Jornal de Fato
Entre dezembro e janeiro houve um aumento preocupante de notificações de casos de arboviroses no Rio Grande do Norte, com alerta para a dengue. Só para a dengue, segundo dados da Secretaria de Saúde Pública (SESAP-RN), são 432 casos prováveis nas duas primeiras semanas de janeiro.
O avanço da ação do Aedes aegypti, mosquito transmissor, segue a tendência registrada no país. Nos primeiros 15 dias deste ano, o país registrou quatro mortes e quase 50 mil casos prováveis. Em 2024, o Brasil fechou o ano com cerca de 6,6 milhões casos de dengue e mais de 6 mil mortes (veja matéria abaixo).
O grande número de notificações neste início de ano colocou o Rio Grande do Norte em estado de alerta para o risco de uma epidemia de arboviroses. Daí, a decisão de a Sesap antecipar a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (CES) para dengue e outras arboviroses. O aumento de casos em 2024 em relação a 2023 foi de 180%, segundo Diana Rêgo, coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap.
O RN é o primeiro estado do Brasil a abrir o centro para dengue neste ano, segundo o Ministério da Saúde. A intenção da Sesap é desenvolver o trabalho de forma integrada entre secretarias do governo estadual e municípios. É uma forma de somar esforços para evitar casos graves e óbitos.
Segundo dados da Sesap, o RN registrou ano passado dois óbitos por dengue e três por chikungunya. Com base nesse cenário e o aumento de notificações na primeira quinzena de janeiro, o plano de contingência para as arboviroses leva em conta que o RN se encontra em nível de alerta, com possibilidade de entrar em situação de epidemia caso registre um aumento expressivo de casos ou confirme algum caso de óbito.
“Quando fizemos a avaliação do cenário epidemiológico, informei às secretarias e à governadora que tínhamos três motivos suficientes para instalação desse centro. O primeiro motivo é a comparação dos números de casos de 2024 para 2023, com um aumento de mais de 180% de incidências de casos de dengue. O segundo motivo é que comparando o RN com outros estados do Nordeste somos o terceiro com maior incidência de casos”, explica Diana Rêgo, coordenadora de Vigilância em Saúde.
Diana Rêgo cita outro fator que amplia a preocupação no Estado, que é a circulação do sorotipo 3 no Brasil, que desde 2008 não circulava de forma predominante. No país, são endêmicos sorotipos 1 e 2, e uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, uma pessoa passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.
“O estado do RN não tem a presença desse sorotipo Denv-3 da dengue. No ano passado só tivemos a identificação do 1 e do 2. Então se viemos a ter a circulação desse sorotipo Denv-3 podemos vir a ter um número de pessoas com um desenvolvimento da forma grave da doença”, acrescenta Diana.
Sesap coloca 30 municípios em estado de alerta
A Secretaria de Saúde do RN lista 30 municípios potiguares em estado de alerta e que terão ações programadas específicas para as arboviroses. As ações incluem capacitações de gestores e corpo técnico, visitas a domicílio, busca ativa, entre outras ações.
Os municípios foram incluídos levando em considerações fatores como incidência, casos graves, óbitos e fluxo turístico.
“Quando falamos em dengue, zika ou chikungunya, precisamos entender que a principal arma que temos é o combate ao foco dos mosquitos. Sabemos que mais de 70% dos focos são peridomiciliares, estão dentro ou ao redor das nossas casas”, observa Diana Rêgo. “Precisamos entender que combater e buscar esse foco é nossa principal estratégia, em ter a educação, a prevenção, levar esse tema para dentro das escolas, grupos de apoio dos municípios, por isso temos o apoio da assistência social”, afirma.
A secretária de Saúde do RN, Lyane Ramalho, destaca que no período epidêmico de 2024, a Sesap montou uma estratégia que foi bem-sucedida, com apenas dois óbitos apesar do alto número de casos. “Agora queremos repetir, de forma ainda mais antecipada, visto que o COE de 2024 foi aberto apenas em março”, disse durante a reunião de instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde.
Brasil registrou mais 6 mil mortes por dengue em 2024
O Brasil registra quatro mortes e quase 50 mil casos prováveis de dengue nos primeiros 15 dias deste ano. Duas pessoas morreram em Minas Gerais, uma no Amapá e outra em São Paulo. Quarenta e sete óbitos estão em investigação.
Mas em comparação a 2024 houve redução. No mesmo período do ano passado foram quase 113 mil casos prováveis e 102 mortes. Para reduzir casos e evitar mortes, o Ministério da Saúde reforçou o controle da dengue e outras arboviroses. Ainda lançou um plano de contingência e instalou o Centro de Operações de Emergência.
Nesta semana, técnicos do Ministério da Saúde visitaram São Paulo, Paraná, Acre e Espírito Santo. O estado paulista já lidera o número de ocorrências no país. São quase 26 mil casos prováveis e 133 situações graves.
Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é de aumento da incidência de dengue em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. Em 2024, o Brasil registrou cerca de 6,6 milhões casos de dengue com mais de 6 mil mortes.
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