3 – Número de nascimentos, por ano e sexo – Rio Grande do Norte
Ano |
Nascimentos |
||
Total |
Homens |
Mulheres |
|
2000 |
61.939 |
31.725 |
30.214 |
2023 |
39.666 |
20.317 |
19.349 |
2070 |
21.983 |
11.260 |
10.723 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
Crescimento populacional
Devido à redução da taxa de fecundidade, a população brasileira crescerá em ritmo cada vez mais lento até 2041, quando chegará ao seu máximo de 220 milhões de habitantes. A partir desse ano, a população começará a diminuir, atingindo 199 milhões em 2070.
De acordo com as projeções, a população do Rio Grande do Sul e de Alagoas começará a diminuir a partir de 2027, sendo os primeiros estados brasileiros a experimentar essa tendência. O Rio de Janeiro seguirá essa trajetória em 2028. No outro extremo, Mato Grosso só deve iniciar esse processo após 2070. Santa Catarina e Roraima entrarão nessa fase em 2064. O Rio Grande do Norte atingirá em 2039 a população atingirá o máximo de 3.516.133 pessoas em 2039, um incremento de 70.062 em relação a 2024. A partir de 2040, com a população potiguar em declínio, o estado contará com 3.075.174 de habitantes em 2070. (Figura 2).
Mortalidade infantil
A redução da taxa de mortalidade infantil é um dos destaques das projeções demográficas brasileiras. Em pouco mais de 20 anos, esse indicador passou de 28,1 óbitos por mil nascidos vivos para 12,5, evidenciando avanços significativos na saúde infantil no país. Para o estado potiguar, em 2000 a taxa mortalidade infantil foi de 40,8 óbitos por 1.000 nascidos vivos, em 2023 atingiu 11,0 e projeta-se para 2070 um valor de 5,6. (Tabela 4)
Tabela 4 – Mortalidade Infantil – Rio Grande do Norte
Ano |
Mortalidade infantil |
||
Total |
Homens |
Mulheres |
|
2000 |
40,8 |
44,6 |
36,8 |
2023 |
11,0 |
12,5 |
9,5 |
2070 |
5,6 |
6,1 |
5,2 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
A Tabela 5 destaca a Taxa de Mortalidade infantil por Unidade da Federação em 2023. Em todos os contextos, a taxa de mortalidade é maior em homens do que em mulheres. O Rio Grande do Norte ocupa a 5ª posição no Brasil e a 1ª no Nordeste nesse indicador. (Tabela 5). Segundo Izabel Marri, “Trata-se de uma redução importante desse indicador, que reflete as condições de saúde do grupo etário mais vulnerável da população”.
Tabela 5 – Mortalidade infantil por Unidade da Federação – 2023.
Posição |
Taxa de Mortalidade Infantil |
|||
Nível |
Total |
Homens |
Mulheres |
|
1 |
SC |
8,8 |
9,7 |
7,8 |
2 |
RS |
9,6 |
10,0 |
9,1 |
3 |
PR |
10,7 |
11,7 |
9,5 |
4 |
DF |
10,7 |
11,3 |
10,2 |
5 |
RN |
11,0 |
12,5 |
9,5 |
6 |
MG |
11,1 |
12,1 |
10,2 |
7 |
SP |
11,2 |
12,1 |
10,3 |
8 |
ES |
11,4 |
12,3 |
10,4 |
9 |
CE |
11,6 |
12,4 |
10,7 |
10 |
GO |
12,2 |
13,0 |
11,4 |
11 |
RO |
12,3 |
13,1 |
11,5 |
12 |
TO |
12,7 |
14,6 |
10,6 |
13 |
PE |
12,9 |
13,7 |
12,1 |
14 |
RJ |
13,2 |
14,4 |
11,8 |
15 |
PB |
13,2 |
14,2 |
12,3 |
16 |
MS |
13,7 |
15,2 |
12,1 |
17 |
MT |
13,7 |
14,9 |
12,5 |
18 |
AL |
13,9 |
14,2 |
13,5 |
19 |
BA |
14,5 |
15,4 |
13,6 |
20 |
PI |
14,8 |
15,7 |
13,9 |
21 |
PA |
14,9 |
16,4 |
13,2 |
22 |
MA |
14,9 |
15,9 |
13,9 |
23 |
AM |
16,9 |
18,8 |
14,9 |
24 |
AC |
17,4 |
18,1 |
16,7 |
25 |
SE |
18,6 |
19,7 |
17,4 |
26 |
AP |
20,0 |
23,2 |
16,7 |
27 |
RR |
22,3 |
25,5 |
18,9 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
Esperança de vida ao nascer
Segundo os resultados, os brasileiros estão vivendo mais. A expectativa de vida ao nascer passou de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023 e as mulheres brasileiras continuam vivendo mais do que os homens. Em 2023, a expectativa de vida ao nascer era de 79,7 anos para as mulheres e 73,1 anos para os homens. No RN, em 2000, a Esperança de vida ao nascer foi de 70,8 anos, em 2023 de 77,7 anos e em 2070, estima-se será de 84,1 anos. Em todos os anos, há sobrevida feminina, em 2023 as mulheres apresentam Esperança de Vida ao Nascer de 81,1 anos e os homens de 74,2 anos. (Tabela 6)
Tabela 6 – Esperança de vida ao nascer, por ano e sexo – Rio Grande do Norte – 2023
Ano |
Esperança de vida ao nascer |
||
Total |
Homens |
Mulheres |
|
2000 |
70,8 |
67,5 |
74,2 |
2023 |
77,7 |
74,2 |
81,1 |
2070 |
84,1 |
81,9 |
86,3 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
Para esse indicador, o Rio Grande do Norte apresenta a 5ª maior Esperança de vida ao nascer na comparação nacional, enquanto fica em 1º lugar na Região Nordeste com 77,1 anos. Similar as outras Unidades da Federação, as mulheres apresentam maior esperança de vida ao nascer e no estado a sobrevida é de 6,9 anos a mais a favor delas. (Tabela 7).
Tabela 7 – Esperança de vida ao nascer por Unidade da Federação – 2023
Posição |
Nível |
Esperança de vida ao nascer |
||
Total |
Homens |
Mulheres |
||
1 |
SC |
79,6 |
76,2 |
82,7 |
2 |
RS |
78,1 |
75,2 |
80,9 |
3 |
PR |
77,7 |
74,2 |
81,1 |
4 |
DF |
77,3 |
74,3 |
80,4 |
5 |
RN |
77,1 |
73,3 |
80,8 |
6 |
MG |
77,0 |
73,4 |
80,6 |
7 |
SP |
77,0 |
73,8 |
80,1 |
8 |
ES |
76,8 |
73,6 |
79,8 |
9 |
CE |
76,8 |
73,0 |
80,6 |
10 |
GO |
76,6 |
73,3 |
80,0 |
11 |
RO |
76,6 |
73,1 |
80,1 |
12 |
TO |
76,6 |
73,5 |
79,8 |
13 |
PE |
76,5 |
73,2 |
80,2 |
14 |
RJ |
76,1 |
72,1 |
80,1 |
15 |
PB |
76,0 |
73,1 |
79,2 |
16 |
MS |
75,8 |
72,7 |
79,2 |
17 |
MT |
75,6 |
73,2 |
78,2 |
18 |
AL |
75,6 |
71,6 |
79,6 |
19 |
BA |
75,5 |
72,1 |
79,3 |
20 |
PI |
75,4 |
72,1 |
78,4 |
21 |
PA |
75,4 |
72,3 |
78,6 |
22 |
MA |
75,3 |
71,5 |
79,0 |
23 |
AM |
75,2 |
72,0 |
78,8 |
24 |
AC |
75,1 |
72,1 |
78,3 |
25 |
SE |
74,1 |
70,8 |
77,4 |
26 |
AP |
74,1 |
71,5 |
76,9 |
27 |
RR |
73,8 |
69,4 |
78,6 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
População de idosas e idosos
As Projeções de População do IBGE evidenciam um expressivo aumento na proporção de idosos na população brasileira. Entre 2000 e 2023, houve um crescimento de quase 70% nesse grupo etário. As projeções indicam que, em 2070, os idosos representarão mais de um terço da população total, configurando um cenário demográfico com características inéditas. Nestes 13 anos, no RN, a proporção de idosos aumentou de 9,4% para 15,0% e alcançará 39,9% em 2070. Com o aumento dos idosos na população, a idade média alcançará 49,5 anos em 2070, já tendo chegado a 35,3 anos em 2023, que representou um incremento de 7,4 anos nestes últimos 23 anos. (Tabela 8)
Tabela 8 – Proporção de idosos, por ano e sexo e idade média da população – Rio Grande do Norte
Ano |
Proporção de idosos |
Idade média |
||
Total |
Homens |
Mulheres |
||
2000 |
9,4% |
4,3% |
5,0% |
27,9 |
2023 |
15,0% |
6,6% |
8,4% |
35,3 |
2070 |
39,9% |
18,2% |
21,7% |
49,5 |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
Em 2023, o Rio Grande do Norte ocupou, nacionalmente, a 11ª posição na proporção de idosos na população, com 15,0%. Com esse valor, no Nordeste, o estado encontra-se na 4ª posição, imediatamente após Piauí, Bahia e Paraíba, nesta ordem. (Tabela 9).
Tabela 9 – Proporção de idosos por Unidade da Federação – 2023
Posição |
Nível |
Proporção de idosos |
||
Total |
Homens |
Mulheres |
||
1 |
RS |
20,0% |
8,8% |
11,3% |
2 |
MG |
17,7% |
8,0% |
9,7% |
3 |
RJ |
18,4% |
7,6% |
10,7% |
4 |
PR |
16,5% |
7,4% |
9,1% |
5 |
ES |
16,0% |
7,2% |
8,8% |
6 |
SP |
16,7% |
7,2% |
9,5% |
7 |
SC |
15,6% |
7,0% |
8,6% |
8 |
PI |
15,0% |
6,8% |
8,3% |
9 |
BA |
15,1% |
6,7% |
8,3% |
10 |
PB |
15,3% |
6,6% |
8,7% |
11 |
RN |
15,0% |
6,6% |
8,4% |
12 |
MS |
14,0% |
6,4% |
7,5% |
13 |
CE |
14,5% |
6,4% |
8,1% |
14 |
GO |
13,8% |
6,3% |
7,5% |
15 |
TO |
12,5% |
6,2% |
6,2% |
16 |
PE |
14,5% |
6,1% |
8,4% |
17 |
RO |
12,0% |
6,0% |
6,0% |
18 |
MT |
11,9% |
5,8% |
6,0% |
19 |
SE |
13,3% |
5,8% |
7,5% |
20 |
AL |
13,1% |
5,8% |
7,3% |
21 |
MA |
12,1% |
5,6% |
6,5% |
22 |
DF |
12,9% |
5,4% |
7,5% |
23 |
PA |
10,7% |
5,1% |
5,6% |
24 |
AC |
9,2% |
4,5% |
4,8% |
25 |
AM |
8,9% |
4,2% |
4,7% |
26 |
RR |
8,0% |
4,0% |
4,0% |
27 |
AP |
8,2% |
3,9% |
4,3% |
Fonte: IBGE, DPE, COPIS |
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