Quinta-Feira, 23 de janeiro de 2025

Postado às 09h00 | 08 Jun 2021 | Redação 'Fungo Negro': além do RN, mais quatro estados também têm casos confirmados

Mucormicose é uma infecção não transmissível causada por diversos tipos de fungos da ordem Mucorales. A doença possui difícil diagnóstico. Sintomas como congestão nasal, sangramento, inchaço nos olhos, visão turva podem servir de alerta à população

Crédito da foto: Ilustração Teste da covid-19

Fabiano Souza - Repórter do JORNAL DE FATO

O Rio Grande do Norte tem confirmado o primeiro caso de infecção por mucormicose, conhecida popularmente como “fungo negro”, em um paciente que teve a Covid-19. A informação foi divulgada, nesta segunda (7), pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).

Segundo informações repassadas pela equipe da Sesap, a paciente trata-se de uma mulher, de 42 anos, residente em Natal, que fez uma biópsia que confirmou a ocorrência do fungo. Ela encontra-se em tratamento, internada em um hospital da capital do RN.

“A equipe de vigilância da Sesap está acompanhando o quadro, avaliando os exames, o histórico de movimentações da paciente e sua situação clínica atual”, informou a Sesap em nota.

Um surto de mucormicose entre pacientes de Covid-19 na Índia registrado nas primeiras semanas de maio chamou a atenção do mundo. Causada por fungos da ordem Mucorales, a doença pode acometer os pulmões e mutilar os seios da face.

Nos últimos dias, o número de casos de mucormicose tem aumentado no Brasil e atingido pacientes com histórico de Covid-19, como já foi confirmado inicialmente na Índia e agora em alguns estados do Brasil. Tendo como exemplo o que acontece na Índia, a infecção, o fungo negro, tem começado a causar espanto nas pessoas e nos próprios profissionais de saúde.

Apesar de grave, em 50% dos casos, letal, a doença não é transmissível, afirmou o médico clínico-geral Lucas Bifano que atuou na linha de frente do combate à Covid-19, em entrevista a um portal que trata exclusivamente de saúde. Ela ocorre, na maioria dos casos, pela inalação dos esporos liberados pelo fungo e, na minoria dos casos, por meio de alguma laceração na pele.

A relação dela com a Covid-19 preocupa e ainda é investigada. Os especialistas dizem que ainda é muito cedo para afirmar que há uma ligação entre as doenças. Isso porque pacientes com a imunidade comprometida e internados em UTI estão mais sujeitos a infecções fúngicas de qualquer que seja o tipo. “Trata-se exatamente do perfil de paciente grave da Covid-19”, explica.

Além do RN, São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Amazonas também têm casos confirmados ou suspeitos da doença. Em Campo Grande, no Mato Grosso, um paciente com suspeita de infecção por fungo negro faleceu no início de junho.


Surto teve início na Índia no mês de maio em paciente que se recuperava de covid-19

No início de maio, médicos na Índia começaram a relatar um aumento na mucormicose - uma infecção rara e potencialmente mortal gerada por um fungo chamado mucor, que é causado em superfícies úmidas, disse na época VK Paul, chefe da força-tarefa contra a Covid-19 na Índia.

Ainda segundo ele, a doença atinge muitos dos infectados com o novo coronavírus ou aqueles que se recuperaram recentemente da Covid-19, cujo sistema imunológico foi enfraquecido pelo vírus ou que apresentam comorbidades - principalmente diabetes.

Alguns médicos e especialistas dizem que as infecções podem estar relacionadas aos umidificadores usados para fornecer oxigênio aos pacientes com Covid-19.

A mucormicose é uma infecção não transmissível causada por diversos tipos de fungos da ordem Mucorales. A doença é também chamada de "fungo negro" e possui difícil diagnóstico. Em contato com pele e mucosas, geralmente produz lesões necróticas no nariz e palato (céu da boca). Esses sinais em geral são seguidos de secreção purulenta nasal, febre e sinais inflamatórios na região dos olhos (dor, inchaço e vermelhidão). Também pode evoluir para sintomas do sistema nervoso central e para sintomas pulmonares. No caso de infecção pulmonar, produz tosse com secreção, febre alta e falta de ar. Em pacientes com imunidade comprometida, a infecção pode se disseminar mais facilmente.

 

Sintomas como congestão nasal, sangramento, inchaço nos olhos, visão turva podem servir de alerta

Pacientes que sofrem de infecção por fungos geralmente apresentam sintomas de congestão nasal e sangramento. Também inchaço e dor nos olhos, pálpebras caídas, visão turva e, no pior dos cenários, perda de um olho. Pode haver manchas pretas na pele ao redor do nariz.

Os médicos dizem que a maioria de seus pacientes chega tarde demais para ser tratada, quando já estão perdendo a visão. Os médicos precisam remover cirurgicamente o olho afetado para evitar que a infecção chegue ao cérebro.

Em alguns casos, os pacientes perdem a visão de ambos os olhos. E, em casos raros, os médicos precisam remover cirurgicamente o osso da mandíbula para evitar que a doença se espalhe.

A doença pode ser tratada com uma injeção intravenosa antifúngica que deve ser administrada todos os dias por até oito semanas. É o único medicamento eficaz contra a doença.

O tratamento é feito por meio de medicamentos antifúngicos controlados e remoção cirúrgica dos tecidos necrosados. É um tratamento complexo e de alto custo.
Vale salientar que a mucormicose não é contagiosa entre pessoas ou animais. O fungo só se desenvolve em pacientes com as condições certas no corpo, como diabetes ou imunossupressão causada por outras doenças.

No entanto, como ele se espalha por esporos de fungos presentes no ar ou no ambiente, é quase impossível evitá-lo.

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