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Postado às 09h30 | 17 Out 2022 | redação Triplo La Niña pode provocar mais chuvas em Mossoró, diz especialista

Crédito da foto: Ramon Ribeiro Tempo de chvuva pode ser antecipado

Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO

Neste ano, alguns estados da região Nordeste tiveram uma surpresa em relação à antecipação do período chuvoso, que foi iniciado em dezembro e seguiu por vários meses deste ano. Um dos estados que vivenciou essa situação foi o Rio Grande do Norte, que vem registrando chuvas isoladas até este mês.

Embora outubro seja considerado um dos meses mais secos do ano, em muitas cidades do Estado foram registradas chuvas consideráveis desde o início do mês. Em Mossoró, as chuvas registradas foram consideradas intensas para o período e ocorrem tanto na área urbana quanto nas comunidades rurais do município.

A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com o professor de Ciências Naturais e Exatas, Alciomar Lopes, que falou sobre as justificativas que levaram à ocorrência dessas precipitações em Mossoró e em outros municípios da região Oeste do Estado. O professor informou que a meteorologia aponta para a ocorrência de um triplo La Niña, já que esta é a terceira vez que o fenômeno ocorre na região.

“Existe uma justificativa para esse acontecimento que é considerado atípico, já que estamos na primavera, período que é o mais quente do ano. Nós que trabalhamos com meteorologia estamos acompanhando diariamente as mudanças na atmosfera. No momento, estamos passando pelo terceiro episódio de La Niña do ano, ou seja, um triplo La Niña, que começou no ano passado e tem perspectiva de seguir até novembro”, informou o professor.

Alciomar Lopes explicou que, se as chuvas continuarem ocorrendo até novembro, como é apontado pela meteorologia, as precipitações serão o efeito do La Niña. Ele informou ainda que é muito raro ocorrer três vezes no ano o mesmo episódio. “Esse é o primeiro episódio de La Niña triplo que acontece nesse século. É um fato muito rato de acontecer na atmosfera”, enfatiza.

O professor explica que, apesar das projeções, a atmosfera muda com frequência e que as previsões para as precipitações podem mudar consideravelmente. As informações colhidas na última sexta-feira, 14, apontam que existe a possibilidade de chuvas até a próxima semana, tanto em Mossoró quanto em outras cidades da região Oeste do Estado.

“Os satélites mostram nuvens carregadas, as nuvens de cúmulos limpos, que são as que proporcionam as precipitações, acumuladas na nossa região. Essas precipitações podem ocorrer, principalmente, na parte da tarde para a noite, até a próxima semana, de forma leve e isolada. É importante lembrar que as chuvas dependem da direção e da velocidade dos ventos”, disse o professor de Ciências Naturais e Exatas.

O professor explica que, com o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, está sendo formado um corredor de massa de ar, que está descendo da região Amazônica para o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil, provocando o aumento da chuva da região. “Na madrugada para amanhecer o dia, os ventos estão soprando do sudeste para o leste pelo litoral do Nordeste, por isso está ocorrendo as chuvas em algumas capitais”, relata.

“Como o vento está sendo de leste, vindo do sudeste, está trazendo as nuvens de cúmulos nimbos (nuvens de cristais) e à tarde, devido à temperatura da nossa região, podem ocorrer as precipitações. Elas ocorreram não só na zona urbana como em parte da zona rural de Mossoró. As últimas chuvas foram registradas no Hipólito, no assentamento Lorena e em outras regiões que estão no sentido da direção dos ventos de leste”, complementa.

Alciomar Lopes informou ainda que, embora a meteorologia já apontasse as chuvas, ele ficou surpreso com a intensidade que elas ocorreram neste mês de outubro. “Estou surpreso porque outubro é um mês que acontece uma chuva simples, que é conhecida como chuva do caju. Mas neste ano está sendo diferente. Já ocorreram três chuvas e a última foi considerada a mais forte e atingiu a zona urbana e rural de Mossoró”, aponta.

A “chuva do caju” é a primeira chuva que ocorre após um período de seca. Normalmente, essas precipitações ocorrem a partir do mês de setembro. Na região Oeste do Estado, ela foi explicada em virtude das altas temperaturas que foram registradas nas últimas semanas.

 

Perspectiva é de que período chuvoso seja antecipado

De acordo com o que aponta a meteorologia, existe a possibilidade de que o homem do campo consiga iniciar o período de plantio e de colheita mais cedo, em 2023. A informação foi repassada pelo professor de Ciências Naturais e Exatas, atuante na Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Mossoró, Alciomar Lopes.

Em conversa com a reportagem, o professor informou que já está conversando com as equipes do Programa Semear, realizado pela Secretaria, para que sejam organizados os cadastros dos agricultores, uma vez que existe uma grande perspectiva de que o período chuvoso seja antecipado.

“Existe uma perspectiva muito boa de um período chuvoso antecipado, como aconteceu no último ano. O período iniciou em dezembro e teve um volume pluviométrico muito bom. Já conversei com a equipe do Programa Semear para começar a organizar o cadastro, porque se confirmar as estimativas nós podemos ter um período de chuvas antecipado”, pontuou.

O Programa Semear incentiva o pequeno agricultor familiar por meio do fornecimento gratuito de óleo diesel para o corte de terra na zona rural de Mossoró. Cada um recebe uma quantidade definida pela Secretaria. Ele existe há mais de 20 anos e ajuda ao produtor rural das comunidades mossoroenses a produzirem os frutos da terra necessários à subsistência e ao crescimento da renda familiar.

O Programa Semear está amparado pela Lei nº 3.301, de 21 de agosto de 2015. E tem por finalidade atender a grupos de agricultores familiares com caráter contínuo, executado no primeiro semestre de cada ano, observando o período chuvoso da região. Tem direito ao programa o agricultor que tenha área menor que quatro módulos rurais; que utilize predominantemente mão de obra familiar; e que tenha renda familiar originada da atividade econômica vinculada ao próprio estabelecimento.

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