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Postado às 09h00 | 18 Set 2023 | redação Professor destaca reconhecimento de pesquisa em concorrer a prêmio mundial de dessalinização

Crédito da foto: Reprodução Pesquisadores e moradores da comunidade de Serra Mossoró beneficiados pela pesquisa da Ufersa.

Por Edinaldo Moreno/Da Redação do Jornal de Fato

O professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Nildo Dias, participará da cerimônia de premiação na Arábia Saudita, entre os dias 1º e 3 de outubro. A pesquisa, que beneficia diretamente três comunidades rurais do Rio Grande do Norte com tecnologias que promovem o uso adequado dos rejeitos gerados pelo processo de dessalinização, é finalista do Prémio Global para Inovação na Dessalinização da Água (GPID, na sigla em inglês).

O estudo foi iniciado em 2009 e beneficia os moradores de Boa Fé, na cidade de Campo Grande; do Assentamento Santa Elza e de Serra Mossoró, ambos localizados em Mossoró. O idealizador e coordenador do projeto destaca a satisfação em ter uma pesquisa reconhecida mundialmente. Ele frisa que representa um esforço, muitas vezes individual do pesquisador líder e do seu time, em um país no qual a ciência tem pouco valor e não é uma política pública prioritária.

“No Brasil, é muito difícil fazer pesquisa e formar pesquisadores, especialmente quando se busca desenvolver pesquisa e tecnologias com o propósito de transformar uma realidade social, pois muitas vezes, as instituições de fomento ou as empresas valorizam outros tipos de ciências e, o que realmente interessa para a maioria das instituições são as publicações em revistas de alto impacto, desprezando, por exemplo, as tecnologias sociais”, argumentou.

O professor salienta que no semiárido não há disponibilidade de água superficial para suprir as comunidades rurais difusas de capacidade produtiva e para o consumo. “Então, a solução está na água subterrânea com a perfuração de poços, mas esta água, geralmente, é muito salobra e acima do limite permissível de potabilidade”, iniciou.

“Então, o dessalinizador por meios da osmose reversa, retira os sais da água, tornando-a potável, e garante a segurança hídrica das comunidades. O programa água doce já beneficiou cerca de 3 milhões de pessoas no Nordeste com a construção de dessalinizadores”, completou o idealizador da pesquisa.

PRÊMIO

O Global Prize Innovation in Desalination (GPID), ou Prémio Global para Inovação na Dessalinização da Água, reconhece e recompensa os melhores pesquisadores do mundo que contribuem significativamente com a tecnologia de dessalinização da água salobra. A premiação valoriza iniciativas que inspiram outras pessoas a buscarem soluções sustentáveis para o uso da água e para a promoção da segurança hídrica.

Durante a cerimônia de premiação que será realizada no início de outubro, a pesquisa mais bem colocada receberá o valor US$ 100.000, enquanto as pesquisas vencedoras das demais categorias receberão uma Medalha de Impacto e um prêmio de US$ 50.000 cada uma. Além disso, os vencedores do GPID e da Medalha de Impacto terão acesso a um programa de treinamento de 12 meses a ser realizado no Reino da Arábia Saudita.

“Independentemente do resultado final, já é muito gratificante poder participar da cerimônia de premiação, pois representa a recompensa de um esforço e dedicação pela pesquisa e a inovação tecnológica”, afirma Nildo Dias.

 

Pesquisa gera trabalhos de conclusão de curso e artigos científicos

O professor Nildo Dias adiantou que a pesquisa gerou vários trabalhos de conclusão de cursos, 20 artigos científicos resultantes de defesas de teses de doutorado e dissertações de mestrado sob a sua orientação.

Os resultados de maior impacto desse trabalho são observados nas comunidades atendidas, que passam a contar com uma cadeia sustentável de aproveitamento do rejeito da dessalinização. Já do ponto de vista acadêmico, ao longo de 14 anos, foram produzidas quatro dissertações de mestrado, quatro teses de doutorado e seis Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), além de artigos e relatórios.

O trabalho que vem sendo executado nas cidades de Campo Grande e Mossoró segue uma linha de pesquisa desenvolvida pelo professor Nildo Dias no programa de pós-graduação em Fitotecnia da Ufersa. À medida que foi sendo desenvolvida, a pesquisa contou com financiamento da ONG IAB Brasil, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Banco do Nordeste.

A tecnologia criada ao longo da pesquisa permite o aproveitamento de todo o rejeito gerado no processo de dessalinização. Além da água potável que chega aos moradores, as comunidades se beneficiam com a criação de peixes, com o cultivo de plantas e hortaliças e com a alimentação de animais.

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