Domingo, 24 de novembro de 2024

Postado às 09h15 | 26 Fev 2024 | redação Fugitivos de Mossoró construíram buraco para escapar de drones que identificam calor humano

Fotos exclusivas registradas na manhã de sábado (24) mostram a casa onde, segundo a polícia, os fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró ficaram, na zona rural de Baraúna, durante sete dias. Os criminosos pagaram R$ 5 mil para ficar no local

Crédito da foto: Reprodução / Fantástico Buraco onde os criminosos se escondiam

Po Fantástico / Globo

Fotos exclusivas registradas na manhã de sábado (24) mostram a casa onde, segundo a polícia, os fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró ficaram, na zona rural de Baraúna, durante sete dias.

Segundo a polícia, os criminosos pagaram R$ 5 mil pra ficar no local.

Próximo da casa, os peritos encontraram um buraco, uma espécie de banker, que serviria para se esconder dos drones que detectam o calor humano. Além das redes para dormir, os agentes encontraram ainda embalagens de comida, um facão e uma lona.

No momento, as buscas pelos fugitivos se concentram no entorno da cidade de Baraúna, a 22 quilômetros do Presídio Federal de Mossoró. São centenas de homens das forças de segurança que se revezam dia e noite em busca de alguma pista dos foragidos.

Convivência com facções criminosas dentro da prisão

 

O Fantástico teve acesso exclusivo a um depoimento que aconteceu em 2022, no Acre, durante o julgamento em que Rogério Mendonça, um dos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, foi condenado a 32 anos de prisão por mandar matar um adolescente de 16 anos, mesmo estando dentro da cadeia.

Durante o depoimento, ele confirma que convivia com as facções criminosas. O comparsa de Rogério na fuga da Penitenciária Federal de Mossoró, Deibson Nascimento, também fala em outro vídeo exclusivo, no qual confirma ao juiz seu tempo de pena: 81 anos.

Policial: Tem alguma coisa pra falar em sua defesa?
Deibson: Não, senhor.

 

Em julho de 2023, Deibson respondia por mais um processo da sua longa ficha criminal. Agentes encontraram drogas com ele, dentro do presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco.

O depoimento aconteceu uma semana antes da rebelião que deixou cinco mortos - três decapitados.

A participação de Deibson e Rogério na rebelião levou à transferência dos dois para a penitenciária Federal de Mossoró. Em outro depoimento, do dia 23 de novembro de 2021, Deibson preferiu não responder quando perguntado se era integrante de facção criminosa.

Juiz: O senhor integra ou integrou o Comando Vermelho. esse fato é verdadeiro?
Deibson: Isso aí eu vou ficar no direito de permanecer calado.

 

Perigosos e procurados por centenas de policiais

Na semana passada, a equipe do Fantástico entrou na penitenciária de segurança máxima de Mossoró e mostrou como os detentos Rogério Mendonça e Deibson Nascimento conseguiram fugir.

Segundo as autoridades, os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró são integrantes do Comando Vermelho. Mesma facção do traficante Fernandinho Beira-Mar, que também cumpre pena em Mossoró.

Nesta semana, a equipe do Fantástico acompanhou o cerco aos fugitivos. Além de procurar pelos fugitivos a polícia também tenta identificar carros usados na fuga. Até agora, um carro foi apreendido.

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Norte conta que as lavouras podem estar mantendo os fugitivos alimentados. Ele conta que a chuva dificultou as buscas.

“Isso talvez ajude a permanência deles no cenário atual. O grande número de frutas, porque é uma região grande produtora de frutas, fornece alimentação para eles o tempo todo. Como choveu torrencialmente aqui na semana passada, muitas das trilhas e dos rastros que estavam sendo monitorados pelas equipes de busca, foram perdidos pela chuva. Então, dificultava o trabalho dos cães farejadores e dificultava o trabalho das equipes também de campo”, explica Péricles Santos.

O Parque Nacional da Furna Feia é outro desafio. São 207 cavernas, algumas com mais de 800 metros de comprimento, espalhadas por 85 quilômetros quadrados. Locais de difícil acesso, onde eles podem se esconder.

Francisco Barbosa da Silva, agricultor, que lá vive há mais de 10 anos, não tinha ideia que estava ao lado dos foragidos.

"Aí, eu disse: 'homem, mas não como. Esses homens não estão mais aqui nessa região. Esses homens tão é longe já'. Mas deixe, olha, do lado aqui de casa. Tá vendo?", disse, surpreso.

No Rio Grande do Norte, até agora, quatro pessoas foram presas suspeitas de ajudar na fuga do lado de fora da penitenciária. Entre os presos está o irmão de Deibson. A Polícia Federal e o Ministério da Justiça não quiseram gravar entrevista.

 

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