Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO
Ao longo dos anos, os meses passaram a ganhar uma cor e, com isso, chamar a atenção da sociedade para questões sociais, especialmente as que estão relacionadas à saúde. Neste mês de setembro, são realizadas várias campanhas, entre elas a de prevenção ao suicídio, incentivo à doação de órgãos e de promoção da conscientização sobre a inclusão de pessoas com deficiência.
É diante desta necessidade de abordar uma questão social tão importante, que o Setembro Verde surge com o objetivo de conscientizar sobre a Luta da Pessoa com Deficiência. No último dia 21 de setembro foi comemorado o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, data que chama a atenção para o tema e para as ações que são realizadas durante todo o mês.
A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com Teresa Cristina, líder regional da Associação Brasileira da Síndrome de Rett (Abre-te) e mãe de uma assistida pela APAE Mossoró. Ela falou sobre a importância do Setembro Verde e também sobre os desafios que são enfrentados todos os dias por famílias com pessoas com deficiência.
Em relação à campanha, Teresa Cristina falou que ela é necessária, mas seria ainda mais importante que ações como estas ocorressem durante todo o ano. “Essas ações deveriam ser realizadas o ano inteiro, porque elas são necessárias o ano todo. Mesmo assim, o Setembro Verde é importante porque oportuniza o desenvolvimento de diversas atividades dedicadas não apenas à reflexão e conscientização das pessoas, mas também têm o objetivo de chamar a atenção da população sobre a importância de promover e oportunizar a inclusão social e acessibilidade das pessoas com deficiência”, comentou.
Ela explicou ainda que é de suma importância tornar cada cidadão um agente de mudança e transformação para que seja possível viver em uma sociedade mais justa e igual para todos. “A campanha traz a reflexão para que possamos nos conscientizar para que os ambientes sejam transformados, para que a pessoa com deficiência possa conviver bem em todos os lugares aonde ela estiver, e que elas não apenas se adaptem a determinados ambientes, aumentando cada vez mais as suas limitações”, complementou.
Em relação aos desafios que são enfrentados, Teresa Cristina informou que eles são inúmeros e diários. Informou ainda que eles ocorrem em todas as áreas, seja educação, saúde ou lazer. “Os desafios são inúmeros e nós temos, a cada dia, enfrentado coisas diferentes, em todas as áreas. A convivência na sociedade, o preconceito e o capacitismo estão muito presentes em todos os lugares que nós vamos. Sentimos essa resistência a uma acessibilidade, a uma abertura para conviver e respeitar as diferenças”, informou.
Teresa Cristina comentou também sobre a falta de preparo das escolas para receber o aluno com deficiência. “Temos um déficit de recursos didáticos e também humanos para que a criança seja incluída na escola. Muitas vezes, essa criança com deficiência está matriculada, mas não está incluída no ambiente escolar. Nós temos exemplos disso no nosso dia a dia”, ressaltou.
Ela informou que, diante de todas as dificuldades diárias, reafirma que é de suma importância que as atividades alusivas ao Setembro Verde sejam contínuas, que ocorram por todo o ano, para conscientizar as pessoas. “Falta conscientização nas escolas, nos espaços públicos, no uso inadequado das vagas, no atendimento preferencial, em todas as áreas”, enfatizou.
Teresa Cristina falou ainda sobre a realidade vivenciada em Mossoró e com os problemas que se arrastam há anos no município, em relação à falta de acessibilidade e de inclusão. “Comparada com a realidade de 15 ou 20 anos atrás, muitas coisas foram conquistadas. Mas, ainda estamos muito aquém de sermos uma cidade acessível e adequada para que as pessoas com deficiência vivam uma vida digna, de qualidade e totalmente inclusiva. Não temos nem perspectiva disso, já que temos questões que se arrastam há anos, como é o caso dos problemas arquitetônicos de prédios e espaços públicos de Mossoró”, disse.
Audiência pública debateu ações para inclusão de pessoas com deficiência
Na última sexta-feira, 22, a Câmara Municipal de Mossoró (CMM) promoveu uma audiência pública com o intuito de discutir políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência. A iniciativa foi liderada pelo vereador Tony Fernandes (SD) e faz parte das atividades da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência.
A audiência contou com a participação ativa de diversos segmentos da sociedade, incluindo pessoas com deficiência, representantes de entidades, membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Ministério Público, vereadores e o deputado federal Sargento Gonçalves (PL).
Durante o evento, Tony Fernandes destacou a importância de transformar discussões em ações concretas, afirmando que já foram analisados mais de 20 projetos relacionados às pessoas com deficiência neste ano, que estão em tramitação na Câmara Municipal, ou que já foram aprovados. Os participantes enfatizaram a necessidade de apoio às pessoas com deficiência nas escolas. O vereador Pablo Aires (PSB) chamou a atenção para a dificuldade em adoção de crianças com deficiência que estão em acolhimento institucional e que enfrentam a falta de assistência nas escolas e serviços públicos; enquanto a vereadora Marleide Cunha (PT) pediu a realização de concursos públicos para contratar profissionais que auxiliem os estudantes com deficiência nas escolas municipais.
O Ministério Público, representado pelo promotor Guglielmo Marconi, assegurou que a instituição está atenta às questões relacionadas aos deficientes, e a OAB, representada por Max Delys Silva, colocou-se à disposição da causa.
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